...NAUFRÁGIO do DONA PAULA
 

Histórico
A fragata Dona Paula foi construída na Inglaterra como cargueiro e lançada ao mar em março de 1788 para a companhia East Indiaman - Surat Castle para operar sob a licença da East India Company, monopólio concedido pela rainha Elizabeth para o comércio com o oriente, principalmente nas rotas da Inglaterra até a China e Índia.
O castelo de Surat, que deu nome ao navio, foi construído no século XVI pelo sultão de Gujarat nas fundações do forte de Dehli, Índia. Por séculos e até hoje, Surat foi conhecida como centro de comércio de tecidos. Foi o maior porto durante o período Mughal. Do século XVI ao século XIX Portugueses, Ingleses, Franceses e Holandeses estabeleceram fábricas no local e o comércio era fundamental para a cidade.
Com um comprimento de 31,5 metros e três decks, foi
comprado pela Marinha do Brasil em 1825, adaptada a fragata de combate e armada com 38 canhões do tipo colubrinas.
Em sua época chegou a ser a embarcação mais poderosa da Marinha imperial do Brasil, chegando sozinha a manter cerco a portos da Província Unidas do Rio da Pátria (atual Argentina e partes do Uruguai).
Também fez parte das operações da Guerra do Paraguai, atuando no estuário e bacia do Rio-da-Prata.
Em 1826, depois de ter um de seus mastros atingido por um raio, foi trazida ao Rio de Janeiro para reparos, passando a patrulhar o litoral sudeste e sul do país, protegendo a frota nacional da ação de corsários inimigos.

 


East Indiaman Surat Castle, 1790
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: Dona Paula

Data do afundamento: 02.10.1827

LOCALIZAÇÃO

Local: Arraial do Cabo

UF: RJ.

País: Brasil

Posição: Ilha dos Franceses, face nordeste

Latitude: 22° 58' 58.72" sul

Longitude: 042° 02' 16.47" oeste

Profundidade mínima: 05 metros

Profundidade máxima: 15 metros

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: choque

DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Brasileira Armador: Marinha do Brasil
Ano de Fabricação: 1788
Estaleiro: ( Bombay Dockyard - Inglaterra) Tipo de embarcação: fragata
Comprimento: 38,1metros Boca: 12,5 metros Deslocamento: 1139 toneladas
Material do casco: madeira Propulsão: vela

Carga: material bélico

Tripulação: 128 homens
CONDIÇÕES ATUAIS: desmantelado
 

Castelo de Surat - Índia

Surat Castle
que se tornaria a Dona Paula

Nationa Maritme Museum em Greenwich (Londres)
 

 
Naufrágio
Em outubro de 1827 partiu do Rio de Janeiro para a região de Cabo Frio para combater corsários argentinos que atuavam naquela região.
Os corsários eram liderados por Cesar Fournier, a serviço das Províncias Unidas do Rio da Prata.
Durante a perseguição, possivelmente ao brigue Oriental Argentino, a Fragata Dona Paula encontrou condições meteorológicas muito adversas, com forte cerração - que é típica na região do Focinho do Cabo (atual Arraial do Cabo) - e acabou batendo na face interna da ilha dos Franceses (ilha maior) perdendo-se totalmente.
O comandante Cândido Francisco de Brito Vitória e outros oficiais foram submetidos a um conselho de guerra e acabaram condenados pela perda da fragata.
 

 

Posição do naufrágio na Ilha dos Franceses (Arraial do Cabo, RJ.)
  Descrição
Os destroços, basicamente formado pelo conjunto dos canhões e material já misturado com o fundo, estão espalhados paralelamente ao longo do costão da face interna da enseada formada pelas duas ilhas. Estendendo-se do meio da ilha maior até o canal que separa as duas ilhas. Uma grande quantidade de canhões de ferro, a maioria do tipo colubrina e balas de canhão estão amontoadas no fundo, a maior parte entre as rochas, o que dificulta muito a visualização e alguns já na faixa de arreia, o que indica que o navio adernou para bombordo depois de seu naufrágio.
Fomos capazes de localizar 34 desses canhões, alguns já muito enterrados e possivelmente os dois que faltam do inventário do navio estão nessa condição.
Existe uma grande âncora tipo almirantado e um guincho cabrestante. Pequenas peças também podem ser vistas entre todas as rochas que cobrem o fundo. Algumas peças estruturas maiores e grandes massas de bolas de canhão já grudadas e muito integradas ao fundo podem ser visualizadas por olhos mais treinados e atentos.
Junto a areia, no centro da ilha, existem algumas partes do casco e cavername, porém o movimento do sedimento cobre e descobre esses destroços e acordo com a época.

 
São localizados 34 canhões de ferro, a maioria entre as rochas do costão, vários estão empilhados e já muito atacados pelos organismos marinhos o que dificulta sua identificação
 


Alguns dos canhões inda apontam para cima,
parecem lutar contra a natureza para manter sua função de defesa
 
Foram localizados 34 canhões do tipo colubrina, de pelo menos 2 calibres diferentes, como pode ser visualizado na foto acima pela diferença de diâmentro dos canhõe
 
Junto da areia está um guincho de cabrestante
Na cabeça superior (cunho) ainda é possível ver os orifícios onde eram inseridos os sarrafos (barras) para sua movimentação
 
Na areia existe um número menor de canhões, provavelmente os de boreste
Alguns estão bem enterrados e aparecem ou não de acordo com o movimento da areia
 

 

O Resgate

Segundo matéria da revista Manchete de 15 de Abril de 1978, em matéria de Salvador Pane Baruja, um mergulhador de nome Fabio Crespi localizou os destroços da fragata Dona Paula acidentalmente em 1977 e resolveram empreender um trabalho de "resgate". Foi montada uma equipe de mergulhadores, lideradas por um argentino chamado Ramon Avellaneda, que na época residia em Búzios, RJ.
A matéria é muito bem ilustrada com os equipamentos de "Air Lift" e peneiras utilizadas pela equipe e dos muitos artefatos removidos do naufrágio.
Pela descrição da proa do navio e narrativa das operações feita pelo argentino, acreditamos que eles tenham removido muito da estrutura do casco do navio, para retirar armas de mão, cerâmicas, centenas de moedas de ouro, prata e cobre, além de objetos pessoais como fivelas de cinto e placas de identificação.
Acreditamos que a operação tenha destruído e movimentado muito das estruturas do navio (veja trechos extraídos da matéria).
" A primeira impressão de quem se aproxima da fragata e imponente segundo Ramon Avellando, leva aos muitos canhões e a ponta da proa se estende por mais cinco metros de comprimento"... No meio dessa selva de armas enferrujadas Avellaneda descobriu as moedas depois afastar pedras enormes... Foram usados marteletes submarinos, uma espécie de britadeira aquática, explosivos, os mergulhadores estão tentando agora romper a espessa camada de ferro que sobrou no casco da fragata,"

 
Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECI