Matéria – Sinais manuais de naufrágio

Matéria publicada pela primeira vez na revista - DIR Quest, Vol. 4 Nº 3 Summer 2003

Sinais manuais para identificação de peças de naufrágios

Na década de 1990, mergulhadores de naufrágios muito ativos do Rio de Janeiro sentiam falta de uma comunicação padronizada e mais eficiente.
Assim, para facilitar a comunicação em naufrágio foram desenvolvidos um conjunto de sinais manuais. Como era impraticável criar sinais manuais para todas as áreas de um naufrágio, desenvolvemos um conjunto restrito de sinais que consideramos serem mais úteis para áreas específicas e peças de naufrágio.
Além dos sinais manuais aprendidos durante o treinamento de mergulho recreativo, os mergulhadores em naufrágios se beneficiariam do uso de pelo menos três outros grupos de sinais manuais.

1 – Sinais manuais do equipamento do navio e seções específicas do naufrágio (ao qual esse artigo se refere), por exemplo,: proa, âncora, escovém, corrente, guincho, cabeço de amarração, convés, mastro, turcos/ botes salva-vidas, casco, quilha, caldeiras, máquinas, eixo, hélices e leme.

2 – O segundo grupo, já amplamente utilizado por mergulhadores em cavernas, representa os equipamentos utilizados durante as penetrações e diz respeito ao uso de carretilhas e lanternas. Devido à complexidade do interior de um naufrágio e à possibilidade de uma linha ser cortada como resultado do atrito ou contato com uma superfície metálica, é fundamental que todos os membros da equipe saibam o que se espera deles com relação a todos os aspectos do uso do cabo durante penetração. Os sinais manuais incluem sinais para lanterna, carretilha, rebobinar a carretilha, fixar o cabo, cortar e cabo embolado.

3 – O último grupo de sinais manuais trata de aspectos técnicos da penetração em naufrágios que envolvem o trabalho em equipe e perigos potenciais; nesta categoria estão inclusos: compartimento, teto, passagem estreita, parada, restrição, enrosco, sedimento e retorno a superfície.


Principais peças de um naufrágio (português / inglês)



Proa
Geralmente mais resistente pela estruturação do compartimento de colisão



Âncora
– Diversos modelos que devem ser aprendidos pelo mergulhador pois indicam o período de construção do navio



Escovém
– Peça (orifício e tubo) de passagem da corrente pelo casco, ligando a âncora ao guincho



Corrente –
Podem estar esticadas até âncora ou guardadas em seu compartimento formando um aglomerado



Guincho –
Responsáveis por recolher as âncoras, são muito bem fixados ao convés e definem a posição da proa



Cabeço de amarração – São responsáveis por fixar os cabos de amarração. Estão localizados nas bordas da embarcação e são proporcionais ao tamanho do navio

 



Convés –
Pavimento superior da embarcação, onde estão localizadas muitas peças de fácil identificação nos naufrágios



Mastros –
Podem ser de sustentação de velas ou mastros de carga, seu número também vai variar de acordo com o tipo de embarcação



Turcos –
Peças responsáveis por arriar e elevar os escaleres. Utilizados também nas embarcações antigas para elevar as âncoras, neste caso estão posicionados na proa



Casco –
Revestem externamente a embarcação. Podem ser fabricados em madeira, madeira chapeada com cobre, ferro e aço, com placas rebitadas ou soldadas dependendo do período



Caldeira –
Geram o vapor para as máquinas. Na maioria das vezes, são cilíndricas com duas ou três aberturas (fornalhas) frontais

 



Máquinas –
Podem ser de diversos modelos, sendo movidas à vapor ou a diesel, dependendo do período de construção



Quilha –
Espinha dorsal, no fundo da embarcação, onde são fixados os cavernames, mastros e outras peças estruturais



Popa –
Seção terminal onde estão as peças responsáveis pelo direcionamento da embarcação, como volante do leme e o leme. O formato dependerá do tipo de embarcação

 



Eixo –
Conecta as máquinas as rodas de propulsão ou ao hélice. Quando a sala de máquinas é central, se estende por baixo de todo porão de popa



Hélice –
Seu formato, número e o tipo de encaixe das pás indicam o período de construção da embarcação. Podem existir hélices reserva



Leme –
Direcionam a embarcação, estando presos ao navio por governaduras (dobradiças) ou por um eixo. Seu giro é feito pelo volante do leme no convés


Ao usar sinais manuais, é importante lembrar o seguinte:

  • Execute sinais de mão lentamente, com energia e com precisão na frente do seu rosto e do membro da sua equipe. Em situações estressantes, sinais manuais subestimados passam despercebidos.
  • Para evitar mal-entendidos, execute apenas alguns sinais em cada mensagem. Se você precisar de vários sinais de mão para comunicar seu ponto, uma prancheta de escrita.
  • Antes de mergulhar com um novo companheiro, verifique se ele conhece os sinais específicos para o tipo de mergulho a ser feito.
Rolar para cima