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Histórico:
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| ![]() O leme e seu volante |
![]() Vapor de rodas semelhante ao Bahia |
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Em 1887,
sem rádio e radar, localizar outro navio em alto mar, seria praticamente
impossível, principalmente a noite. Além disso, com certeza
os outros oficiais e o prático que estavam na ponte no momento do
acidente, não deixariam o capitão cometer tal loucura. O Pirapama, comandado pelo Capitão Carvalho e sob ordens do prático Vicente da Costa, deixou o porto do Recife as 17:30 h do dia 24 de março, com destino a portos do norte e escala no porto da Paraíba. O vapor Bahia, comandado pelo Tenente Aureliano, vinha do porto de Camocim com destino a Recife, onde faria escala, antes de seguir para os portos do sul. A bordo do Bahia estava um total de mais de 200 pessoas, inclusive, o 15º Batalhão de Infantaria do Exército que seguia com destino a Corte (Rio de Janeiro). |
Em uma noite clara de mar calmo e sem nevoeiro, à cerca de 30 milhas do farol do Picão, o Pirapama e o Bahia seguiam em rota de colisão quando finalmente perceberam a presença um do outro. |
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![]() | ![]() Na proa do Bahia, ainda são visíveis os turcos que erguiam as âncoras. | A
despeito das tentativas de mudança da rota e parada das máquinas,
os dois vapores chocaram-se violentamente as 11:30 h. O Pirapama sofreu o choque
na proa, com maiores danos por estibordo e o Bahia recebeu a força da proa
do Pirapama por bombordo. O Pirapama, retornou ao porto de Recife a meia força e com muita água no porão de proa. Sem apresentar vítimas, o navio chegou ao porto por volta das 7:00 horas da manhã do dia 25 de março. |
O
Bahia, em decorrência dos estragos causados pelo choque, afundou cerca de
10 minutos após o acidente. Mais de duzentas pessoas tentaram salvar-se
agarrando nos mastros e em quaisquer outras coisas que flutuassem. Após o naufrágio, acorreram ao local algumas jangadas e três barcaças. Uma delas, a Gracinda, salvou cerca de 30 passageiros que estavem agarrados aos mastros, além de mais 13 que nadavam desesperadamente. Poucos passageiros e marinheiros se salvaram pois a maioria estava recolhida aos camarotes no momento do acidente. Também pereceram o comandante, o imediato e demais oficiais. |
![]() Sepultura de uma das vítimas no cemitério de Ponta das Pedras | Oitenta
e dois náufragos em estado próximo da nudez chegaram ao cais Lingueta.
Oito, foram encaminhados a enfermaria da Marinha. Os civis foram hospedados em
hotéis, enquanto os militares foram levados a quartéis e bases da
Marinha. Muitos comerciantes ofereceram roupas aos náufragos. Nos dias
que se seguiram, foi instalada uma comissão de auxílio as vítimas
e transporte em vários vapores para suas cidades de origem. Nos dias seguintes à tragédia, diversos cadáveres começaram a chegar nas praias próximas ao local dos destroços, principalmente na praia de Ponta de Pedras e Carne de Vaca e por ordem do delegado foram enterradas no cemitério local. |
No
dia 28 de março foi aberto um inquérito para apurar as causas e
responsáveis pelo acidente, até esse momento, ninguém falava
de culpa do capitão Carvalho do Pirapama.
O oficial Manoel Luiz de Almeida denunciou o Pirapama por não prestar socorro.
Já o comandante do Pirapama acusou o 1º tenente Aureliano Izacc de
imperícia e negligência. |
O vapor, permaneceu por 2 anos encostado |
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no porto do Recife e em 1889, foi rebocado até cerca de 6 milhas do porto
e abandonado para afundar. Porém os regiistros nos jornais de época, indicam que um vapor com esse nome, navegou por vários anos depois da data do acidente. |
As
lanternas revelam o intenso colorido dos destroços |
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Descrição: |
O
navio mantém sua linha, apoiado corretamente no fundo de areia, com os
destroços se estendendo por cerca de 100 metros. A proa ainda inteira, está quebrada atrás do escovém, nela estão dois turcos virados para fora da embarcação e um turco virado para o interior. De cada lado do casco encontram-se âncoras do tipo almirantado, caídas no fundo e com as correntes subindo diretamente para os escovéns. Atrás e abaixo do castelo de proa estão o guincho, duas grandes âncoras de reserva, elas estão presas uma a outra e junto ao costado de estibordo, uma quinta âncora, menor que as anteriores, pode ser vista caída sobre as correntes no que seria o paiol de proa. Seguindo em direção a meia-nau, um grande buraco denuncia a região do porão de proa. No centro do casco, muitos ferros, escotilhas, cabeços de amarração, passadores de cabos e bigotas de mastro podem ser vistos. |
![]() A grande proa resiste ao tempo e dela pendem os turcos. | |
No
centro da embarcação, encontramos duas grandes caldeiras cilíndricas.
A bombordo, a roda de propulsão está inteira, ligeiramente caída
para fora. A roda de estibordo, assim como o costado nesta região, estão
totalmente quebrados, mas vale uma conferida, pois no local, muitos tubarões
Lambarú se escondem durante o dia. Atrás das caldeiras está uma das câmaras de condensação de vapor. |
![]() A roda de bombordo, ainda inteira | ![]() Uma das duas caldeiras |
Além disso, encontramos partes do |
sistema de propulsão, pedaços dos virabrequins
e do eixo excêntrico.
A máquina a vapor, composta por dois cilindros, está caída
para popa e um dos cilindros está aberto. Das máquinas para a popa,
encontramos o costado de estibordo totalmente caído para fora e ligeiramente
enterrado. Em todo o costado são vistas as armações de bronze
de diversas escotilhas. A estrutura do convés do porão de popa inclina-se em direção a areia a partir do costado ainda alto de bombordo. No final dos destroços caído sob os destroços para bombordo, está o enorme leme e seu volante, alguns cabeços e o espelho de popa. | ![]() Convés de popa, caído para dentro do navio |
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A
fauna muito variada, coloniza cada pequeno espaço dos destroços
do Bahia, tornando-o um dos mais belos naufrágios do Brasil. São regularmente encontrados enormes cardumes de Xiras, xaréus, lambarús dorminhocos, grandes tartarugas, raias e muitos peixes coloridos. |
![]() Cardumes dificultam visualizar os destroços |
![]() Embarque nas catraias de Ponta das Pedras |
Veja também: Vapor Bahia - Catástrofe, beleza e mistério. |