DDica Técnica
Batida de Meio Ciclo | Comunicação Subaquática |Uso da Segunda Fivela | Regra dos Terços
Swivel de 2º estágio | Carta Náutica | Swivel de 1º estágio | Descompressão Fora do Cabo |
Equilíbrio Hidrostático
| Níveis de Penetração em Naufrágio | Nó - Pescador Duplo |
 
 
Batida de Meio Ciclo
Ao longo dos anos, acumula-se no interior de um naufrágio grande quantidade de partículas muito pequenas que chamamos de sedimento; esta "poeira", por assim dizer, pode reduzir a visibilidade da água de dezenas de metros a zero em poucos minutos. Além do sedimento do fundo, agitado pelas nadadeiras, ainda ocorre a queda de partículas do teto e paredes, devido à perturbação causada pelas bolhas. Bater, ou quebrar estruturas no interior do navio, também pode provocar a formação de uma nuvem de ferrugem ou carbono, que acabará com a visibilidade. A maior quantidade de sedimento está depositado no fundo, e estas partículas é que devemos evitar perturbar, sob pena de não mais enxergarmos nada. O principal procedimento para isso é alterar o padrão de natação, para a chamada batida de meio-ciclo. Em perfeito equilíbrio hidrostático, preferencialmente com o corpo posicionado na horizontal, flexiona-se os joelhos até formar um ângulo entre a perna e a coxa de aproximadamente 90º.
A partir desta posição movimenta-se as pernas no máximo até uma posição de 45º. Ao contrário da natação convencional, o movimento não será realizado pelas coxas, que devem permanecer alinhadas com o resto do corpo, mas pelas pernas com a flexão do joelho (figura). Esta batida de pernas com ciclo curto é chamada de meio-ciclo e manterá as nadadeiras longe do fundo e do sedimento, enquanto prosseguimos lentamente.
A natação será vagarosa, o que também é recomendável durante penetrações. Nada adiantará uma boa natação de meio-ciclo se seus equipamentos como consoles, lanternas etc, estiverem arrastando no fundo, Por isso lembre-se de utilizar durante penetrações, presilhas próprias para mantê-los junto ao corpo. Nem todo o sedimento deposita-se rápido, assim, esteja preparado para falta de visão. Caso a visibilidade caia a zero, mantenha-se calmo, equilibrado e imóvel por poucos minutos, de modo que o sedimento perturbado torne a se precipitar, restaurando a visibilidade; notando que isto não acontece inicie o retorno através do cabo-guia.
 
 

Comunicação Subaquática
Poder comunicar-se com o parceiro, além de tornar o mergulho mais seguro, pode fazer com que a exploração de um naufrágio seja mais proveitosa, já que ele pode indicar passagens perigosas, problemas em potencial ou peças e partes dos destroços que não foram vistas. Sinais manuais Se considerássemos todos os sinais manuais propostos por mergulhadores teríamos uma lista sem fim. Para um bom mergulhador de naufrágio. Não é viável criar sinais manuais para todas os procedimentos e peças de um navio, porém um conjunto delas já dará suporte ao mergulhador de naufrágio para suas primeiras incursões. Execute sinais de forma clara e enfática. Sempre responda a um sinal recebido; use o sinal de OK para o entendimento e outros sinais como resposta. Um sinal manual não respondido pode indicar que ele não foi percebido ou compreendido por um mergulhador distraído. Antes de mergulhar com um novo dupla certifique-se que ele conhece a sinalização específica para naufrágios. Além dos sinais convencionais, três grupos de sinais são importantes. O primeiro grupo de sinais indicam as peças e partes do navio.

Figura 1
Estes sinais permitem identificar as peças do naufrágio, que muitas vezes estão disfarçadas pelo fundo marinho ou em posições diferentes das habituais. Desta forma não só a segurança será valorizada, mas também será mais fácil e proveitoso o mergulho, pois a orientação nos destroços geralmente é feita baseada na posição dessas peças (figura 1).
O segundo grupo de sinais serve para coordenar a utilização da carretilha, peça fundamental na penetração. Pela complexidade do ambiente no interior de um naufrágio é fundamental dar ciência ao parceiro do procedimento que ele deverá executar com a carretilha ou que você esta prestes a por em prática (figura 2).

Figura 2
Por fim, uma série de sinais devem ser utilizadas durante a penetração como forma de manter a equipe integrada ou indicar possíveis problemas durante o mergulho com um ou outro mergulhador da dupla (figura 3).

Figura 3
 

Uso da Segunda Fivela
A utilização de uma fivela de abertura rápida, visa aumentar a segurança do mergulhador, que em uma emergência pode rapidamente livrar-se de seu lastro e ganhar flutuabilidade para retornar a superfície. No entanto, em algumas situações, a perda do cinto pode ser o fator desencadeante de um acidente. Vamos analisar algumas situações onde não é solução retirar o cinto de lastro. Sempre que o mergulhador possui um teto sobre sua cabeça, como no mergulho em grutas e naufrágios inteiros, a flutuabilidade repentina poderá causar um choque contra o teto, com possível ferimento. Quando se passa submerso próximo de uma lage ou costão, onde ondas estão quebrando, chegar á superfície pode significar ser jogado contra as pedras.
Um mergulhador que entra em descompressão passa a ter sobre si um teto virtual, já que, retornar a superfície, poderia resultar em um acidente desconpressivo; assim sendo, em qualquer uma dessa situações a retirada do cinto não seria solução mas o início de um problema. Para todas as situações citadas acima, além de casos onde o mergulhador terá de arrastar a barriga no fundo, como é comun em alguns naufrágios, recomendamos a utilização de uma segunda fivela no cinto de lastro.
O equipamento será posicionado em torno de oito centímetros a esquerda da fivela principal, de modo que ambas possam abrir normalmente.Podem ser utilizadas fivelas de formatos diferentes, para favorecer o reconhecimento pelo tato. Defronte de qualquer uma das situações apresentadas, o mergulhador deve fechar a segunda fivela, prevenindo-se de uma abertura acidental. Quando retornar a águas abertas, a segunda fivela deve ser reaberta, restituindo a condição de mergulho inicial. É importante lembrar que em muitos casos de acidentes de mergulho com afogamento em águas abertas, os acidentados esquecem até de soltar o cinto, por isso, é fundamental que a segunda fivela só esteja fechada nas condições pré-estabelecidas, evitando-se um procedimento não treinado em um mergulho convencional.
 

Regra dos Terços
Quando um mergulhador resolve executar penetrações em naufrágios, ele está se sujeitando a condições de mergulho em gruta. Uma vez que não haverá superfície livre sobre ele, mas sim o teto do naufrágio, ele não mais poderá contar com uma subida livre, no caso de alguma emergência. Além desta obstrução, o interior de um naufrágio é labiríntico, escuro e pode ter a visibilidade reduzida a zero, caso o fino sedimento depositado seja perturbado por um mergulhador desequilibrado - lembre-se que o equilíbrio hidrostático é técnica fundamental em qualquer mergulho, que dirá em mergulhos técnicos como o naufrágio. Com todos os fatores complicadores do mergulho em naufrágio, não poderíamos empregar o procedimento padrão de utilizar metade do ar para iniciar o mergulho; reservando a outra metade para o retorno a embarcação. Imagine-se chegando com metade de seu ar gasto na parte mais interna de um naufrágio; e já pronto para retornar, seu parceiro sinaliza que está sem ar, por um defeito no equipamento. Como a dupla retornaria em segurança, utilizando apenas metade do ar de um cilindro, se foram necessários duas metades para chegar a este ponto dos destroços. Para evitar situações como esta, é necessário que seja garantida uma certa sobra de ar para o retorno do mergulhador ao exterior dos destroços. Com vistas a prevenir um esgotamento do suprimento de ar no interior do naufrágio, é utilizada pelos mergulhadores de gruta e naufrágio a regra dos terços.
Na regra dos terços, é preconizado que só seja utilizado um terço do ar disponível para a penetração, reservando-se os dois terços restantes para a saída, assim é garantido tempo para solucionar problemas ocasionais como perda de visibilidade, enganchamento ou defeitos do equipamento. Analisando o acidente descrito acima, percebemos que se tivesse sido utilizado a regra dos terços, o mergulhador chegaria ao ponto de retorno no interior do naufrágio, com dois terços do ar disponível; caso seu parceiro apresentasse problemas, ele teria um terço do ar para retornar - volume que foi gasto na entrada - e um terço para fornecer a seu parceiro em dificuldades; com isso, estaria garantindo o retorno seguro a água abertas. Não pense na regra dos terços como um desperdício de ar, pois ela é sua garantia de disponibilidade de ar em águas limitadas por um teto. Em penetrações muito complexas, com baixa visibilidade, alta profundidade, pontos de estreitamento etc, é comum que esta regra seja expandida para um quarto, um quinto ou ainda menos proporção do ar para a penetração, quanto maior o risco mais conservativo deve ser o mergulho. O ar remanescente, após a saída do interior do naufrágio, sempre poderá ser gasto com a exploração externa dos destroços, atividade das mais prazeirosas.
Um bom mergulhador de naufrágio é:
Competente - sabe o que faz.
Experiente - sabe como faz.
Prudente - sabe quando faz.
Que a superfície esteja sempre pronta a ouvir o que o naufrágio tem para contar!
 


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