"Terminou assim a campanha submarina. Prenhe de sacrifício e coragem, honrosa e
sem mácula, foi a conduta das guarnições durante a batalha. De, aproximadamente, 38 000 homens que compunham a arma submarina, 30 000 foram perdidos. Em compensação, seus êxitos foram sem par. De acordo com dados inimigos, foram afundados mais de 2 000 navios, ou sejam, pelo menos 14 milhões de toneladas..."

Almirante Karl Doenitz



O U-507, o algoz da Marinha Mercante brasileira


Por: Por Elísio Gomes Filho
 
 

Introdução
As palavras do Almirante Karl Doenitz que foram escritas em louvor aos atos perpetrados por seus obstinados subordinados na guerra de corso submarina, obviamente não correspondem com a realidade e nem poderia ser de outra maneira, já que a guerra submarina tende a se deteriorar rapidamente, porque uma de suas funções, é a de matar não somente marinheiros e destruir navios, mas a vontade moral de um país de continuar a luta. Embora o Atlântico Sul tenha sido um teatro secundário para as operações submarinas do Eixo e assim pouco interesse desperta entre os pesquisadores internacionais, mas não sabem eles que as ações dos submarinos nos deixaram marcas profundas e indeléveis. Por exemplo: os torpedeamentos dos navios mercantes Baependi, Araraquara, Anibal Benevolo, Itagiba e Arará ocorreram entre 15 e 17 de agosto e se constituíram num dos episódios mais dramáticos da História Contemporânea do Brasil. O fato motivou grande reação popular e levou o país a declarar guerra aos países do Eixo, atos por demais sérios para não guadarmos nenhuma dúvida sobre suas reais motivações e autoria.
Alguns leitores bem podem perguntar por que se deve sempre submeter à experiência de ler sobre os acontecimentos causados pelo U-507 em nossas águas territoriais no distante agosto de 1942. Uma das respostas, é que as vítimas manifestamente inofensivas do U-507, sempre há de merecer um testemunho escrito, vítimas que mal tiveram tempo de dizer adeus a seus entes queridos ao lado delas, enquanto desciam para o fundo do mar, vítimas cujos filhos lhes foram arrancados dos braços pelas ondas, vítimas que deixaram pouco registro para trás. Portanto, o mínimo que eu podia fazer, a meu ver, era preparar um breve escrito sobre o contexto que veio produzir aquele morticínio criminoso e, se é penoso ler sobre a conjuntura que criou tal crime, isso nem remotamente se compara ao que aquelas vítimas sofreram, sem falar na dor que atingiu seus familiares, que para muitos não teve limite. Na época, entre os desesperados, estava o capitão do Exército Francisco Pereira. Ele aguardava a mulher e o cunhado que nunca mais retornaram.
   
 
Uma guerra humana só existe em cérebros sem sangue
O Brasil, entre outros fatores, por sua posição estratégica oferecida pela costa nordeste e por ser potencialmente exportador de certas matérias-primas essenciais a industria bélica da época - pressionado por todos os lados - não teve outra escolha a não ser trilhar o temerário caminho ao lado do governo de Roosevelt, o qual tenazmente se colocou contra os objetivos políticos e estratégicos das potências do Eixo. No mês de janeiro de 1942, não havia mais dúvida de que o Brasil iria acompanhar os EUA na guerra contra o nazi-fascismo. E as palavras do embaixador alemão, Pruefer, dirigidas ao chanceler Oswaldo Aranha deixou bem claro o que aconteceria se o Brasil rompesse relações com as potências do Eixo: "...significaria, indubitavelmente, o estado de guerra latente, acarretando provavelmente ocorrências que eqüivaleriam à eclosão da guerra efetiva".
Portanto quando em 24 de maio de 1942, o comandante do U-502 comunicou haver afundado no Caribe um navio mercante brasileiro que se encontrava artilhado - o Gonçalves Dias - e quando, em 27 do mesmo mês, o Ministro da Aeronáutica - Salgado Filho - anunciou com euforia que seus aviões haviam atacados sem declaração de guerra, submarinos do Eixo, a Marinha alemã solicitou que fossem levantadas todas as restrições para ataques a navios brasileiros. A Alemanha hitlerista - com sua liderança militar indisfarçadamente desejosa de sangue e portadora de uma vingatividade viciosa - não era uma nação para levar uma bofetada na face de um país militar e politicamente fraco, sem uma dura resposta de retaliação. Logo, os navios de passageiros brasileiros se tornariam alvos da violência criminosa armada, desproporcional - feita em nome de uma reação punitiva. Os brasileiros iriam pagar caro pela ousadia praticada pela FAB que fora criada um ano antes.
Ora, as palavras proferidas por Adolf Hitler aos seus generais em 22 de agosto de 1939, ou seja, uma semana antes da Alemanha invadir a Polônia, vem corroborar com o que afirmamos acima: "Toda guerra custa sangue, e o cheiro de sangue desperta no homem todos os instintos que existiram dentro de nós desde o começo do mundo: façanhas violentas, a embriaguez do assassinato e muitas outras coisas. Tudo o mais é conversa fiada. Uma guerra humana só existe em cérebros sem sangue."
 
 
O afundamento do Lacônia
Um mês depois do U-507 ter massacrado a Marinha Mercante brasileira, afundando cinco navios em menos de três dias(Baependi, Araraquara, Anibal Benevolo, Itagiba e Arará ), - essa unidade corsária que de forma inumana entrou para as páginas da história nacional - havia participado da operação de salvamento dos sobreviventes do navio inglês Lacônia. Mas diga-se de passagem que foi somente pelo fato de existir italianos entre os náufragos, que o nosso conhecido capitão Schacht se deslocou para o local onde o navio inimigo fora torpedeado. E quando Schacht informou que havia recolhido mulheres e crianças a bordo, dando comida quente e água às pessoas que estavam nos botes, o Comando Geral dos Submarinos do Eixo respondeu: "Sua conduta foi errada. Os submarinos foram enviados para ajudar italianos, e não para salvamento de ingleses e poloneses."
O Lacônia de 19.965 toneladas, além da tripulação de 463 homens, incluía o transporte de 1.800 italianos, prisioneiros de guerra. Esses homens eram provenientes do Norte da África, onde haviam sido capturados. Somando-se à tripulação estavam 286 militares ingleses, 103 poloneses e 80 passageiros civis, incluindo mulheres e crianças. O navio estava armado com vários canhões. Portanto o Lacônia era um alvo legítimo, seja porque estava artilhado, seja porque transportava tropas - tarefa que já tinha feito em viagens anteriores. O algoz do Lacônia foi o U-156, que sob o comando do capitão-tenente Werner Harstenstein, torpedeou o navio inglês no centro-sul do Atlântico, entre a costa ocidental africana e o Brasil, em 12 de setembro de 1942. O tempo estava claro e o mar calmo. E o grande navio afundou lentamente, dando tempo para que todos se salvassem, exceto os prisioneiros italianos, que lutaram em vão para deixar o porão. A maioria deles, encerrada na prisão, não puderam escapar da morte, mas uns quinhentos homens conseguiram escapulir depois de enfrentar os guardas poloneses. Devido o adernamento do Lacônia, muitos botes salva-vidas e balsas não puderam ser baixados. O capitão Hartenstein navegando na superfície, verificou então que centenas de sobreviventes pereceriam nas águas infestadas de tubarões se medidas de salvamento não fossem tomadas por ele. E para seu espanto, ouviu gritos de socorro em italiano e descobriu que se tratava de um grande número de súditos de Mussolini. De imediato Hartenstein telegrafou ao Chefe do Comando da Força de Submarinos, o Almirante Karl Doenitz: "Afundado...o Lacônia...infelizmente com 1.500( hoje já se sabe que se tratavam de 1.800) italianos prisioneiros de guerra. Até agora recolhemos 90. Peço instruções".
Diante do infortúnio que se encontravam os soldados de Mussolini, Doenitz enviou a mensagem a dois submarinos, o U-506 e o
U-507, para que participassem da operação de salvamento.Um submarino italiano - o Cappellini - também foi enviado para lá. E o governo de Vichy foi solicitado a enviar navios de superfície que estavam posicionados em Dacar - África. O capitão Hartenstein, obteu a permissão de Doenitz para que enviasse uma mensagem pelo rádio em inglês en clair, garantindo a segurança de qualquer navio aliado que se prestasse a ajudar no salvamento, desde que não atacassem seu submarino. O U-156 conseguiu recolher 260 sobreviventes a bordo, salvando tanto amigos, como inimigos; metade deles foi transferida para o U-506 que chegou da área de Freetown um dias depois. O U-507 chegou logo depois e tirou das águas, 157 náufragos, lançando salva-vidas e juntando-os no tombadilho. Cada um dos três submarinos rebocou uma fileira de botes, e o U-156 hasteou uma bandeira da Cruz Vermelha, de quatro metros quadrados, para identificar a operação de salvamento.
 
  
 
Prisioneiros italianos a pão e água

Um Liberator norte-americano tendo localizado o U-156, voou sobre o local, e depois de fazer círculos sobre o submarino e os botes que estavam a reboque, desapareceu na linha do horizonte. Ao voltar, meia hora depois, o bombardeiro quadrimotor lançou cinco bombas sobre U-156, apesar de Hartenstein declarar pelo rádio que tinha ingleses a bordo, e dos sinais de um oficial da RAF que estava num dos botes, usando para isto uma lâmpada Aldis. Entretanto uma bomba atingiu um bote, uma segunda emborcou outro, matando e ferindo os náufragos, e o U-156 por sua vez acabou sendo avariado por uma bomba que o atingiu à meia-nau. Consta que o avião, voando a baixa altura em seu primeiro bombardeio era uma alvo fácil para as baterias antiaéreas do U-156, mas Hartenstein proibiu que as armas fossem utilizadas, embora voltasse atrás em sua decisão quando o Liberator despejou as duas últimas bombas sobre o submarino. O capitão Hartenstein então telegrafou a Doenitz: "Periscópios avariados. Interrompido salvamento; todos fora de bordo, navegando direção oeste..."
Assim os sobreviventes do Lacônia tiveram que voltar à água, e Hartenstein teve de usar o que chamou de "força suave" para convencer alguns dos atemorizados italianos a deixarem o interior do submarino. Não foi fácil o comandante do u-boat tomar essa decisão, uma vez que os italianos encontravam-se magros e enfraquecidos, ou seja, estavam em péssimas condições físicas, uma vez que estavam há vários dias sob ração de pão e água por terem desobedecido à ordem de não fumar no Lacônia e por terem tentado arrombar a despensa do navio. Os devidos reparos de emergência foram feitos no U-156 e ele permaneceu na área.
Em França, Doenitz teve de tomar uma difícil decisão. Hitler recebeu cópias da troca de mensagens com os comandantes dos submarinos. O líder nazista, sem dúvida, só aprovara a operação à vista do apaziguante efeito sobre as complicadas relações germano-italianas, mas se um dos submarinos fosse danificado ou afundado, Doenitz teria de assumir total responsabilidade pela perda da vida de marinheiros alemães. No começo da operação, o Almirante Kurt Fricke, telefonando de Berlim a Doenitz que estava em seu quartel-general em Paris, disse-lhe: "O Fuehrer foi informado do caso Lacônia. Está muito aborrecido e pede-lhe urgentemente que, se continuar as operações de salvamento, não exponha a nenhum risco os submarinos...a nenhum risco absolutamente". Do outro lado, muitos dos homens ligados ao comando de Doenitz se opuseram a que se continuasse a operação depois que o U-156 fora atingido, mas consta que ele assim replicou: "Simplesmente não posso jogar essas pessoas na água. Continuarei a agir como antes."
Certamente Doenitz estava preocupado era com o destino dos italianos, e não com o dos ingleses e, muito menos com o dos poloneses, uma vez que ele travava uma guerra de acordo com os brutais e deliberados cânones inumanos do arraigado espírito militarista alemão do século XX. Basta mencionar que Doenitz havia escrito a Hitler, em 14 de maio de 1942, pedindo-lhe prioridade para aperfeiçoar os torpedos porque desta forma os navios atingidos afundariam mais rapidamente impedindo o salvamento das tripulações inimigas. O Almirante fazia essa exigência, porque ele sabia que as tripulações de mercantes precisavam de um razoável período de treinamento, e se um maior número de tripulantes fossem colocados fora de ação pela morte, a guerra submarina adquiriria maior eficiência.
Doenitz ordenou a Hartenstein que parasse as operações de salvamento; os comandantes Wuerdemann e Schacht, no U-506 e no
U-507, que conduziam sobreviventes, continuaram seus contatos com os navios franceses que zarparam de Dacar. Doenitz comunicou a Hartenstein: "Pare salvação. Confira combustível, torpedos, suprimentos e equipamento, depois comunique." Esta mensagem foi seguida de um aviso aos outros submarinos: "Tommy é um porco, a salvação do submarino não deve, sob nenhuma circunstância, ser arriscada mesmo que as operações de salvamento tenham de parar. Lembrem-se de que essa proteção de submarinos pelo inimigo está completamente excluída. Schacht e Wuerdemann dêem suas posições." Schacht respondeu que tivera a bordo um oficial inglês, dezesseis crianças e quinze mulheres, e estava rebocando sete botes com 330 sobreviventes. Wuerdemann tinha 142 italianos a bordo, além de nove mulheres e crianças.

 
Tribunal Militar Internacional de Nuremberg
No dia 17 o U-506, com 151 sobreviventes, foi atacado por um hidroavião. Três bombas detonaram perto do submarino, mas este mergulhou em tempo para atingir uma profundidade de sessenta metros e não sofreu nenhuma avaria. Diante desse novo ataque, Doenitz deu outra ordem, dizendo aos dois comandantes que somente os italianos deveriam ser conservados a bordo. O capitão Schacht pôs seus passageiros ingleses em botes, com exceção de dois oficiais que conservou prisioneiros. Depois providenciou abordagem em algum lugar, onde deixou os italianos, e forneceu aos navios franceses a posição dos sobreviventes. Já o capitão Wuerdemann entregou todos os seus passageiros ao navio francês Annamite. O governo de Vichy, tomando a decisão de enviar seus navios aos encontro dos alemães, facilmente teria conseqüências nada agradáveis, se os seus navios fossem avistados pelos ingleses. Mas apesar do risco, os navios, as chalupas Annamite e Dumont-d'Urville e o cruzador Gloire, foram destinados a navegar para o local e cumpriram suas missões sem incidentes, embora o capitão do Gloire tenha passado por momento delicado quando um Sunderland se aproximou de seu navio.
A operação de salvamento como tal foi um sucesso, pois um total de 1.039 homens, mulheres e crianças foram levados para bordo do Glorie, 42 para o Annamite. Os outros foram levados pelos submarinos ou por botes. O submarino italiano, o Cappelline salvou cerca de 70 pessoas, algumas delas vieram a falecer em conseqüência dos ferimentos causados pelas mordidas de tubarões ou de exaustão; o restante foi transferido para o Dumont-d'Urville, que recebeu oito sobreviventes a bordo(dois ingleses e seis italianos). De 103 poloneses, 73 foram salvos, assim como 450 dos 1.800 italianos, alguns dos quais morreram quase imediatamente. No desembarque em Casablanca e Gibraltar os capitães dos submarinos alemães receberam demonstrações de gratidão dos sobreviventes. Eles haviam cedido os camarotes dos seus oficiais para mulheres e crianças, e providenciado creme de barbear, água-de-colônia e todo o conforto de que podiam dispor aos inimigos. As tripulações dos submarinos, inclusive do
U-507, não fizeram nenhuma distinção quanto à nacionalidade das pessoas que tiraram das águas, muito embora, como já dito acima, a mensagem de Doenitz para deslocar submarinos dos seus campos de caça para uma operação de salvamento, e a tácita aprovação de Hitler, só podem ser atribuídas à presença de italianos a bordo do Lacônia.
Em 17 de setembro e novamente no dia 20, como resultado do bombardeio sofrido pelo U-156, Doenitz enviou uma mensagem a todos os comandantes dos U-boats: ordenando que sob nenhuma circunstância, deveriam tentar salvar ou dar qualquer ajuda de botes às vítimas dos torpedeamentos. Isso acarretou a mais séria acusação levantada no tribunal de Nuremberg contra Doenitz, ou seja, quando expediu a chamada "Ordem Lacônia", ele declarava que o salvamento de tripulantes sobreviventes, depois de uma afundamento, era contrário aos mais primitivos requisitos de autopreservação. A celeuma causada pela "Ordem Lacônia" atingiu grandes proporções. Era voz geral entre os aliados que a ordem de Doenitz determinava, em última análise, o assassinato dos sobreviventes. Mas depois da guerra, o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg verificou não ter sido este o caso, e Doenitz foi inocentado da acusação.
 
 
Apenas 36 sobreviventes
Semanas antes do afundamento do Lacônia, precisamente no dia 7 de agosto de 1942, Doenitz tomou uma decisão que mudaria a História Contemporânea do Brasil: o U-507 recebeu por rádio a mensagem para usar "manobras livres" na costa brasileira. De modo que o submarino comandado pelo capitão-de-fragata Harro Schacht então com 35 anos, afundou cinco navios brasileiros de cabotagem nos litorais da Bahia e Sergipe, acarretando a morte de mais de 600 pessoas, inclusive de mulheres e crianças. Diga-se agora e a bem da verdade que a grande mortandade ocorrida nos afundamentos do Baependi, Araraquara, Anibal Benevolo foi devido ao tipo de ataque devastador desfechado pelo comandante Schacht, ou seja, sem prévio aviso e lançando dois torpedos um após outro, levou aqueles navios ao fundo em questões de minutos e isso debaixo de uma noite escura e de um mar revolto. Em outras palavras, a maioria dos tripulantes e passageiros não tiveram a oportunidade de abandonar os navios devido ao rápido afundamento. Tudo indica que as ordens dadas a Schacht era o de causar o maior número de vítimas fatais. Para se ter uma idéia da dimensão da tragédia cometida pelo U-507, somente uma baleeira do Baependi, com apenas 28 sobreviventes atingiu a costa no dia seguinte. E apenas oito náufragos, agarrados em destroços de madeira, lograram alcançar a terra dois dias após o ataque. Portanto, das 305 pessoas que estavam a bordo do famoso navio do Lloyd Brasileiro, pereceram 269. Já entre os 142 ocupantes do Araraquara, 131 morreram. Tanto mais pior ocorreu com o Anibal Benevolo, pois morreram todos os seus 83 passageiros e apenas quatro dos 71 tripulantes, sobreviveram. Foi uma matança sem igual, porquanto até fins de julho de 1942, a Marinha Mercante brasileira de longo curso tinha perdido onze navios com 135 vítimas fatais.
Esse massacre ocorrido em águas territoriais brasileiras, provocou grande consternação entre o povo brasileiro. A indignação foi geral. Em várias cidades houve violentas manifestações populares contra súditos do Eixo e suas propriedades. Tanto o governo autoritário do Estado Novo quanto a opinião pública que vivia manietada pelo DIP, consideraram indispensável uma reação. O Brasil seria lançado definitivamente na infernal Segunda Guerra Mundial. No Rio de Janeiro, a notícia, divulgada no dia 18, desencadeou uma série de passeatas e comícios populares, onde os cariocas exigiam retaliação. No fim da tarde, uma massa popular se dirigiu para o Palácio do Itamaraty - sede do Ministério das Relações Exteriores - clamando pelo chancelar Oswaldo Aranha, que apareceu na sacada do edifício para exclamar: "A situação criada pela Alemanha, praticando atos de beligerância, bárbaros e desumanos contra a nossa navegação pacífica e costeira, impõe uma reação à altura dos processos e métodos por eles empregados contra oficiais, soldados, mulheres, crianças e navios do Brasil. Posso assegurar aos brasileiros que me ouvem, como a todos os brasileiros, que, compelidos pela brutalidade da agressão, oporemos uma reação que há de servir de exemplo para os povos agressores e bárbaros, que violentam a civilização e a vida dos povos pacíficos."
Mas em verdade o Brasil naquele momento estava longe de ser um país pacífico. Vide o que a FAB estava fazendo em maio de 1942, ao atacar os submarinos italianos que estavam posicionados ao longo da costa nordeste brasileira.
 
 
As memórias equivocadas de Doenitz
É bem verdade que em agosto de 1942, o Brasil já estava em beligerância não declarada com o Eixo, mas sobre o nefasto acontecimento que chocou o Brasil, Doenitz, em suas memórias veio escrever: "Finalmente, havia a possibilidade de operações ao largo da costa do Brasil. Nossas relações políticas com aquele País vinham há já algum tempo cada vez mais se deteriorando e as ordens emitidas pelo Alto Comando Naval referentes à nossa atitude para com a navegação brasileira se agravaram em correspondência(...)Depois que o Brasil rompeu relações diplomáticas, seus navios continuaram a ser tratados da mesma maneira que os de todos os outros Estados neutros, desde que fossem reconhecidos e agissem como neutros, de acordo com a Convenção Internacional. No entanto, entre fevereiro e abril de 1942, os U-boats torpedearam e afundaram sete navios brasileiros, com todo direto de fazê-lo de acordo com o estabelecido na Convenção de Praças de Guerra( Prize Ordenance), desde que os capitães dos U-boats não puderam reconhecer suas identidades de neutros. Estavam navegando sem luzes em curso de zigue-zague, alguns deles armados e alguns pintados de cinza e nenhum deles ostentava uma bandeira ou signo de sua identidade de neutro. Depois disso mais e mais navios brasileiros montaram canhões até que toda sua Marinha Mercante estava armada.(...)No fim de maio, o Ministro da Aeronáutica brasileiro anunciou que um avião brasileiro tinha atacado submarinos do Eixo e que continuaria a fazê-lo. Sem nenhuma declaração formal, achamo-nos assim num estado de guerra com o Brasil, e a 4 de julho os U-boats receberam permissão dos nossos líderes políticos de atacarem todo os navios brasileiros. Na primeira semana de julho, quando estávamos planejando as primeiras operações dilatadas de U-boats, perguntei ao Ministro do Exterior se haveria alguma objeção às planejadas operações ao largo do estuário do Rio da Prata, área de reunião para os navios-frigoríficos que eram tão importantes no suprimento de carne da Inglaterra. Sem considerar a opinião da Argentina, o Ministro do Exterior negou permissão para qualquer operação ao largo das costas daquele País, mas não fez objeção à continuação de nossas atividades ao largo do Brasil, que haviam sido permitidas em maio e que estavam em progresso desde então. Decidi portanto mandar, em associação com as operações planejadas contra o tráfego de navios Norte-Sul ao largo de Freetow, mais um barco para a costa brasileira. Do outro lado do estreito entre a África e a América do Sul, o U-507(Tenente-Comandante Schacht) estava operando. Ali fora das águas territoriais, ele afundou cinco navios brasileiros. Nisto ele agia de acordo com as instruções expedidas, com a cooperação do Ministro do Exterior, pelo Quartel-General das Forças Armadas. O Governo brasileiro tomou o afundamento destes navios como ocasião para declarar guerra à Alemanha. Embora isto não tivesse em nada alterado nossas relações existentes como o Brasil, que já havia tomado parte em atos hostis contra nós, foi sem dúvida um erro levar o Brasil a uma declaração oficial; politicamente deveríamos ter sido melhor aconselhados para evitar tal fato. O U-boat Command, porém, e o capitão do U-boat envolvido, como membros das Forças Armadas, não tinham senão que obedecer as ordens que lhe haviam sido dadas; não competia a eles pesar e calcular as conseqüências políticas..."
 
 
Desejo anterior de retaliação
Primeiro é preciso que se diga que certas informações fornecidas acima por Doenitz não correspondem com a verdade. Os três primeiros navios comprovadamente afundados pelos nazi-fascistas(Buarque, Olinda e Cabedelo, 14, 16 e 25 de fevereiro de 1942, respectivamente), navegavam com as luzes de bordo e de navegação acesas, assim como estavam iluminadas as bandeiras do costado e da popa, bem como a chaminé que identificava a nacionalidade e a companhia proprietária. Foi depois dessas iniciativas da parte da ressentida Alemanha contra os interesses brasileiros, que o governo do Estado Novo junto com autoridades navais norte-americanas, tomaram medidas para tentar evitar que os barcos fossem afundados tão facilmente. Assim, o terceiro a ser atacado, o Arabutan, estava pintado de cinza, navegava às escuras e sem bandeira. E foi após a perda do Cairu ao largo da costa leste dos EUA, o qual veio gerar a morte de 53 pessoas, que os navios mercantes brasileiros começaram a ser dotados de um sistema de defesa, dispondo tão-somente de uma peça de artilharia( O Parnaíba, o quinto navio torpedeado em 1-5-42, trazia na popa um canhão de 120mm) Entrava-se numa dialética de ação e reação de atos de beligerância. O Comando da Marinha alemã solicitou a Hitler que fossem levantadas as restrições para o ataquue a navios brasileiros(vistoria e ordem de abandono), no que foi atendido. Daí por diante, os navios brasileiros seriam considerados beligerantes e torpedeados sem aviso. Mas bem antes disso, o governo de Getúlio Vargas havia protestado perante a Alemanha através do embaixador português em Berlim, que transmite em 27 de fevereiro o seguinte: "devem cessar os atos da Marinha de Guerra alemã contra os navios mercantes sem defesa, e que pertencem a um país que não está em guerra." Mas a Alemanha hitlerista não levou em conta esses protestos.
Mesmo dividindo as responsabilidades pessoais pela catástrofe produzida pelo
U-507, Doenitz sabia de antemão que os navios a serem afundados por Schacht encontrariam-se navegando dentro das neutras águas territoriais brasileiras e ao se analisar atentamente o que ele escreveu, é de se notar que foi de sua responsabilidade o ato de ordenar o deslocamento do U-507 para operar em meio da navegação de cabotagem nacional. A decisão de atacar navios repletos de passageiros, pode ter sido um erro tolo causado por um desejo anterior de retaliação, mas seja como for, esses afundamentos devem ter sido um bálsamo para o ego de Hitler e de sua liderança militar, porque não era feitio daquela gente sofrer agressões sem revidá-las ainda mais violentamente, principalmente pelo fato de que aviões de patrulha da FAB, recentemente fornecidos pelos EUA - tendo a bordo instrutores norte-americanos - deliberadamente procuraram atacar os submarinos do Eixo posicionados ao largo de nossa costa. Ora, no dia 22 de maio um avião da FAB decolou da Base de Natal armado com todas bombas que tinha direito, especialmente com a missão de "localizar e atacar submarino hostil" que havia agredido o mercante armado Comandante Lira, o qual sem autorização, encontrava-se navegando ao largo, ou melhor, fora das águas territoriais brasileiras( campo de caça das unidades do BETASOM) e se o governo, a imprensa, o povo e até Roosevelt exultaram com o revide perpretado pela FAB, os nazi-fasciatas se inflamaram e deram ensejo a um impiedoso ataque de surpresa.
"Assim agindo, com destemor, espírito militar e evidenciando admirável capacidade profissional o capitão Parreiras Horta tornou-se digno de louvor e credor de admiração nossa e do país que teve, na ação por ele brilhantemente praticada, a primeira demonstração prática, no atual momento, do nosso patriotismo e desvelo na defesa da nossa integridade."( palavras do Ministro da Aeronáutica Salgado Filho)
O aviador veterano da Campanha da Itália, Nero Moura nos deixou um depoimento bem esclarecedor, ou seja, de como se vivia cinicamente debaixo de uma já temerária e comprometedora guerra informal, tal como acima expôs o Ministro da Aeronáutica Joaquim Pedro Salgado Filho. E acrescenta Nero Moura: "...a entrada do Brasil na guerra só começou a se esboçar, realmente, quando se teve notícia dos primeiros torpedeamentos de navios brasileiros pelos alemães, em 1942. Só então compreendemos que teríamos que brigar mesmo. Já nessa época participávamos do patrulhamento no Nordeste, trabalhando com os americanos a pleno vapor na defesa da costa, com aviões cheios de bombas de profundidade, e, embora sem ordens expressas, andamos atacando submarinos que estavam nas nossa barbas, fora de águas territoriais, mas a menos de 200 milhas. Ainda não havíamos declarado guerra, mas as instruções das autoridades eram para que os pilotos, no patrulhamento das praias, ou sobre o oceano, bombardeassem os submarinos, casos fossem atacados. Houve dois ou três ataques, não sei se tiveram sucesso, mas repercutiram na imprensa, através de inúmeras entrevistas do ministro Salgado Filho sobre o assunto. Quer dizer, já havia um consentimento tácito de que podíamos atacar. Mas, como os americanos voavam conosco, às vezes a responsabilidade da ação ficava por conta deles, que estavam em guerra e podiam jogar as bombas."
 
 
Um agosto emblemático
Segundo alguns autores, até os tempos de hoje, o mês de agosto tem sido aziago na história do Brasil. Mas realmente naquele mês de agosto de 1942 os dias foram muito dolorosos para os brasileiros. As repercussões da agressão foram dramáticas. Até o mês anterior, os ataques nazi-fascistas tinham lugar no distante mar das Antilhas, longe dos olhos do sentimental povo brasileiro. Mas agora, porém, as conseqüências da animosidade recíproca se fizeram bem perto de nós. Os cadáveres que deram em terra - alguns irreconhecíveis - depois de fotografados, foram enterrados em valas rasas abertas na restinga das vastas e desertas praias nordestinas. O ápice das ameaças foi atingido. O próprio Mussolini havia declarado que chegaria o dia em que o Brasil iria pagar caro pela ruptura. Ora, a decisão de rompimento foi tomada em 28 de janeiro de 1942 na Conferência Pan Americana no Rio de Janeiro. Vale dizer que dos 22 Estados americanos presentes, somente a Argentina e o Chile recusaram a aderir à ruptura coletiva em favor dos EUA, ou seja, optaram pela estrita neutralidade, de modo que seus navios não foram molestados pelos submarinos do Eixo.
A posição de Mussolini já tinha sido muito clara diante do eventual rompimento coletivo dos Estados americanos, pois se isso ocorresse, como de fato estava programado para ocorrer, "seria o caso de simplesmente declarar-lhes guerra; assim, imporemos aos Estados Unidos a obrigação de defender uma vasta frente: os latino-americanos querem uma guerra branca mas terão uma vermelha" - disse o Duce, então quase feliz com essa perspectiva. Mal sabia o pretensioso líder fascista, que em 1944, mais de vinte e cinco mil soldados brasileiros oriundos de todos os estados, desembarcariam em solo italiano. Mas Benito Mussolini - (1887-1945), o criador do Fascismo teve seu fim decretado pelos partigiani(resistência armada), ou seja, foi executado sumariamente.
Como se pode observar até aqui, os navios mercantes brasileiros de cabotagem passariam a trabalhar em um ambiente de pré-guerra e essa expectativa estava bem evidenciada nas ordens que então receberam todos os comandantes, ou seja, a de navegarem mais próximos da costa brasileira e que durante a noite, as luzes internas de seus barcos deveriam ficar apagadas, porém os faróis de navegação deveriam ficar acesos. E ainda, segundo as normas expedidas pelo governo brasileiro, os navios(que como medida de segurança já traziam as vigias pintadas de preto) deveriam tomar precauções quando passassem a navegar de Maceió mais para o norte; ordens aliás comuns em todas as viagens feitas pelos mercantes naquele tenso período de hostilidades recíprocas. E diga-se de passagem, que dos cinco navios de cabotagem torpedeados pelo U-507, dois foram usados, ao nosso ver, indevidamente, ou seja, no transporte de soldados e material de guerra para guarnecer Recife. Sobre os preparativos de conduzir efetivos militares a fim de aumentar a defesa de um ponto estratégico do litoral nordestino, certamente estava bem informado o Alto Comando Naval alemão por conta da ativa espionagem da Quinta Coluna. Portanto perdeu-se com o Baependi e com o Itagiba todo o material do Sétimo Grupo de Artilharia de Dorso( criado pelo decreto-lei 4.342 de 26 de maio de 1942), bem como grande parte de seu pessoal(morreram 132 soldados), além do material destinado a Recife e ao destacamento de Fernando de Noronha. Ora, embarcando tropas em navios mercantes, o Ministério da Guerra assumiu graves responsabilidades.
O próprio general Dutra - então Ministro da Guerra - assim revelou em um de seus muitos depoimentos: "...A primeira conseqüência desastrosa da campanha submarina foi de perdermos a liberdade de navegação, numa época em que ainda estávamos equipando e reforçando as guarnições do Nordeste, forçando-nos, assim, a apelar para a rota do Rio São Francisco..."
Em verdade, desastrosa foi a norma do general Dutra em fazer transportar em agosto de 1942 nos navios mercantes, efetivos do Exército naquele período de beligerância não declarada. A situação era tão séria que quando se transportou soldados para o destacamento do arquipélago de Fernando de Noronha, o navio de transporte recebeu a escolta do cruzador Rio Grande do Sul. Não resta dúvida que o mesmo deveria ter sido feito em relação ao Sétimo Grupo de Artilharia de Dorso que então sucumbiu nos ataques perpetrados ao Baependi e ao Itagiba, fazendo-se vítimas, indistintamente, a militares e civis.
 
 
Em vez da forca, dez anos de prisão
Um ano depois do Brasil se alinhar definitivamente em favor dos interesses políticos e estratégicos dos EUA, principalmente sob a batuta do chanceler Oswaldo Aranha - um democrata que não estava isento de ambigüidade e de oportunismo - um Catalina norte-americano avistou o U-507 ao largo da foz do Parnaíba e o atacou. O submarino afundou sem que ninguém sobrevivesse. Schacht teve como túmulo - o mar brasileiro - a mesma sepultura que tragou as centenas de vítimas que aquele comandante alemão produziu sob ordens superiores. Consta que a viúva de Schacht, em nome do falecido, recebeu a Cruz de Guerra e mais tarde mudou-se da cidade de Hamburgo, quando também sua casa foi atingida pela guerra, por conta dos pesados bombardeios.
Por sua vez, o Almirante Karl Doenitz, que escreveria que Schacht envolvido na matança de brasileiros civis não tinha senão que "obedecer as ordens que lhe haviam sido dadas", era um dos poucos oficiais nacional-socialistas convictos da Marinha Alemã. Cabe dizer que ele em muitas vezes pregou política para seus marinheiros e para o povo alemão, louvando "o líder enviado do céu" na pessoa de Hitler. Doenitz, não somente jamais discordou da política do Partido Nazista em qualquer sentido, mas adotou seus usos básicos e falou sobre os judeus no mesmo tom usado pelos Gauleiters(chefes distritais) Ele foi completamente devotado a Hitler. "Somos uns vermes, comparados a ele", assim disse Doenitz em 1943, a uma multidão em Berlim, acrescentando que Hitler previa tudo e não cometia julgamentos incorretos. Foi só no fim da guerra que Doenitz na frente do governo do III Reich, ordenou que fossem retiradas as fotografias de Hitler dos lugares públicos, uma semana depois da rendição. A Alemanha então se encontrava em completa ruína.
Karl Doenitz foi levado ao tribunal de Nuremberg, sob a acusação pelos mais graves crimes que poderiam se imputados a um marinheiro, não somente por conspirar para promover guerra agressiva e sua efetivação, mas também por crime de guerra, o crime de guerra de qualquer oficial naval: não fez nenhum esforço para salvar os sobreviventes de navios torpedeados. Além do mais, Doenitz levou à morte, de acordo com a acusação, centenas de não-combatentes, inclusive mulheres e crianças, passageiros de navios mercantes. Mas o tribunal acabou por considerá-lo culpado de haver cometido crimes contra a paz, mas não de haver conspirado para cometê-los. Foi também considerado culpado de crimes de guerra; seu apelo de tu quoque para a conduta de guerra submarina foi aceito, mas o tribunal disse que ele estava envolvido na Ordem de Comando e que permitira que fosse a mesma posta em prática depois que se tornara Comandante-em-Chefe da Marinha em 1944. Mas o testemunho que, indubitavelmente, salvou a vida de Doenitz em Nuremberg partiu do Almirante norte-americano Nimitz e do Almirantado Inglês. Se escapou da forca, Doenitz foi condenado a dez anos de prisão na fortaleza de Spandau.
Mesmo depois dos julgamentos de Nuremberg, Doenitz continuou com sua obstinada defesa de Adolf Hitler. Ele ainda viveu o bastante para escrever suas memórias. Em 1957, em Wilhelmshaven, por ocasião de uma solenidade em memória da guerra naval, lá estava Doenitz com a mão por baixo do braço do Almirante Raeder, visivelmente ajudando-o a conservar-se de pé. Ambos estavam livres e com todas as lembranças do que tinham e do que não tinham feito ao lado do megalomaníaco Hitler, o qual queria impor ao mundo o Milênio do III Reich. Mas o III Reich que foi construído com base na violência e que governou com violência, provocou obviamente uma resposta violenta que finalmente o destruiu. E não pensem os brasileiros que caso o racista Hitler viesse a vencer os Aliados, o país não estaria livre de seus objetivos pangermanistas. O Brasil, certamente iria se transformado numa colônia alemã, tendo pelo menos um governo fantoche.
A legalidade da guerra submarina
Durante os processos movidos em Nuremberg, chegou-se as seguintes conclusões, quanto à legalidade da guerra submarina:
a) ser lícita essa guerra, sem restrições;
b) os navios mercantes armados são assimilados aos navios de guerra a que é permitida qualquer ação contra eles;
c) que os navios mercantes, armados ou não, nas zonas declaradas de "guerra" podem ser afundados sem prévio aviso;
d) que os navios neutros não podem ser atacados em qualquer parte do mundo, desde que não se recusem a visita ou pratiquem atos de assistência hostil.
 

Fontes
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Arquivo Histórico do Ministério do Exército - Edifício Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Coletânea de documentos do Inquérito Policial Militar sobre os torpedeamentos de agosto de 1942.
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Leite, Mauro Renaut e Júnior, Novelli. Marechal Eurico Gaspar Dutra. O dever da verdade. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira,1983.
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Mason, David. Submarinos alemães - a arma oculta - número 8. Rio de Janeiro, Editora Renes, 1975.
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Rhodes, Richard. Mestres da Morte. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2003.
Seintenfus, Ricardo. O Brasil vai a guerra. São Paulo, Editora Manole, 2003.
Pedrosa, J. F. Maya. O enigma dos submarinos - Nordeste do Brasil, 1942. Maceió-São Paulo, Edições Catavento, 2001.

 
Elísio Gomes Filho
Elísio Gomes Filho é historiador. Foi fundador do Museu Histórico Marítimo do Cabo Frio e do Museu Histórico Marítimo de Armação dos Búzios. Foi o autor da pesquisa que veio elucidar o desaparecimento do barco-de-pesca Changri-lá, o qual foi atacado e afundado pelo U-199 em julho de 1943. É o criador do site: www.nomar.com.br