Podem ser mastros de veleiros ou mastros de carga
Mastreação
Conjunto de mastros e estruturas complementares. Os mastros são basicamente uma haste muito longa, fabricada em uma peça única de madeira, metal e atualmente material composto, que se elevam acima de todos os conveses da embarcação, presos perpendicularmente na quilha do navio. O número de mastros, suas características e função são típicas de cada embarcação. Os mastros podem ter a função de sustentar as velas ou servir a carga e descarga dos porões como um guindaste, quando são chamados de pau de carga.
Sinal manual do mastro
Veleiros: sua função é dar sustentação as velas. A designação que um veleiro recebe varia de acordo com o número de mastros.
Da mesma forma o nome de um mastro varia de acordo com seu número e posição no conjunto.
- Um só mastro é dito Grande;
- Dois, da proa para a popa: Traquete e Grande;
- Três: Traquete, Grande e Mezena;
- Quatro: Traquete, Contratraquete, Grande e Mezena;
- Cinco: Traquete, Contratraquete, Grande, Mezena e Contramezena
Pode ainda haver um Gurupés, que vem a ser um mastro que se prolonga da proa com inclinação aproximada de 30º.
Vergas são peças que cruzam os mastros ou se apóiam a eles por uma das extremidades. Para dar apoio às velas latinas existem Caranguejeiras e Retrancas.


Cargueiros: Nos cargueiros, a função típica dos mastros é o apoio à carga e descarga dos porões. Considerando os navios até o início do século, principalmente que trafegavam nos portos fora da Europa, onde não existia infra-estrutura de estiva, havia a necessidade de serem auto-suficientes na carga e descarga.
De acordo com a evolução da engenharia naval, os mastros passaram de uma peça única e central, localizado próximo a cada porão, para a forma de um “H”, como visto no Pinguino, 1967, Angra dos Reis, RJ. que garantia maior resistência. Em qualquer um desses casos eles possuem um sistema de polias ligado por cabos a guinchos especiais na base desses mastros, que realizavam a tração necessária à faina de carga e descarga.
Dicas de mergulho
- As lanças dos mastros são chamadas Paus de Carga e indicam claramente o número de porões. Os mastros estão posicionados entre os porões e dois braços pendem para os porões a vante e a ré do mastro, com elas é possível desembarcar a carga tanto por bombordo como por boreste.
Sistemas de apoio
Malaguetas: Nos veleiros, na base dos mastros e junto a borda do convés encontramos peças, na forma de uma cunha, chamadas as malaguetas. Elas são fabricadas de madeira ou bronze. São inseridas em uma base servindo para permitir a amarração dos cabos que controlam o velame. Em muitos naufrágios as malaguetas de bronze podem ser localizadas.
Bigotas: esses equipamentos funcionavam como polias fixas. Eram peças redondas, de madeira maciça e muito resistente, dotadas geralmente de três furos bem polidos, por onde eram passados os cabos do velame. O sistema permitia multiplicar a força aplicada sobre os cabos, permitindo levantar mastros e velas, esticar cabos etc. Devido a aparência dos três furos, assemelhando-se a olhos e nariz, os mergulhadores de naufrágios americanos costumam chamar essa peça de dead eyes.
Quando são encontrados temos certeza de tratar-se de veleiros, como é o caso do Blackadder, 1737, Salvador, BA.
Polias ou Moitões: A partir do início do século IXX, com condições de fundição de metais de alta resistência, foi possível produzir eixos de muita resistência, para criar polias móveis que suportavam a tração dos cabos de carga. São encontrados tanto na base como na ponta dos mastros e paus de carga
As Bigotas (Deadeye) funcionavam como roldanas.
Base do mastro: Os sinais da inserção dos mastros podem ser encontrados junto à quilha e nas estruturas de convés.
Na grande maioria dos navios de madeira trata-se de uma abertura circular na quilha, feita sobre uma madeira tão grossa quanto a quilha e presa diretamente a ela.
Nos navios de aço ela é uma peça circular de diâmetro ligeiramente maior que o mastro, mas de metal mais espesso e dentro do qual encontramos hastes cruzadas. Podem ser percebidas facilmente entre os porões de popa do Orion, 1915, Ilha dos Macucos, SC.
Gávea: está estrutura localizada no alto do mastro, tem a função de dar apoio aos vigias, que deviam montar atenção ao curso do navio.
A partir da Segunda Grande Guerra, com o advento dos radares, ficou cada vez mais raro encontrar essas estruturas nos mastros. Assim, encontrar essas estruturas caracteriza o período de tempo da construção.
Navios construídos para cursos em locais frios, normalmente possuem Gáveas fechadas, enquanto que em clima equatorial, elas são apenas uma cesta em torno de uma plataforma.
Dicas de mergulho
- Os mastros são dificilmente visíveis nos naufrágios. Mastros de madeira – que compunham os antigos veleiros – já foram destruídos pela ação do mar e de organismos perfuradores de madeira como os Teredos. Nos navios mais recentes, onde existem mastros de metal, estes também sofrem rapidamente os efeitos da corrosão.
Em águas rasas, acabam por ficar para fora d’água, e devido à agitação da superfície e variações de temperatura, acabam por partir e cair em pequeno período de tempo. Um exemplo é o Castor, 1980, Porto Seguro, BA.. Ao cair são rapidamente enterrados e desaparecem, sobrando pouca coisa além da base da gávea, se ela existir. - Quando encontramos a inserção dos mastros podemos ter certeza que a quilha esta exposta.
- A posição dos mastros em um naufrágio pode sugerir muito das condições do acidente.
Nos choques, os mastros geralmente estão todos caídos para frente ou para trás, como pode ser percebido no Rosalinda, 1955, Abrolhos, BA.
Se o navio não têm seus mastros partidos durante o acidente e eles vão quebrando com o passar do tempo, acabam não apresentando um padrão específico podendo estar caídos em qualquer direção.
Quando o navio aderna e afunda nessa posição, independente do estado dos destroços, encontramos todos os mastros em posição perpendicular em relação a quilha e cavername. Na maioria das vezes a base do mastro é visível e ele vai sendo enterrado em direção a seu topo. Mesmo que nada mais seja visível, afastado dos destroços pode emergir da areia a gávea ou outras estruturas do topo dos mastros, como sistemas de polias entre outros.
Em um menor número de casos, devido as condições do mar ou principalmente ao peso do casario, o navio emborca e afunda de ponta cabeça. Ao chegar no fundo, o próprio peso do navio esmaga os mastros e superestruturas. As bases dos mastros desaparecem sob os destroços e as pontas projetam-se para as laterais, permanecendo visíveis.
Choque frontal Adernado no fundo Emborcado sob os mastros
Turcos e escaleres

Na tragédia do Titanic ficou comprovado de maneira evidente, a importância não só do bote de salvamento – Escaler – como também de seu fácil lançamento à água. Esse procedimento acontece através de um equipamento que chamamos Turcos. Porém, mesmo antes desse naufrágio, muitos navios já utilizavam barcos de apoio presos aos turcos.
O turco funciona como um pequeno Pau de carga, que através de cordas e polias eleva o barco de socorro de seu apoio e o abaixa pelo costado do navio.
Os escaleres eram utilizados para transferência do navio para a terra de passageiros e pequeno volume de carga, em locais onde não existiam portos. Além de obviamente servirem para o abandono do navio.
Em navios anteriores ao século XX, também é comum encontrar turcos na extremidade da proa, como no Vapor Bahia, 1887, Ponta da Pedras, PE. Esses turcos eram responsáveis por elevar a unha das âncoras, prendendo-as ao bordo do navio para evitar seu balanço; pois nessa época, devido ao sepo transverso, as âncoras não penetravam no escovém do casco.

Como outras peças localizadas na lateral do navio (cabeços, adriças e muradas), os turcos podem indicar se o naufrágio esta adernado. Neste caso, em um dos bordos eles estão caídos sobre os destroços e no outro estão caídos para fora dos destroços. Verifique o fato no croqui do Bezerra de Menezes, 1860, Angra dos reis, RJ. Além disso, como são peças baixas, normalmente em fundos de areia ou lodo estão enterrados.
Mais uma vez o Titanic influencia nas características dos destroços. Em 1914, em parte, devido ao naufrágio mais famoso do mundo, foram fixadas regras que determinavam o mínimo de escaleres presentes em cada navio. Desta forma, o número de turcos e conseqüentemente de escaleres indica o número de passageiros e tripulantes do navio.
Podemos tirar dois tipos de pista dessa observação; se o navio em questão era um navio de passageiros ou de carga e se a data do naufrágio é posterior a 1914.
Na maioria dos destroços não encontramos os escaleres. Pois mesmo depois do naufrágio, muitos acabavam por se soltar de seus cabos e devido ao tipo de madeira e a presença de compartimentos estanques, retornavam a superfície. Um dos escaleres do Britanic foi encontrado flutuando, parcialmente alagado mais de seis meses depois do naufrágio.
Conheça outros sinais manuais para naufrágio
Consulte nosso guia de estruturas de vapores e conheça mais sobre sua construção e características, caso deseje identificar as peças pelo visual utilize o esquema na página de Navios à vapor.
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