THEREZINA

Sumário

histórico
Um dos 44 navios alemães confiscado pelo Brasil em 1917 (1ª Grande Guerra) e confiscados e transferido para o Brasil posteriormente pelos proprietários originais, como indenização pelos navios atacados durante o período da 1ª guerra (Paraná, Tijuca, Lapa, Maccau, Acari, Guaiba e Maceió).
Entre eles alguns acabaram por afundar no litoral do Brasil ou durante a 2ª guerra, entre eles estão: Asuncion (Campos – SP.), Carl Woerman (Atalaia), Franken (Taubaté – PE.), Gertrude Woerman (Siqueira Campos – CE.), Henny Woerman (Uberaba -MA.) Rauenfels (Lages – PA.), Sierra Nevvada (Bagé – BA.), Tijuca (Baependy – SE.)
Construído como Siegmond por Dampfschiffs-Rhederei “Union”, Hamburg; em 1907 foi vendido a Hamburg-Amerika Linie (HAPAG) ; em 1914. Chegou a Bahia e em 06.1917 é foi apreendido pelo governo Brasileiro sendo posteriormente repassado ao Lloyd Brasileiro e rebatizado Therezina.

Após completar um embarque de farinha entre outros gêneros no porto de Santos o vapor Therezina partiu com destino a Europa, ainda com várias escalas no Brasil. Na madrugada do dia seguinte, a estação telegráfica em Santos recebeu comunicação de que o Therezina este encontrava-se encalhado sobre pedras do chapadão sul da Ponta do Boi, Ilha de São Sebastião, próximo à Ponta da Sela.

(L) Therezina ainda como navio alemão Sigmound

Acidente
Chovia muito e a visibilidade era limitada na noite de 02 de Fevereiro de 1919 quando, saído do porto de Santos às 21 horas, o vapor do Lloyd Brasileiro, Therezina seguia viagem para o Havre.
As ondas eram fortes, quando um relâmpago iluminou à sua frente, um rochedo.

Era o fim de sua curta viagem, eram 4 horas da manhã do dia 02 de Fevereiro.
Um violento estrondo e uma guinada para bombordo foram os últimos movimentos do Therezina. Já muito adernado e violentamente golpeado pelas ondas do local, o navio começou a fazer água.
O operador de rádio enviou diversas vezes pedidos de socorro para a estação de Monte Serrat, que registrou o despacho do vapor às 5 horas da manhã.
O sinistro se deu às 4 horas devido a uma forte tempestade no local.
Um rebocador de alto mar foi enviado em socorro ao navio sinistrado, porém, devido ao mal tempo e as fortes correntes não conseguiu atingir o local onde se encontrava o Therezina, retornando ao porto de Santos. Uma certa confusão envolve do naufrágio do Therezina, pois para o local estão registrados dois nomes para o mesmo navio, um destes é o Therezina, o outro e Sigmound, que se trata do nome original deste navio antes do confisco. Conta-se que o nome Sigmound podia ser lido no casco tempos após o naufrágio.
Existem até mesmo informações de que um choque entre os dois vapores teria sido a causa do naufrágio.

 

(l)  Navio Therezina encalhado  (l) Posição do Therezina ao norte de Borrifos

Porém, construído na Alemanha em 1905, o Therezina era chamado pela Empresa Hamburgo American Lines de “Sigmound”, tendo mudado para Therezina quando incorporado ao Lloyd em 1917. Segundo informações de antigos mergulhadores do local, o vapor ainda carregava o nome de Sigmound quando naufragara, estando o nome Therezina escrito à tinta. Em meados da década de 60, uma antigo mergulhador de Ilhabela encontrou em meio aos destroços uma placa de bronze medindo cerca de 1,5 por 1,0 metro onde podia-se ler: ” Therezina ex. Sigmound, construído em Hamburgo 1905.”

Muitas outras peças recolhidas nos naufrágios da região de Ilha Bela, podem ser vistas no Museu de Naufrágios de São Sebastião.
O museu fica na estrada Rio-Santos, na Praia Grande, também conhecida como “Praia dos Trabalhadores”.

No Jornal A Razão de 1919 podemos encontrar “O que resta de um grande navio! O Laguna trouxe uma chata com peças do Theresina”. podemos descobrir que parte dos destroços foram resgatado, o que faz entender porque existem poucos destroços no local. O Jornal deixa claro que um trabalho de resgate sistemático foi executado sobre os destroços e que muito do encanamento de vapor do Therezina e pelo menos quatro guinchos foram recuperados.

(l) Hélice retirada do Therezina exposta no Museu de Naufrágios de São Sebastião

(L)

Dados básicos

Nome do navio: Therezina
Data de afundamento: 31.01.1919

Dados de localização

Local: Ilha de São Sebastião
UF: SP
País: Brasil
Posição: Nordeste dos Borrifos
Latitude: 23° 55′ 06″ sul
Longitude: 045° 27′ 30″ oeste
Profundidade mínima: 08 metros
Profundidade máxima: 17 metros
Condições atuais: desmantelado

Dados técnicos

Nacionalidade: brasileira
Armador: Lloyd Brasileiro
Deslocamento: 3.034
Tipo de embarcação: cargueiro a vapor
Material do casco: aço
Propulsão: vapor
Motivo do afundamento: choque com a ilha

Naufrágio
O destroços encontram-se bastante desmontados, restando pouco da figura conhecida de um navio. O seu seguimento ainda é normal e perpendicular ao costão estando a proa a cerca de cinco metros e a popa junto a areia aos 17 metros. A posição o naufrágio é bem diferente da foto do encalhe do Therezina, o que pode indicar que o navio rodou antes de naufragar.
Existem poucas peças notáveis e elas são espalhadas por todo o perímetro dos destroços. Aparte central basicamente é formada pelo que sobrou do casario do fundo bastante fragmentado, ladeado pelos cavernames dando a impressão que o navio abriu.
Os destroços começam junto ao costão com a presença de um guincho, correntes e outras partes pouco identificáveis. Seguindo-se na direção do fundo e ligeiramente para boreste (direita do costão), podem ser vistos os restos de duas das caldeiras; uma dela já está colapsada estando visível apenas parte de sua couraça, enquanto a outra, posicionadas em pé, mostra-se com metade ainda íntegra. Por trás das caldeiras existem turcos e um eixo de manivela das máquinas.

Abaixo das caldeiras pode ser visto caído quase de cabeça para baixo o bloco de máquinas, mostrando virabrequins, pistões e parte do eixo. Junto ao bloco parte do cavername e casco ainda estão íntegros.
Já na areia, a 17 metros encontra-se parte da popa, cavername e o volante do leme. Segundo informações, o hélice foi removido e encontra-se hoje (2023) no Museu de Naufrágios de São Sebastião. Uma série de outras peças como cabeços de amarração, mancais, segmentos de eixo e partes do casco estão colocadas nos arredores deste grupo principal de destroços.

(L) Caldeira ainda parcialmente integra   (L) Uma das duas caldeiras do Therezina (L)

Cavername espalhado pelo perímetro (L) Eixo de manivela das máquinas (L) Um dos mancais do eixo

 

(L) Máquinas de dupla expansão ( L) Volante do leme sobre o arco de popa no fundo de areia  (L) Guincho de proa em torno de 6 metros

 

 

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