Hoje muito pouco resta do Thetis no fundo do Saco dos Ingleses. Dois canhões de ferro podem ser vistos no canto sul da enseada entre 28 e 30 metros, além de grandes aglomerados fundidos de correntes, balas de canhões e outros pequenos objetos de ferro. Entre os grandes blocos de rocha encontramos muitos objetos pequenos como moedas, botões de casaca, balas de mosquete entre outros.
Muitas vezes, a história parece fantasiosa demais para representar os fatos reais. É muito difícil pensar que em 1830 o Comandante Dickinson tenha sido capaz de organizar e levar a cabo tamanha operação de salvamento. Principalmente considerando o complexo esquema de cabos, paus-de-carga, sinos e rampas que estão representados nos esquemas originais. Além disso, o mar no local é bastante agressivo, tanto pela agitação como pela baixa temperatura.

Equipe da expedição Thetis
 
Em busca desta fantástica história viajamos, no final de junho, para Arraial do Cabo. Não para fazer mais um belo mergulho em naufrágios, muito freqüentes na região, mas para junto com o Paulinho da Diving Arraial checar as informações de que muitas das argolas fixadas pelos ingleses ainda estavam presas aos costões da Ilha de Cabo Frio.
Após uma caminhada de subida leve no meio de muitos cactos pela Ilha de Cabo Frio, chegamos ao alto da enseada dos ingleses. A vista é fenomenal, porém o vento é forte, o mesmo vento que por muitas vezes prejudicou os trabalhos de resgate. Após alguns minutos de procura pelos penhascos localizamos algumas das argolas presas ao costão.
Elas estão colocadas bem nas extremidades do penhascos. Restava agora alcança-las para fazermos as fotos. Utilizando técnicas de alpinismo e rapel, antigas ferramentas da época de membro do GREC (Grupo de Resgate e Exploração de Cavernas), conseguimos alcançar as argolas e verificar que algumas estão em ótimo estado de conservação, porém outras apresentam-se muito desgastadas. Talvéz reflexo do período de trabalho na operação de salvamento.
 

Rapel na rampa da Thetis

José Luiz pendurado no penhasco para alcançar uma das argolas

Argola no penhasco
 
As argolas possuem cerca de 15 centímetros de altura com mais de 5 centímetros de espessura, estando ainda fortemente fixadas as rochas.
Depois de localizar as argolas descemos a rampa por onde tantos tesouros foram erguinos na espectativa de que algum tipo de maquinário, paus-de-carga ou outro apetrecho ainda estivesse esquecido por lá. Porém nenhum resquício foi localizado na rampa, que hoje já está muito descaracterizada devido ao crescimento de árvores diferentes do local.

O fato pitoresco da expedição foi que durante todo o tempo de nossa permanência na Ilha, ao longo de nossas caminhadas fomos seguidos de perto por uma mula, que exigia atenção e carinho, quem sabe não reencarne as originais mulas que tanto esforço devem ter feito para subir as pesadas carroças pela inclinada rampa da Thetis.

A expedição foi suficiente para perceber como deve ter sido duro trabalhar naqueles dias. Além das precárias condições sanitárias, encontramos na Ilha de Cabo Frio um ambiente hostil, com vento, chuva e pouca água. Sem a tecnologia e materiais presentes nos dias de hoje os trabalhos de resgate da Thetis devem ter sido uma operação hercúlea.

 

 

 

Agradecimentos:
Mr. Dive - Paulinho
R. Dom Pedro I - Nº 50, loja 1
Arraial do Cabo RJ.
Telefone: (22) 2622-4169 / 2622-1164