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Histórico |
O Galeão São Paulo pertencia à Companhia Geral de Comércio do Brasil. Construído na cidade do Porto (Portugal), segundo o arqueólogo Carlos Rios da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pesava cerca de 840 toneladas, estando armado com 20 a 26 peças (canhões) de ferro e bronze. |
Na metade do século
XV já havia começado a exploração das recém
descobertas terras brasileiras pelo reino de Portugal, No entanto, os navios
portugueses eram frequentemente atacados por corsários
flamengos (Holandeses) e navios Ingleses. Por isso, no final de 1651
a Companhia Geral do Brasil organizou e fez largar do Rio Tejo (Lisboa)
a segunda frota enviada à nova colônia. Sob o comando de Pedro
Jaques de Magalhães estavam cerca de 60 embarcações,
entre elas o São Paulo e a almiranta São Pedro. Esta frota deixou a Bahia no início de 1652 iniciando o regresso à Portugal, com escala programada para o Recife. O São Paulo, sob o comando de Bemardo Ramirez Esquivei era um dos galeões de escolta da frota. |
![]() Galeão semelhante ao São Paulo |
Próximos a Pernambuco, os navios cruzaram com embarcações holandesas, que seguiam para Itamaracá, PE, localidade ocupada na época pelos holandeses. De lá, partiram embarcações rápidas com a função de avisar da presença dos portugueses ao Almirante Hauthain, que com cerca de 15 embarcações, patrulhava a costa de Pernambuco. |
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Cabo de Santo
Agostinho visto da posição do naufrágio (Porto de
Suape a esquerda)
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No dia 25 de fevereiro as duas
frotas se cruzaram na altura do Cabo de Santo Agostinho. As embarcações
holandesas abriram fogo e logo o galeão São Paulo explodiu
violentamente afundando rapidamente. Segundo alguns autores, "a explosão
não foi causada pelo fogo inimigo" . Cabe lembrar, que realmente
a grande quantidade de pólvora abordo e má qualidade dos canhões
de ferro, vitimavam frequentemente a própria embarcações
em combate, mas nunca saberemos ao certo o que ocorreu. A batalha foi encerrada tão rapidamente como começou e a frota lusa permaneceu ancorada em frente ao cabo, provavelmente socorrendo as poucas pobres almas que sobreviveram à violenta explosão. Os destroços do galeão São Paulo foram localizados no início da década de 70 e a partir daí, alguns canhões de bronze, porcelanas entre outras peças foram retirados do sítio. |
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Descrição Hoje, pouco resta do que foi uma grande e poderosa embarcação de proteção da frota portuguesa. Os restos do galeão São Paulo se espalham por cerca de 2500 metros quadrados em duas áreas principais, assentada entre 16 e 19 metros de profundidade de um fundo de areia. As duas áreas são bem delimitadas pelas massas de lastro. Não sabemos se essa formação é resultado do desmanche natural da embarcação, ou da movimentação das pedras de lastro por uma operação de resgate de peças. Na porção menor de destroços, encontramos apenas um pequeno monte de lastro, que não ultrapassa um metro em relação ao fundo. Em volta dele existem quatro canhões de ferro e duas governaduras de leme. Na segunda área estão à maioria dos canhões (10) e mais lastro. Junto a um dos canhões existe um grande cilindro e metal, que parece ter sido utilizado como boia para elevação dos canhões. |
![]() Um dos canhões isolado do conjunto |
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Para o arqueólogo subaquático
Carlos Rios da UFPE, "considerando uma embarcação desse
porte, o número de canhões é menor do que o esperado"
um canhão de bronze foi removido e entregue a Marinha do Brasil,
mas não é conhecido se outros foram roubados a partir da sua
descoberta na década de 70 ou se foram retirados ainda na época
do afundamento, já que os canhões de bronze eram muito valiosos
e todas as frotas possuíam escravos
mergulhadores, que executavam trabalhos na parte submersa do casco, e pequenos
resgates. Entre os dois aglomerados de peças existe muita madeira enterrada, outro canhão e mais uma governadura de leme. Afastado por cerca de 70 metros do maior grupo de destroços existem dois canhões separados por cerca de 40 metros. Existem registros e fotos da presença de âncoras planas, mas elas não foram encontradas nesta expedição, ficando a desconfiança que podem ter sido removidas nos últimos anos. |
![]() Governadura macho (Leme) |
![]() Governadura fêmea (casco) |
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Duas
das govenaduras de leme (em amarelo na ilustração ao lado)
sendo examinadas pelo Professor Carlos Rios da UFPE.
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![]() Cilindro metálico, que acredito ser da tentativa de erguimento de peças. |
![]() Governadura superior do leme. Em volta a pilha de pedras de lastro (tipo Pé de Moleque). |
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Nosso agradecimento
especial ao Pernambuco Pilots, que gentilmente cedeu uma das lanchas
da praticagem de Suape para a realização das pesquisas neste importante sítio histórico. |