Destino:
naufrágio |
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Revista Mergulho,
Ano XIII - Nº 177 - Abril/2011
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Texto
Maurício Carvalho
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Mergulhadores
que gostam de explorar locais restritos como naufrágios, cavernas
ou túneis precisam aprender a conviver
com baixa visibilidade. A pouca luz disponível nesses locais diminui nossa percepção de profundidade, visão periférica e acomodação visual. Por si só, essas alterações já deixam o mergulhador em uma condição precária para reconhecer e evoluir nesses ambientes. Para piorar tudo, na maioria deles existe no fundo uma grande quantidade de um fino sedimento depositado, também conhecido como silt. Esse material tem origem na fragmentação das rochas e metais e na decomposição orgânica. Quando o sedimento é agitado, mistura-se com a água e, em suspensão, pode reduzir a visibilidade a zero em poucos segundos, permanecendo assim por muito tempo. A suspensão, mesmo que leve, prejudica a fauna filtradora, desorienta o mergulhador, atrapalha a fotografia e a filmagem e impede a utilização de lanternas, pois, como nos flashes fotográficos, as lanternas iluminam diretamente as partículas criando um véu de pontos na frente dos olhos que deixa tudo opaco. Alguns cuidados especiais com a técnica e os equipamentos podem garantir que o mergulhador mantenha as coisas claras durante suas explorações. |
A suspensão pode reduzir drasticamente a visibilidade, chegando a desorientar o mergulhador. |
POSTURA
CORPORAL (TRIM) Fundamental a qualquer mergulho, estar equilibrado na água e em uma posição horizontal é ainda mais importante em mergulhos em locais limitados, com teto e/ou com sedimento. Utilize o mínimo de lastro necessário à sua boa flutuação - Quadro. |
CONFIGURAÇÃO
DOS EQUIPAMENTOS Um bom trim não será solução se, embora na horizontal, diversos equipamentos estiverem pendurados arrastando no fundo. Embora nos últimos anos tenha ocorrido uma grande melhora, ainda presenciamos muitos mergulhadores com manômetro, octopus e lanternas completamente soltos. Além do risco de ficarem presos, arrastam no fundo, levantando aquela interminável trilha de sedimentos por onde passam. Prenda seus equipamentos. Nenhum acessório precisa estar a mais de um palmo de seu corpo. Providencie manômetros ou consoles com mangueiras sob medida. A maioria das marcas comercializa esses equipamentos com mangueiras muito longas. Os octopus devem ser presos adequadamente para que não fiquem soltando durante o mergulho todo. |
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Se isso acontecer, providencie outro
sistema de retenção. Existem muitos modelos no mercado e
seu instrutor ou o vendedor de sua loja podem aconselhar sobre algo eficiente.
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A NATAÇÃO |
A natação de meio-ciclo é a mais utilizada por mergulhadores de naufrágio. Nela, as nadadeiras ficam acima da linha dos joelhos, evitando o contato com o fundo. |
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O mergulhador, antes de penetrar,
deve avaliar as condições do conducto por onde pretende
passar, escolhendo a natação mais eficiente. O que não
vale é ligar o turbo para passar rápido pelo local escuro.
Se este é seu pensamento, é melhor permanecer em águas
abertas.
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Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil. |
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