O naufrágio mais famoso de Bonaire - Caribe
Hilma Hooker – Bonaire
O passado sombrio do mais frequentado navio do Caribe
Texto Maurício Carvalho
O tráfico de drogas, utiliza com muitas frequência o transporte marítimo para contrabandear suas cargas. Muitas vezes são utilizados navios mais velhos e de proprietários laranja. Assim quando a policia descobre a droga a embarcação costuma ser abandonada. Ao longo dos processos as embarcações acabam abandonadas ou leiloadas. Por isso tudo o trafico tem sido um dos grandes fornecedores de navios para afundamentos pelo mundo, são exemplos, além do Hilma Hooker, o Oro Verde (Cayman) Tunamar (antigo Solano Star – o navio da lata, que revolucionou o verão de 1987 Rio de Janeiro),
O Hilma Hooker em Bonaire ponto marcado pelas famosas pedras amarelas tem sido um dos naufrágios mais frequentados pelos brasileiros. Pode parecer brincadeira, mas quando perguntamos os naufrágios que os mergulhadores conhecem, esse famoso navio do Caribe, aparece muito mais do que naufrágios de Abrolhos, Salvador ou Recife por exemplo.
Bonaire é sem dúvida um dos destinos internacionais mais frequentados pelos brasileiros e por isso, o grande interesse neste naufrágio. As condições estruturais do Hlima Hooker são semelhantes a alguns naufrágios brasileiros, como o Pinguino e Lily, apenas em momentos diferentes. Eles estão deitados de lado com sua casaria forçando a estrutura do convés, o que, infelizmente reduz em cerca de 30% a estimativa de integridade das estruturas.

O Hilma Hooker
Construído na Holanda em 1951 com o nome de Midsland, esse cargueiro de 72 metros, passou por vários proprietários que o batizaram sucessivamente de Mistral, William Express, Anna, Doric Express. Finalmente de propriedade colombiana tornou-se o famoso Hilma Hooker, graças a uma certa ervinha do demônio.
Em 1984 o cargueiro seguia viagem com destino a portos dos Estados Unidos quando, devido a problemas mecânicos no leme, ficou a deriva e acabou rebocado ao porto principal de Bonaire. As autoridades decidiram verificar a documentação e revistar o navio, pois existiam suspeitas do FBI de que ele estaria transportando drogas. Acondicionadas em um compartimento falso, os policiais encontraram mais de 25.000 quilos de maconha.
O cargueiro foi confiscado, mas devido a falta de documentos, não se conseguiu identificar os proprietários. Ao longo dos meses do processo o navio permaneceu ocupando o cais de Bonaire.
As operadoras locais desejavam que o governo afundasse o Hilma Hooker, para criar um ponto de atração para os mergulhadores. Mas o governo das Antilhas Holandesas alegava que o navio era evidência do crime, mas não a prova de culpa dos proprietários e dependendo das investigações poderia até ser devolvido a eles. tur, adipisci velit, sed quia non numquam eius modi tempora incidunt ut labore et dolore magnam aliquam quaerat voluptatem. Ut enim ad minima veniam, quis nostrum exercitationem ullam corporis suscipit laboriosam, nisi ut aliquid ex ea commodi consequatur? Quis autem vel eum iure reprehenderit qui in ea voluptate velit esse quam nihil molestiae consequatur, vel illum qui dolorem eum fugiat quo voluptas nulla pariatur?”
O Naufrágio
Meses se passaram e o Hilma Hooker, sem manutenção, já fazia água, o que obrigava o bombeamento constante e colocava o píer em risco. Assim, foi decidido que o navio seria levado a um novo ponto de ancoragem “temporária”, até que o problema fosse solucionado. O interessante nesse caso, é que a associação das operadoras de mergulho da ilha opinou sobre o melhor local para fazê-lo. Estranho, mas muito conveniente.
Hilma Hooker em seus momentos finais – Naufrágio “inesperado”
No dia 07 de setembro o navio foi rebocado do porto e ancorado neste novo local estratégico. Em poucos dias começou a apresentar um ligeiro adernamento e logo a água já atingia a linha inferior de vigias. No início da manhã do dia 12, sem que “ninguém esperasse”, o navio virou sobre boreste e afundou, parando de lado no fundo de areia apoiado pelos mastros, a aproximadamente a 27 metros. Uma “surpresa” para todos.
Desculpem o excesso de aspas no texto; mas tanta erva torna as coisas pouco claras. A maconha, segundo as autoridades, como sempre acontece nesses casos, foi “queimada”.
Após o afundamento, as operadoras de mergulho uniram-se para tornar o naufrágio mais seguro. Providenciaram a abertura de passagens, a retirada de portas e outros objetos que pudessem oferecer risco aos mergulhadores.
Atualmente o naufrágio se apresenta entre 15 e 27 metros, à cerca de 100 metros da praia, apoiado em uma faixa de areia entre duas linhas de corais que se estendem ao longo da costa. Ele é marcado por duas boias, uma na proa e outra na popa.
Após 40 anos no fundo o naufrágio já começa a apresentar sinais de quebra da sua estrutura.
A proa do Hilma Hooker ainda mostra parte da corrente e o escovém da âncora
Os mastros do 1º e 2º porões apoiando o casco da embarcação são a marca registrada do naufrágio
Em naufrágios de lado os mastros apoiam-se no fundo equilibrando o casco
Uma das tampas do porão caída na frente da estiva – Parte do segundo casario
Com o casco fortemente adernado, o leme e o hélice estão voltados para cima
O Hilma Hooker apresenta dois pequenos casarios um a meia nau, onde estava a cabine de comando e outro mais a ré, onde ficavam a cozinha e o alojamentos da tripulação. Na frente de cada casario está um grande porão, que tiveram as tampas da abertura (estivas) removidas e hoje estão caídas no fundo à frente das aberturas. Na frente de cada porão estão seus mastros de carga de carga, que se inclinam até tocar o fundo.
Os porões estão vazios e se comunicam por um pequeno corredor. Neles a penetração é fácil e segura. No entanto, na parte de baixo da popa está a sala de máquinas, onde muitas estruturas tornam a penetração mais arriscada. Logo na entrada, encontra-se uma placa que adverte da morte de um mergulhador.
Planejamento de mergulho O que mais chama atenção no Hilma Hooker atualmente é a constante e cada vez mais visível deformação da casaria, que pendurada na lateral do navio, cria uma força de alavanca que invariavelmente romperá o casco nesta posição.
Esse processo de torção é bem conhecido dos mergulhadores de naufrágios com treinamento adequado. Ela é a causa do desabamento do casario no Pinguino (Angra dos Reis) e alguns anos levou a destruição do casaria do Lily (Bombinhas). As chapas da casaria se dobram, abre-se uma fenda entre ela e o convés e todo o conjunto desaba.
Placa sala de máquinas, alertando os mergulhadores do risco – Linha de ruptura no casario do Hilma Hooker.
A casaria inclinada cria torção no casco