EUGENE V. R. THAYER SS. (Petroleiro do Acaraú)

Sumário

Texto Ricardo Macieira e fotos Karine Venegas
Expedição
Nossa expedição tem início em Fortaleza às 3:00 da manhã do dia 08/07/2023. São 220 km de carro até o município de Itarema, de onde partimos do cais do Porto dos Barcos.
A embarcação de pesca Erica 2 nos aguarda, sob o comando do Mestre Edinardo (Irmão). A operação de mergulho fica a cargo do instrutor Paulo Roberto (Siará Scuba Dive) e da equipe Rambo Dive.
Temos 4h de navegação pela frente no pesado mar cearense, a ponto de cabos serem esticados no barco, para podermos nos locomover em segurança.
À 23 milhas da costa de Acaraú, chegamos ao nosso destino. O SS Eugene Thayer repousa sob um extenso banco de areia, a 18 metros de profundidade. A ancoragem é feita no naufrágio sob forte corrente de superfície com a descida dos mergulhadores feita no cabo.
Dois mergulhos foram realizados com EANx 32, com excelente visibilidade (acima de 20 metros). No primeiro mergulho foram coletadas colônias das duas espécies de coral-sol que dominam o naufrágio, para o trabalho da Karine Venegas, pesquisadora da Bio Bureau Biotecnologia.
No segundo mergulho, navegamos por todo o naufrágio, o mesmo encontra-se semi-inteiro, com a proa e a popa mais bem conservadas, e grande destruição à meia-nau. Apresenta boas penetrações nos cavernames e porões de proa, além de intensa vida marinha: raia-prego, cardume de barracudas,
peixes-galo, cirurgiões e até meros habitando o naufrágio. Além disso, observamos alguns peixes-leão, que são invasores assim como o coral-sol já citado acima.
Na volta, mais 4h de navegação nos esperam, dessa vez com um típico pirão nordestino e posta de atum para alegria de todos.
Retornamos ao cais por volta de 20:30 com a sensação espetacular de dever cumprido, tendo visitado uma relíquia da Segunda Guerra Mundial, sendo um naufrágio onde muito poucos foram até hoje.

 

(L) Karine Venegas
Mergulhadora, bióloga marinha
e pesquisadora
Bio Bureau Biotecnologia
@kavenegas_ (L) Ricardo Macieira
Instrutor PADI MSDT

@rico27macieira  (L) Juntos, Coral-sol e o Peixe-leão, dois bioinvasores  (L) (L) Encarar o mar do Ceará. Missão para pai e filha

 

Histórico
Em tempos de Guerra, navios eram construídos em massa para suprir a enorme demanda das nações envolvidas.
De fabricação norte-americana, mais de 500 petroleiros de propriedade da Sinclair Refining Co., New York, foram produzidos pelo estaleiro Bethlehem S. Corp. Ltda, Delaware.
Entre eles, o SS Eugene Thayer, que mais tarde viria a ser conhecido como o Petroleiro do Acaraú.

(L)SS Eugene Von Thayer (L) Petroleiro da classe Sinclair, mais de 500 foram construídos

O ataque
Na noite de 09/04/1942, fazendo a rota de Buenos Aires (ARG) para Caripito (VEN), foi interceptado e bombardeado diversas vezes pelo submarino italiano Pietro Calvi, que na época patrulhava o Atlântico Sul.
Dos 37 tripulantes a bordo, 11 morreram na tentativa de abandonar o navio, os demais foram resgatados em botes salva-vidas.
Após dois dias ardendo em chamas, o SS Eugene Thayer finalmente naufragou.
(L) Submarino italiano Pietro Calvi

 

Descoberta do Eugene V. R. Thayer

From: Rodrigo bricks
Sent: Sunday, March 25, 2012 9:42 AM
Subject: Novo Naufrágio identificado: Eugene V. R. Thayer
Fala Maurício;
Ontem fui no lendário petroleiro do Acaraú. Aqui no CE fazemos só mergulhos difíceis, de doido mesmo , mas ontem batemos o recorde, bem difícil de ir até lá, mas isso é outra história, no fim valeu a pena.
Foi um dos naufrágios mais fantásticos em que já estive, fiz muita gravação de vídeo…
Deu pra identificá-lo, trata-se do Navio: Eugene V.R. Thayer naufragado em 09/04/1942
Na bochecha de Boreste deu pra ver claramente as letras AYER gravadas em relevo, e no bombordo dava pra ver as letras GE_E entre os dois és tinha uma esponja ou ascídia em cima … não deu pra ver a letra de baixo, mas juntando as peças é com certeza o Eugene Thayer, afundado na segunda guerra por um torpedo de u-boat.

Pode colocar como localizado no Site, vou ver se separo algumas fotos retiradas dos vídeos e vejo até se pelos vídeos dá pra fazer um croqui e fazer um artigo sobre.
Rodrigo Bricks – Mar do Ceará – http://mardoceara.blogspot.com/
(L) Letras Y E R que permitiram a
identificação do naufrágio

(L) (L) (L)
A proa petroleiro com parte do reforço de proa e do casco já colapsada, no seu interior vários meros

Dados básicos

Nome do navio: S.S. Eugene V. R. Thayer
Data de afundamento: 09.04.1942

Dados de localização

Local: Acaraú
UF: CE
País: Brasil
Posição: ao largo de Acaraú
Latitude: 02º 29.530′ sul
Longitude: 039º 51.810′ oeste
Profundidade mínima: 08 metros
Profundidade máxima: 18 metros
Condições atuais: semi-interio

Dados técnicos

Nacionalidade: norte americana
Ano de fabricação: 1920
Estaleiro: Bethlehem Shipbuilding Comp. ( Wilmington, USA).
Armador: Sinclair Refining Co., ( New York, USA).
Deslocamento: 7.135 toneladas
Comprimento: 129 metros
Boca: 17,7 metros
Tipo de embarcação: petroleiro
Material do casco: aço
Carga: Petróleo
Propulsão: motor diesel
Motivo do afundamento: Atacado pelo submarino italiano Pietro Calvi

Descrição
A localização do naufrágio já era conhecida há tempos, por pescadores e caçadores, devido à rica vida marinha no local.
Em 2012, uma expedição da Mar do Ceará identificou o petroleiro pelas letras gravadas em relevo no costado de proa, após associação com pesquisas e referências de coordenadas geográficas.
Nessa última década, o processo de desmantelamento vem aumentando, pois o navio é sujeito às fortes correntes devido à pouca profundidade.
É possível identificar várias peças ao longo do naufrágio, principalmente nas áreas de proa e popa.
Grandes guinchos, cabeços de amarração, parte do eixo e cana do leme estão bem visíveis na popa, que se inclina para boreste, além da chaminé tombada no mesmo lado.
À meia nau, o navio encontra-se bastante desmantelado, pois foi a área extensamente bombardeada. Cabeços de amarração e parte do mastro são vistos no areal.
A proa é a área mais preservada, com escadas, estivas e porões ainda intactos, onde abrigam-se tubarões-lixa e meros. Os cavernames já estão expostos, fornecendo luz durante as penetrações.

 

    (L)O petroleiro está apoiado na areia (L)Cavername no interior de um dos porões (L)Parte da chaminé caída a boreste(L)Detalhe do volante do leme (L)À meia nau muitos destroços (L)Na popa o volante do leme  (L)Estrutura de saída da chaminé e gaiutas laterais (L)Cabeço de amarração junto ao bordo caído (L)A estrutura de popa caída para boreste

 

Agradecimentos

        

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