DRAGUINHA (Draga Nº 9)

Sumário

A Descoberta

Até janeiro de 2006 este naufrágio era apenas conhecido como Draguinha e não se conhecida sua identidade e história. Pelas informações recolhidas não tínhamos certeza nem de se tratar de uma draga.
Durante a viagem no barco Voyager tive a oportunidade mergulhar uma vez nos destroços e identificar tratar-se realmente de uma draga de esteira do início do século XX.
Utilizando a documentação do Tribunal Marítimo foi identificado em 1961 o acidente de uma draga da Cia. Nacional de Construções Civis e Hidráulicas, construída em 1933 e no local aproximado do naufrágio da Draguinha.
Isso seria suficiente para a identificação se próximo não existisse outro naufrágio de nome Dragão. Também uma Draga, mas de maiores proporções. A solução era confrontar as medidas das duas embarcações.
Entrei em contato com o amigo Aldemar de Maceió, e que a tempo também pesquisa a identidade desdes naufrágios, pedindo que medisse o navio.
Ele não esperou nem o final de semana, resultando em uma medição de 41,7 metros de comprimento, que se ajustava perfeitamente aos 41,6 metros dos documentos originais.
No dia 02.02.2006 era o fim de mais um mistério a Draguinha tratava-se na verdade da Draga Nº 9.

Histórico
O acidente da Draga Nº 9
No dia 24.06.1961, a Draga Nº 9, de propriedade da Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas, partiu, a reboque do navio Icaraí, do porto do Rio de Janeiro com destino a Recife, PE.
Segundo os proprietários para a viagem foram providenciadas reformas no casco, sala de caldeiras, máquinas e instalações elétricas. Além disso, foram soldadas pelo lado das janelas placas de ferro.
A altura de Vitória, ES., sob mau tempo, partiu-se o cabo de reboque. Não havendo recursos para o reparo o Icaraí comunicou-se com Vitória e pediu auxílio. Um rebocador chegou ao local, passou um cabo de reboque e levou a Draga para o porto, onde permaneceu seis dias.
No dia 7 de julho de 1961 a Draga zarpou de Vitória a reboque do rebocador Governador Lacerda até fora da barra. Aí, o Ceres passou a rebocá-la, com destino a Recife, PE.
No dia 13, cerca das 13:25 horas o mestre da Draga comunicou-se com o rebocador. Aparecerá água no porão de boreste e as bombas funcionavam sem parar. Além disso, faltava água para o consumo. No amanhecer do dia 14 a Draga adernou e soçobrou. Foi cortado o cabo de reboque e o Ceres resgatou a guarnição da draga que já abandonara o navio.

(L)Sistema de dragagem da primeira metade do século XX. (L)Ponta da lança de dragagem

Dados básicos

Nome do navio: Draga nº 9
Data de afundamento: 14.07.1961

Dados de localização

Local: Maceió
UF: AL
País: Brasil
Posição: 7 milhas da praia de pajuçara
Latitude: 09º 46′ 628″ sul
Longitude: 035º 38′ 895″ oeste
Profundidade mínima: 30 metros
Profundidade máxima: 35 metros
Condições atuais: desmantelada

Dados técnicos

Nacionalidade: brasileira
Armador: Cia. Nacional de Construções Civis e Hidráulicas
Deslocamento: 247 Toneladas
Comprimento: 41,7 metros
Boca: 7 metros
Tipo de embarcação: Draga de caçambas
Material do casco: aço
Carga: Vazia
Propulsão: sem propulsão
Motivo do afundamento: mau tempo

Descrição
Este navio draga está totalmente emborcado, sua proa é formada por dois cascos, separados por cerca de 3 metros, por onde passava a estrutura de dragagem. Na proa, ainda é possível ver a lança de dragagem caída sobre o casco de boreste, que está totalmente apoiado no fundo.
No casco de bombordo existe uma antepara junto a uma grande roldana de giro do sistema de dragagem. O casco de bombordo está emborcado parcialmente sobre o casco de boreste.

Seguindo em direção à popa encontramos parte do sistema de dragagem. É possível penetrar sobre o casco que é amplo e diversos pontos de luz podem ser vistos entre os destroços. No meio da embarcação existe o que sobrou da torre do sistema de dragagem.
A partir do meio da embarcação, o casco está rompido podendo ser vista a estrutura interna e duas grandes caldeiras apoiadas na areia. A popa totalmente emborcada apresenta roldanas com cabos de aço. Não existe nenhum sistema de propulsão própria.
O casco de bombordo está totalmente emborcado e apresenta-se quase intacto, apenas com alguns furos. Poucos destroços são encontrados fora do naufrágio.

Navio draga naufragado na Austrália para compor um recife artificial do mesmo tipo da Draga Nº 9
Reparem a esteira de caçambas e a torre na proa

 

(L)Muitas passagens no interior dos destroços (L)Proa com o sistema de dragagem  (L)As 2 caldeiras estão caídas fora dos
destroços sobre o casco de bombordo (L)O interior do casco de boreste é amplo  e permite uma boa penetração  (L)Braço de dragagem caído sobre o casco de boreste  (L)A grande roldana, posicionada na ponta do braço de dragagem

 

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