Sumário
Histórico
Histórico
Este pequeno cargueiro a motor foi construído na Suécia e adquirido pelo armador brasileiro por volta de 1950. Partiu de São Francisco do Sul (SC) com destino ao Rio de Janeiro, a viagem iniciou-se com bom tempo, mar calmo e o navio desenvolvia uma média de 5 nós.
Tudo corria bem e o navio marcou o través do canal de São Sebastião, SP.
No início da noite, o vento rodou, o mar começou a apresentar vagas, aguaceiro e a visibilidade ficou reduzida. Durante a madrugada o Piraúna, que continuava a navegar, colidiu e acabou por encalhou na Ponta da Enseada do Sono, o navio se desprendeu, derivou um pouco mas acabou naufragando algum tempo depois.
Os passageiros e tripulantes refugiaram-se na Praia do Sono e depois foram levados para Parati, muitos com escoriações.
No acidente, três tripulantes, um marítimo, um moço de convés e o cozinheiro, além de um passageiro perderam a vida.
Segundo os pescadores locais, “muitos anos depois, parte da carga de toras de madeira de lei foi recuperada pelos moradores locais, que as utilizaram na construção de casas no próprio local.
(l)
(l) Ilustração com base na foto do cargueiro
(l) Vista da bela Praia do Sono
Pesquisa
À cerca de seis anos recebi do saudoso Raul Cerqueira a dica de um pequeno cargueiro naufragado no sul do estado, quase na divisa com São Paulo. Infelizmente ele mesmo não mais se lembrava da posição exata do naufrágio.
Cruzando essa informação com dados do SINAU, cheguei à conclusão de que poderia ser o Piraúna e comecei as pesquisas na Biblioteca e Arquivo Nacional.
Com algumas informações fechadas, Alexandre Fernandes, Célio Durães e eu partimos para a primeira prospecção.
Na primeira viagem em 2002, a parte mais difícil foi conseguir entrar no exclusivíssimo condomínio Laranjeiras, o que achávamos ser um dos pontos mais próximos do naufrágio. Depois de muita conversa com o chefe da segurança, conseguimos entrar no condomínio e alugar um barco, porém nem na água caímos.
Conversando com os pescadores locais descobrimos que eles não conheciam na região nenhuma posição de naufrágio a não ser de uma Escuna e a do naufrágio do Cairussú (na época não sabíamos que se tratava do Rio Macahuan). Descobrimos também que muitas casas dos avós dos pescadores haviam sido construídas utilizando madeira de um navio naufragado. Eles achavam que se tratava da carga do navio do Cairussú.
(l) Equipe que localizou o naufrágio
Miguel Alex, José Dias (JDias), Maurício Carvalho e Luiz Baltar
Em dezembro de 2005 voltamos à região, dessa vez estavam Leonardo Pimenta, Miguel Alex, Otto Carneiro e eu. Começamos as buscas, inicialmente em torno do costão da Ponta do Sono, porém embora a água estivesse clara nada localizamos. Iniciamos a passagem de garatéia pelas circunvizinhanças, porém sem resultados positivos, pois muitas pedras isoladas prendiam o equipamento.
Finalmente depois de desmarcarmos 3 finais de semana devido ao tempo muito ruim e apesar da previsão de mau tempo e de águas escuras, no dia 14 de outubro de 2006 partimos do Rio de Janeiro: José Dias, Luiz Baltar, Miguel Alex e eu. Chegando ao local passamos cerca de uma hora novamente passando a garatéia na tentativa de localizar os destroços. Finalmente conseguimos localizar o Piraúna.
(l) Vista da Ponta do Sono
(l) Comemoração após o achado
Dados básicos
Dados de localização
Dados técnicos
Descrição
Descrição
A popa está caída de cabeça para baixo ainda com o casco integro. O leme, virado 10º a estibordo e o hélice de duas pás, estão no local. O casco está íntegro por cerca de 11 metros em direção a proa. Nele, visualizam-se algumas grades de fundo, possivelmente de bombas d’água ou esgoto. Em torno do casco existem muitos fragmentos.
A partir de 10 metros da popa, pode ser visto uma grande abertura no casco a bombordo. A partir desta seção saem diversas peças, inclusive um pedaço do mastro.
Em torno dessa região existem peças espalhadas por todo o fundo. Uma segunda porção dos destroços encontra-se a cerca de 10 metros a esquerda dos destroços.
(L) Croqui parcial dos destroços.
Não foi possível fazer um levantamento adequado das
peças do fundo devido as condições de visibilidade do mar