Passeio pela ciência
Museu de Ciência de Londres


Por: Ivo Brasil Jr.


 
O que é melhor do que buscar em uma das maiores potências da navegação desde
a idede média a história da evolução da construção naval ?
 
O Museu de Ciencia de Londres possui talvez o acervo mais rico sobre a evolução da navegação, desde modelos em escala de veleiros anteriores à era Viking, até os mais modernos motores a diesel, passando por toda época de ouro dos vapores, talvez a classe de navios mais rica em termos de história (e naufrágios...).

O primeiro detalhe que chama atenção é logo a faixa na entrada... "Admission Free", entrada franca, o mesmo que acontece em todos os museus públicos de Londres (que não são poucos), um exemplo que deveria ser seguido por paises em desenvolvimento que buscam melhorar o acesso da população à cultura.
 

 
Voltando para os navios, eles ocupam praticamente todo um andar, na seção entitulada "Maritime Engigeering", do segundo andar do Museu de Cincia, dificil até descrever a quantidade de material disponível, desde peças simples até motores completos em escala e funcionando. E claro, maquetes de diversos navios que marcaram época.
Logo na parede de entrada várias maquetes de navios do inicio da era do vapor e logo na frente um modelo de um dos primeiros motor
es a vapor.

O restante do primeiro salão é um convite para algumas horas (ou muitas...) apreciando os modelos de motores, muitos dos quais podem ser vistos em funcionamento. Arrumados em ordem cronológica da data de sua invenção, desde os primeiros modelos, side lever, direct engine, oscilating engine, double, triple, quadruple expansion e por ai vai, uma viagem pela evolução dos vapores.

 
 
 
Não apenas os motores são destaque, pode-se ver a evolução da tecnologia de construção de rodas de pás, helices, sistemas de controle de leme, caldeiras e todas as peças que nos fazem retornar ao passado durante um mergulho em naufrágio (que bem poderia ser um mergulho na história). Depois vamos aos mais modernos, motores a diesel, turbos e outros aspectos da construção naval, como caldeiras de diversos tipos, sistemas de controle de leme, turbos.
 

 
 
Um ponto importante é observar as datas das peças, frequentemente a melhor pista para reconhecimento de naufrágios ou até para desfazer enganos como no caso do naufrágio Bezerra de Menezes, em Angra do Reis, cuja data provável de fabricação do hélice eliminou a possibilidade da data do naufrágio ser a que até então se acreditava. Também é indicado na maioria das peças qual o navio que a utilizava, alguns deles hoje no fundo do mar em algum lugar do mundo, como é o caso do Carnatic, naufragado no Mar Vermelho, cujo motor do tipo double expansion engine tem um modelo em escala em exposição.
 
 
Os salões seguintes contém maquetes de vários navios que marcaram época desde os veleiros até navios com motor a diesel e também cortes de navios para reconhecimento da estrutura interna e explicação da etapas da construção.
 
São expostos também instrumentos de navegação antigos como sextantes, octantes, bússolas antigas e mais alguns tesouros da navegação antiga. Finalmente, no mezanino superior é possível encontrar diversos modelos e peças de navios e barcos menores, facilitando muitas vezes o reconhecimento de peças semelhantes encontradas durante mergulhos.
 
 
 

O museu é enfim uma viagem na história da construção naval e uma escola para aqueles interessados em aprender mais sobre reconhecimento de naufrágios, onde aprender a reconhecer e datar peças é um elemento chave.
Depois da seção Maritime Engineering, e peço desculpas pelo comentário tendencioso de um mergulhador de naufrágio, se ainda tiver tempo, o resto do museu também é muito interessante!
E só para não dizer que tudo é perfeito, o reflexo da luz nos vidros não ajuda muito na hora de fotografar...

Brincadeiras a parte, vale a pena visitor todo museu, mas se quiser ir direto a seção de Maritime Engineering fica no segundo andar. Se estiver com tempo, pode visitar outros museus da Exhibition Road, o museu de história natural, museu do Rei Albert e Rainha Victoria e mais alguns, todos com entrada franca, mas para conhece-los direito serão necessários alguns dias, então o conselho é concentrar-se nos assuntos que tem mais interesse e deixar para ver o que der do resto com o tempo que sobrar...

 

Museu de Ciência de Londres
Exhibition Road, South Kensington, London SW7 2DD
www.sciencemuseum.org.uk

Bons pontos de referencia próximos são a famosa loja de departamento Harrods e o Kensington Park, mas a própria Exhibition Road é bastante conhecida e qualquer taxista o levará apenas com a referencia do Museu da Ciê
ncia.
 

 
Ivo Lima Brasil Jr.

Ivo Brasil é engenheiro de computação com mestrado em inteligência artificial, e atua na área de comércio exterior. Mergulhador desde 1996 quando iniciou como mergulhador CMAS.

Atualmente é Tech Diver GUE, e Dive Mentor PDIC com especializações em Naufrágio, Rescue, Nitrox, Computadores e Multinível, Equipamentos e Vida Marinha.

Especial interesse em mergulho e pesquisa de naufrágios.

 

 
Outras matérias de Ivo Brasil
Especial Bezerra de Menezes
A descoberta doHighland Scot
O Naufrágio do Petrel