Sumário
Histórico

Esta classe de navios era conhecido como Hog Islanders, pois foi construído originalmente sob o nº 64 da série 122 da American Internacional Shipbuilding” Company. Lançado no final de 1919 como Cliffwood, foi entregue para o gerenciamento da armadora americana Southern States Lines, onde atuou por 10 anos seguidos, servindo as rotas da América Central.
Em 1930 o Cliffwood foi adquirido pela American Scantic Line. O navio foi então reformado ligeiramente e empregado na linha entre Nova Iorque-Copenhague e portos do Mar Báltico. No final da década de 1930 foi rebatizado com o nome de Mormacsea.
Hog Island e uma pequena ilha fluvial na Filadélfia, onde estava estabelecida a empresa United States Shipping Company, incumbida de produzir navios em massa, devido as necessidades impostas pela 1ª Guerra Mundial.

Em outubro de 1939 o governo Brasileiro, em um plano de revitalização da navegação do Brasil, financiou ao Lloyde Brasileiro a compra de treze navios da série Hog Islanderes.
Eles possuíam tonelagem bruta entre 5,400 e 5,800 toneladas. Eram do tipo de desenho clássico, com três castelos, uma única chaminé‚ e dois mastros com 11 páus-de-carga. Os cascos eram divididos em dois decks e cinco porões.
O maquinário era constituído por uma turbina-a-vapor e uma única hélice, permitindo velocidades de cruzeiro próximas a 10 nós.
Em 1940 o navio é vendido ao Lloyde Brasileiro e rebatizado Commandante Pessoa.
Dados básicos
Dados de localização
Dados técnicos
O Naufrágio

A meia noite do dia 04 de maio de 1954 o vapor, que procedia de Areia Branca, RN, com um carregamento de sal, destinado ao Recife, chocou-se com um arrecife ao largo do Cabo de São Roque conhecido como Risca do Zumbi, no mesmo estado e permaneceu encalhado.
Após o encalhe foi emitido um pedido socorro, respondido pelo petroleiro inglês San Salvador que seguia para Curaçao. O petroleiro logo se cercou do local do acidente. Com o amanhecer, 32 dos 46 tripulantes foram passados ao San Salvador, permanecendo a bordo o comandante Borges e 13 auxiliares.
A Marinha enviou o caça submarino Piranha e o rebocador Triunfo para auxiliar no salvamento.
A FAB enviou de Natal um avião, que ao regressar comunicou que o navio estava sendo rebocado. Cada vez mais alagado, os últimos tripulantes passaram ao navio auxiliar Pirangi, não havendo vítimas.
Os comandantes da época costumavam navegar entre a risca e o continente, para ter o visual da costa, mas alguns preferiam o curso mais seguro, já que a risca era pouco mapeada e circulavam por fora. Aparentemente o comandante Andrade, não abriu o suficiente.
O Commandante Pessoa rompeu o primeiro porão e a praça de máquinas, devendo ter recebido muita água junto à carga de sal, o que agravou sua condição de flutuabilidade, o cargueiro estava irremediavelmente perdido, naufragando pela madrugada.
Esponjas tubulares amarelas colonizam todos os destroços
O leme virado para boreste e a inserção do hélice removido
Cardumes de enxadas cercam o naufrágio por todos os lados impressiona os mergulhadores
Descrição
O Comandante Pessoa está distribuído em três grandes porções.
Da popa até a meia nau, na altura da casa de máquinas, o casco está emborcado para boreste. Junto à popa existem algumas aberturas e um cabeço de amarração já caído sobre a areia.
A popa, voltada para a superfície à cerca de 23 metros, possui um leme, o hélice foi removido, junto a sua inserção no casco.
Seguindo-se em direção à meia nau poucas estruturas estão visíveis. No meio do navio existe uma grande abertura que dá acesso à casa de máquinas. Por essa abertura pode se seguir em direção à popa, por onde um rasgo dá acesso ao exterior pouco antes do hélice. Na direção a proa está o motor diesel, que possui um compartimento circular a frente da turbina, muitas vezes confundido com uma caldeira.
Pilhas de casco dos porões de proa Separação entre popa e proa
O segundo segmento do navio e formado pela proa da embarcação, que está adernada para boreste. Muito pouco sobrou dessa estrutura evidenciando um possível choque com o fundo. Um pequeno mastro está caído na areia, além disso, podem ser vistos: um guincho, dois cabeços de amarração, os escovéns e no de bombordo a âncora ainda encaixada. Uma parte do casco de bombordo está apoiada em pé no fundo e forma uma verdadeira parede que separa a proa da terceira seção dos destroços atingindo 18 metros.
A terceira parte dos destroços é formada por um grande empilhamento de casco, existe uma grande seção ainda intacta de porão. Sobre o fundo duas grandes estivas de porão e restos dos mastros assinalam que nesta região estavam provavelmente os dois primeiros porões, que devem ter sido quebrados no choque contra o fundo.
Todo o casco está coberto por uma quantidade enorme de esponjas tubulares amarelas deixando o naufrágio muito colorido.
No meio do casco emborcado está a abertura que dá acesso a um túnel com saída na popa e a casa de máquinas, onde estão a turbina, o motor e um grande tanque de combustível
Todo o costado oscila com a corrente podendo cair a qualquer momento. No detalhe pode ser visto os três sulcos formados pelo cavername ao oscilar na seção do casco. O cenário é incrível
Veja mais detalhes na Matéria da Revista Mergulho Nº 140, março de 2008
SINAU
Para mais informações, acesse o Sistema de Informações de Naufrágios - SINAU
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