CONCAR

Sumário

Histórico

O navio Concar foi o segundo cargueiro de uma série construído em Bilbao na Espanha e lançado ao mar em 1957. Era um cargueiro adaptado também a navegação fluvial com 1200 toneladas, 67 metros de comprimento e motores diesel de 1480 BHP atingindo 12 nós.
Segundo alguns autores o nome Concar constituía-se pelas primeiras letras dos nomes das duas netas do proprietário: Conchita e Carmem. Embora não tenha sido possível confirmar essa informação.
No ano anterior, já havia sido lançado seu “sister ship” o Valle de Mena, que também afundaria em 3 de abril de 1962 no Golfo de Biscaia.
Entregue a firma Vasco Madrilena de Navegacion SA. também de Bilbao, fazia sua primeira viagem partindo do porto espanhol de Torrevieja e escalando em Barcelona, Valencia, Malaga e Sevilha, Santos no Brasil, com destino final a Assunção no Paraguay. A rota tinha sido inaugurada meses antes por seu irmão gêmeo, o Valle de Mena.

Dados básicos

Nome do navio: Concar
Data de afundamento: 21.10.1959

Dados de localização

Local: Ilha de São Sebastião
UF: SP
País: Brasil
Posição: Ponta da Pirassununga
Latitude: 23° 54′ 07″ sul
Longitude: 045° 13′ 0″ oeste
Profundidade mínima: 07 metros
Profundidade máxima: 26 metros
Condições atuais: desmantelado

Dados técnicos

Nacionalidade: espanhola
Ano de fabricação: 1957
Estaleiro: Astilleros T. Ruiz de Velasco (Espanha).
Armador: Tomas Ruiz de Velasco S.A.
Deslocamento: 990 toneladas
Comprimento: 67
Boca: 10
Tipo de embarcação: cargueiro
Material do casco: aço
Carga: cara variada
Propulsão: motor diesel
Motivo do afundamento: choque com a ilha

O Naufrágio

“Sister ship” do Concar o Valle de Mena

Partiu da Espanha no dia 15 de setembro de 1959, sob o comando do Capitão-de-longo-curso Antônio Olindo, com 18 tripulantes e uma carga de 1.141 toneladas, de azeite, azeitona, cortiça e óxido de ferro. Das quais, destinadas ao porto de Santos, onde deveria aportar no dia 30 de outubro. Navegou para Tenerife de onde partiu no dia 13 de outubro, passando por Abrolhos, farol de São Tomé (RJ), farol de Cabo Frio (RJ) em direção a São Sebastião (SP).
No dia 28 às 21:30 h calculou-se montar a Ponta do Boi na Ilha de São Sebastião. O tempo era chuvoso e o vento moderado, a visibilidade era ruim e por isso foi determinada diminuição da velocidade e colocação de um vigia.
Às 3:00 foi sentido que o navio colidira com obstáculo e subitamente o navio chocou-se contra a costa, encalhado na Ponta de Pirassununga, extremo sul da Baía de Castellanos, próximo da Ponta da Pirabura na Ilha de São Sebastião, onde naufragará em 1916 o também espanhol Principe de Asturias.
Imediatamente foi ordenada toda máquina atraz, porém o navio não mais se deslocou. O comandante mandou sondar os porões, descobrindo que vários deles estavam alagados. Foi emitido um S.O.S e as bombas postas a funcionar, porém não surtiram efeito, a casa de máquinas foi alagada, as máquinas e geradores pararam e o Concar ficou sem eletricidade.

O Navio estava fortemente adernado para bombordo, 2/3 do seu casco de boreste estava preso sobre as rochas, o que causava um declive acentuado e o convés de popa praticamente na linha da superfície. Com o mar agitado, cada onda varria o convés e inundava o navio pelas tampas das estivas, que já estavam danificadas pela torção do casco.
A tripulação dirigiu-se à proa onde permaneceu por algum tempo, até acessar, através de cordas, as pedras da costeira. Horas depois, com a melhora do tempo, o capitão e alguns marinheiros retornaram a bordo.
Na madrugada, a estação rádio do cruzador Barroso, fundeado na Guanabara(RJ) captou o S.O.S. Imediatamente o estado maior da armada comunicou-se com o capitão dos portos de Santos pedindo providências, solicitou a FAB, que aviões da base aérea de Santos realizassem voos para conhecer a situação do navio e aconselhar a que fosse indispensável na emergência e comunicou a Troncosco Hermano e CIA, agentes do navio do ocorrido.
A capitania de Santos pediu a navios próximos que prestassem auxilio. Responderam o navio Marajó I e o cargueiro de Irmãos Gomes, que oito ano depois também afundaria, em um choque com a ilha Queimada Grande, no litoral de São Paulo.

O socorro

De Santos partiu o rebocador Sabre com o prático Sr. José Console, mas por sua marcha lenta, somente chegou ao local do encalhe às 20:00 H. porém, devido ao mar agitado e a posição do navio sobre as rochas, pouco podia ser feito. O rebocador Sabre ainda tentou passar um cabo de aço para puxar o navio, mas o capitão do Olindo não aceitou, por medo de fraturar o navio.
Parte da tripulação foi transportada para ponto mais seguro da ilha. O capitão Olindo recusou-se a deixar o navio.
O tempo não amainava e o Concar sofria o embate do mar e começava a perder estruturas, outras peças, parte da carga. As latas de azeite que flutuavam, eram recolhidos pela tripulação por meio de um bote e levados até terra firme. Após dois dias, com o Concar cada vez mais mergulhado de popa, foi ordenada o abandono da embarcação.
A Tempestade que varreu as costas da Ilha de São Sebastião, na noite de 17 para 18 de novembro, selou definitivamente a agonia de 20 dias do navio. O Concar quebrou em três partes, a proa permaneceu presa a costeira e à seção de meia nau e a seção de proa, já separadas, afundaram. O resto da carga que permanecia nos porões espalhou-se pelo mar.

 

Choque do navio Concar preso a ponta da Pirassununga

A localização dos destroços do Concar ainda não foi confirmada, embora alguns mergulhadores afirmem que já estiveram no naufrágio.
Embora agora com a foto da posição do navio na costeira fique fácil posicionar o local dos destroços que sobraram

Porém a posição mais externa na Ilha de São Sebastião dificulte muito o processo de localização, dependendo de expedições específicas para o local.


O Saque

Da carga do Concar somente foram salvas oficialmente 17 toneladas. Em novembro de 1959, os jornal anunciavam o saque da carga “Procissão de luzes na noite do mar, piratas atacam como piranha o Concar perdido”. Dezenas de pequenos barcos seguiam para o navio à noite e as notícias que chegavam do litoral, davam conta de que as latas de azeite e alho se encontram em todas as localidades da Ilha.
Foram recolhidos na costeira próxima aos destroços, caixas de baralhos, 150 caixas de sabonete, duas centenas de vidros de perfume que não constam no manifesto de bordo, o que levantou a suspeita de que o barco também carregava contrabando e se afastara propositadamente da rota para passar as “muambas”.
Do saque, quinhentas latas de azeite foram apreendidas pela delegacia de roubos. Quatro anos depois, as latas de azeite ainda estavam enferrujando e vazando num depósito da polícia.


A pesquisa (2025)

Sempre me perguntei o porquê do naufrágio do Concar não era frequentado por mergulhadores. Ele daria um ótimo segundo ponto de mergulho após o Principe de Asturias. Mas as informações desse navio sempre foram confusas. Até que em julho de 2025, durante a pesquisa do naufrágio do Irmãos Gomes, esbarrei com as informações do resgate dos destroços do Concar.
Sempre me perguntei o porquê o Concar não era frequentado por mergulhadores. Ele daria um ótimo segundo ponto de mergulho após o Principe de Asturias e as informações desse navio sempre foram confusas. Até que em julho de 2025, durante a pesquisa do naufrágio do esbarrei com as informações do resgate dos destroços do Concar.
Agora tudo fica mais claro – Menos um mistério dos naufrágios da Ilha de São Sebastião.

O resgate

Ainda em 1959 a empresa seguradora chegava a um acordo com as autoridades do Ministério da Marinha, no Rio, para dar início á operação de resgate dos destroços.

Em agosto de 1962 os jornais davam conta de que escafandristas e “homens-rãs” estavam trabalhando ativamente para retirar do fundo partes do Concar. O navio Piratininga equipado com guindastes e o barco baleia, fundeados na ponta da Pirassununga, davam apoio à operação. Foram retiradas partes da casa de máquinas, hélice, eixo, leme, âncoras e outros equipamentos, que seguiam para São Sebastião e eram guardados em um armazém construído para este fim. Por terra, operários acessavam, por uma trilha para a enseada do Sombrio, a proa do Concar, que ainda permanecia preso nos rochedos.
Os trabalhos foram interrompidos diversas vezes devido às condições meteorológicas difíceis, com ondas violentas na região e mesmo o Piratininga foi avariado e teve de retornar a São Sebastião para reparos.
No dia 05 de março de 1963, o Jornal Última Hora anunciava ” devido à fúria do mar, foram abandonados definitivamente os trabalhos de salvamento do cargueiro espanhol Concar.
Encerrava-se mais um ato da história trágico marítima do Brasil e o Concar, em local muito isolado da ilha de São Sebastião e com poucos destroços no fundo, era praticamente esquecido.ck
Agora fica claro para mim que muito pouca coisa deve ter sobrado dos destroços do Concar e por isso deve ser difícil local localizar e identificar os naufrágio.

Compartilhe

Rolar para cima