MAGDALENA

Sumário

Histórico

Um dos orgulhos da companhia de navegação inglesa Royal Mail Steam Packet Company. O Magdalena, terceiro navio da companhia com este nome, levou dois anos para ser construído, devido a carência de materiais no pós-guerra. Ele foi lançado ao mar em 11 de maio de 1948 pelo estaleiro Harland and Wolff, da Irlanda e imediatamente colocado para o serviço da linha de passageiros e carga para o Brasil, Uruguai e Argentina.
Durante sua viagem inaugural em abril de 1949, o Magdalena subia a costa brasileira partindo de Santos, com escala prevista no Rio de Janeiro.
Durante a madrugada do dia 25 já se aproximava da cidade, tendo a praia da Barra da Tijuca no través de bombordo, quando as 4:30 horas, aparentemente por um erro de navegação de um dos oficiais de bordo, trepou na laje das Ilhas Tijucas, onde ficou preso apesar das tentativas de desencalhe. O choque danificou a proa e abriu um grande rombo no porão número 3.

Dados básicos

Nome do navio: Magdalena
Data de afundamento: 26.04.1949

Dados de localização

Local: Rio de Janeiro
UF: RJ
País: Brasil
Posição: Canal de acesso à Baía de Guanabara. 164º farolete de Santa Cruz com distância de 1,5 milhas
Latitude: 22° 57′ 05″ sul
Longitude: 043° 07′ 30″ oeste
Profundidade mínima: 11 metros
Profundidade máxima: 12 metros
Condições atuais: desmantelado

Dados técnicos

Nacionalidade: inglesa
Ano de fabricação: 1948
Estaleiro: Harland & Wolff, (Belfast – Irlanda do Norte).
Armador: Royal Mail Lines Ltd.
Deslocamento: 1.7547 toneladas
Comprimento: 188 metros
Boca: 24,3
Tipo de embarcação: Liner transatlântico
Material do casco: aço
Carga: Geral e carga de 25 mil caixas de laranja, 2,8 mil toneladas de carne refrigerada argentina.
Propulsão: motor diesel
Motivo do afundamento: choque com a laje das ilhas Tijucas
Vista da escalada na Pedra da Gávea a Laje das Tijucas, local do choque inicial do Magdalena

Emitido o S.O.S. de emergência, os passageiros foram encaminhados aos botes salva-vidas já que a costa é muito próxima, porém não abandonaram o navio, que permanecia estável preso a laje.
Diversos navios da Marinha e particulares seguiram para o local em socorro a embarcação, entre eles: os caça-submarinos Guaporé, Guaiba, Beberibe, os rebocadores Triunfo, Tenente Cláudio e o Comandante Dorat, além do navio Saturno e do cargueiro nacional Goiazlóide, primeiro a chegar ao local. Foi através de alguns desses navios que os passageiros acabaram sendo desembarcados.
Logo se começou a descarregar o navio, transferindo parte de sua carga para navios auxiliares, chatas e rebocadores. Com o alívio do peso e, a maré cheia do dia seguinte o navio reflutuou, iniciando-se o lento reboque pelo Triunfo e Comandante Dorat, para o interior da Baía de Guanabara.

 

 

O acidente insólito e inesperado chocou a população da Guanabara

A entrada da Baía de Guanabara e estreita e dividida ao meio pela fortaleza da Laje, nelas as correntes são fortes e a superfície agitada pelo afunilamento da água que entra e sai. Pois foi exatamente quando cruzava a barra, provavelmente forçado pelo peso da água que invadiu o porão de número 3 e o mar grosso, que o Magdalena partiu entre a ponte de comando e a marcante chaminé amarela, que caracterizava a companhia. As imagens são impressionantes, parecendo ter o navio sido cortado à faca.
Segundo algumas testemunhas, houve explosão das caldeiras; o que não parece ser provável, já que elas foram abafadas nos primeiros momentos do acidente, mas o estrondo da fratura foi enorme o que deve ter confundido as testemunhas aturdidas.
Proa e meia nau submergiram rapidamente, deixando uma grande mancha de objetos flutuantes. Garrafas de champanhe entre outras, foram recolhidas pelos remadores da cidade por diversos dias após o naufrágio. A popa, que continuou a flutuar e foi imediatamente solta pelos rebocadores, que temiam também serem puxados para o fundo.
A bordo só estavam o comandante, um tripulante e o prático-mor do Rio de Janeiro, que foram rapidamente resgatados por um rebocador.

Proa e Meia nau partidas do navio Madalena afundando na entrada da Baía de Guanabara
Popa e o restante da meia nau encalhados na Praia de Imbuí (Niterói)

Cabine de comando do Magdalena

Porém, surpreendendo a todos, metade do navio não afundou, derivando até encalhar na Praia de Imbuí (Niterói) em frente ao local do afundamento da proa.
O capitão Douglas Lee e seu primeiro imediato foram culpados pelo acidente pela corte de justiça e tiveram seus registros suspensos por dois e um ano respectivamente.
Nos dias que sucederam o acidente, a abertura deixada na metade traseira do navio foi vedada com placas de aço e todo o segmento foi rebocado para um estaleiro no Rio de Janeiro, onde foi sucateado.
As máquinas do navio foram vendidas e, durante muitos anos, serviram como unidade termoelétrica, gerando eletricidade para a cidade de Manaus. Só tendo sido definitivamente aposentadas no início de 2000. Algumas fontes afirmam que janelas e outros aparelhos da cabine de comando foram utilizadas para ornamentar o salão do Jurujuba Iate Clube em Niterói.

Simulação da cabine de comando do Magdalena no Jurujuba Iate Clube, onde estão algumas peças, retiradas do navio durante o desmonte.
Na porta da boate do clube, jaz a alma do Magdalena; seu sino

 

 

 

 

   
A bitácula de bússola
Uma das bússolas do Magdalena
Uma das várias vigias do navio

Descrição

Partido na seção atrás de meia nau, só está parte do navio afundou. A posição dos destroços, no meio de uma dos canais da Baía de Guanabara, prejudicando a entrada de grandes navios, decretou seu desmonte. No mês seguinte o Magdalena começou a ser removido do fundo.
No dia 30 de maio, enquanto participava da remoção dos destroços do navio, a Chata DII acabou afundando na praia de Imbuí devido ao mar grosso que se estabeleceu. Em 22.03.1950, outra chata de nome Mato Grosso, sofreu com o mau tempo e teve o mesmo destino.
Durante a década de 60 e 70 o local ainda era marcado com uma boia com sino, avisando aos navegadores da obstrução.

 

 

Hoje, restam apenas poucas peças espalhadas por uma área de fundo de areia e pedras, as maiores partes foram removidas ou explodidas, e segundo a DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil) não são encontrados destroços a mais de um metro do fundo. Por isso a localização dos destroços não é muito fácil.
O mergulho no local é dificílimo. Primeiramente, pois é a passagem de grandes embarcações e por isso, de fundeio proibido. O local é um grande estreitamento na entrada da barra, assim, com o movimento das marés, as correntes no local são fortíssimas. Para pior tudo, a coloração da água da Baía de Guanabara, que embora no fundo não seja tão escura, no local devido a agitação e mistura, é próxima de zero.

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