TÉCNICA DE MERGULHO

O Mergulho e as Correntes


Jornal sub, anoII, Nº 9, fevereiro 1992
OBSERVAÇÃO: É importante lembrar, que desde a publicação do artigo muitas técnicas de mergulho foram aperfeiçoadas e adotadas. Assim o texto técnico, deve servir como fonte de pesquisa histórica, não devendo ser as técnicas de mergulho tomadas como as melhores e mais atuais.
 
0 mar é um meio dinâmico e sua massa está em constante deslocamento devido a fatores como: atrações gravitacionais, rotação da terra ventos entre outros. Esses movimentos, que podem ser sentidos na forma de ondas, marés e correntes, variam de intensidade de acordo com a topografia, o clima. e outras características locais.
As correntes marinhas ou as provocadas pelas marés, são os movimentos oceânicos que mais influenciam o mergulho, por isso, é fundamental conhecer como eles afetarão a atividade, para que as técnicas corretas possam ser aplicadas.
Planejamento
Durante o mergulho é importante identificar e avaliar o efeito das correntes, evitando, por exemplo, que você inicie um mergulho em local tranqüilo e no final, veja-se, com pouco ar, forçado a vencer uma corrente contrária a natação. Uma corrente de intensidade média, além de outras alterações - quadro I - podem facilmente quadruplicar o consumo de ar, comprometendo o planejamento.
A topografia da costa e do fundo são fundamentais na ação das correntes, assim é sempre provável encontrá-las em canais que separam grandes massas de água, ao longo de praias de mar aberto e em canais entre recifes. Bicos de costa. são particularmente enganosos, pois podem ser divisores de correntes; assim cuidado para não iniciar o mergulho contra corrente e subitamente, ao contornar essas formações, vê-se colocado a favor dela. Evite erros no procedimento de mergulho. mantendo-se atento ao sentido e intensidade da corrente.
Quando se mergulha a partir de um barco sua posição de pois de ancorado é a melhor indicação de como está a corrente; pois excetuando-se um vento forte, ele efetará posicionado ao longo da corrente. Assim procure observar os procedimentos de ancorágem, para ter idéia de como está o movimento da água.
E comum em determinadas parte do mergulho, ou mesmo durante toda uma imersão ter de enfrentar uma corrente. Nestas ocasiões o domínio das técnicas é fundamental para tornar o mergulho mais confortável. Uma corrente de mais de um nó - uma milha por hora.- se contrária ao movimento, já torna a natação cansativa, enquanto se ela for favorável poderá levar o mergulhador distraído a uma distância maior do que a desejada.
Uma região sujeita a correntes provocadas pelos movimentos de marés, requer um mergulho no horário de intervalo entre o fluxo e refluxo, quando a água não "corre" - esses horários podem ser conseguidos nos jornais e em tábuas de marés.
Com o barco ancorado, é sempre a melhor escolha., começar o mergulho contra a corrente. Deste modo a volta pode ser feita pelo fundo ou pela superfície, com pouco gasto de energia.
Verifique se na embarcação existe um cabo longo com uma bóis, para que jogado da popa, facilite o retorno a bordo caso seja necessário vencer a corrente após voltar a superfície.
Equipamento
Para reduzir o efeito da resistência da água sobre o corpo, alguns cuidados devem ser tomados. 0 equipamento não deve ser volumoso; - o lastro correto, para um mínimo de ar no colete -, acessórios de mão, como máquinas fotográficas, lanternas e bolsas de coleta, também aumentam sua superfície de contato, devendo ser evitados.
Uma máscara de pequeno volume é recomendável, pois oferecendo menos resistência a corrente, permanece com melhor aderência ao rosto.
Devido ao esforço necessário na natação as nadadeiras devem estar bem ajustadas aos pés. Quando estão frouxas ou muito apertadas, além de machucarem, diminuem o rendimento da propulsão.
Um bom regulador, que forneça ar suficiente ao esforço durante a natação contra a corrente, é muito importante para evitar uma intoxicação por C02 0 manômetro e "octopus" devem estar presos ao colete para serem alcançados facilmente.
Por fim, quando houver correntes você deve contar com luvas resistentes; já que é muito comum ter que se apoiar em rochas mantendo-se firme, enquanto observa o ambiente.
Técnica
Na presença de correntes podemos adotar basicamente duas técnicas: mergulhar a partir de um ponto, com percurso de ida e volta, ou executar um mergulho à deriva.
Pode acontecer, que por um breve tempo, devido a um acidente topográfico ou para atingir áreas de remanso você seja obrigado a enfrentar uma corrente mais forte. Neste caso, algumas dicas são úteis.
Sempre que existirem correntes, um ligeiro aquecimento deve ser feito antes da entrada na água; preparando os músculos para o esforço da natação, você poderá evitar cãibras.
Jamais tente economizar o ar durante uma imersão. Respiração inadequada, aliada a esforço muscular, podem causar fadiga, cãibras, tonturas e cefaléia o que seria pior que alguns minutos a menos de mergulho.
Aproveite-se do relevo submarino nadando junto ao fundo, onde a corrente é turibilhonar e por isso tem efeito menor. Use rochas maiores como ateparo entre você e a corrente. Procure tanto no fundo como na superfície alternar os estilos de natação, utilizando grupos musculares diferentes. Com esta técnica pode ser evitada a fadiga das pernas.
Alterne o uso das pernas, com o apoio das mãos do mundo, desde que isso não provoque contusões ou prejuízo para a fauna bentônica. Quando a corrente é superior a 2 nós, já é recomendável a execução de um mergulho à deriva; onde se é transportado, sem gasto de energia pela corrente; mas isto, naturalmente já é assunto para o futuro. Como tantas circunstâncias durante o mergulho.

 

Alterações causadas pelas correntes

  • Mais água penetra e circula na roupa - frio
  • Dificuldade de permanecer parado.
  • Mais esforço para a natação - fadiga e cãibras.
  • Consumo de ar aumenta - furo no planejamento.
  • Respiração inadequada - intoxicação por gás carbônico.
  • Pré-disposição à doença descompressiva.
  • Deriva para longe do barco.
OBS: Na matéria original constam outros fotos.


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