... NAUFRÁGIO do GONÇALO COELHO
 
Histórico

Após a 2ª Guerra Mundial uma grande quantidade de embarcações utilizadas nos desembarques nas praias foi transformada em navios de pesca ou cargueiros. Os navios americanos deste tipo mais novos continuaram servindo a US Navy até o final da guerra do Vietna. Com o término deste conflito, muitos deles seguiram o mesmo destino e foram reformados e vendidos a países de menor capacidade econômica como o Brasil.
No início da década de 80, a Ilha de Fernando de Noronha, ainda sob administração das Forças Armadas, começou a apresentar grande desenvolvimento turístico e a população da ilha atingiu cerca de 1500 habitantes. Como a ilha não produzia nenhum dos recursos que seus habitantes precisavam, era necessário manter-se uma linha de abastecimento. Ela era feita por aviões da FAB do tipo Hércules e Búfalos. Porém com o aumento das necessidades esse transporte passou a tornar-se caro e insuficiente.
Para solucionar o problema, o Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), decidiu comprar nos Estados Unidos dois navios do tipo LCT (Landing Craft Tank). A ideia era desembarcar diretamente na praia os produtos, já que Fernando de Noronha, na época, não possuía um porto para desembarque.

 

LST (Landing Ship Tank)
 

Gonçalo Coelho, pouco antes do afundamento
 

O EMFA comprou em um estaleiro da Carolina do Sul nos Estados Unidos duas embarcações, batizadas com nomes referentes ao arquipélago de Fernando de Noronha. Elas eram o Forte dos Remédios de 217 toneladas, comprado por US$ 225.000 e o Gonçalo Coelho de 600 toneladas, adquirido por US$ 453.000. As duas embarcações eram velhas, já tinham passado por reformas, mas ainda precisavam de reformas. Segundo o EMFA era a opção barata para suprir uma necessidade emergencial do arquipélago.
O Gonçalo Coelho chegou primeiro e, apesar dos graves problemas, fez duas viagens ao arquipélago, antes de ser colocado levado para a Base Naval de Aratú em Natal, onde deveria passar por uma reforma geral. No início de novembro de 1986, o Forte dos Remédios viajava dos Estados Unidos para o Brasil, quando cruzava o litoral do município do Aracati, CE., encontrou mar grosso, começou a fazer água e afundou rapidamente.

 

A embarcação era originalmente um navio de desembarque de carros de combate LST (Landing Ship Tank). Após a 2ª Guerra Mundial, como tantos outros (Márcia, Rio Anil), foi reformado para cumprir outros papéis. O Gonçalo Coelho prestou serviços durante alguns anos fazendo o transporte de carga entre Recife e Fernando de Noronha.
Já envelhecido e fora de uso, foi comprado, desequipado, limpo e preparado com diversas aberturas no casco em recife, sendo rebocado para Tamandaré, acabou por afundar em frente ao Hotel Intermares, servindo a um programa de desenvolvimento de pontos de mergulho, juntamente com o rebocador Marte. As válvulas de porão foram abertas e o Gonçalo afundou em uma hora e meia.

 

O telégrafo de máquinas do comando do Gonçalo,
retirado antes do afundamento
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: Gonçalo Coelho

Data do afundamento: 29.12.1999

LOCALIZAÇÃO

Local: Serrambi

UF:PE.

País:Brasil

Latitude: 08º 35' sul Longitude: 034º 54' oeste

Posição:Afundado a 8 milhas da costa, na altura da praia de Serrambi

Profundidade mínima: 16 metros

Profundidade máxima: 34 metros

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: formação de recife artificial

DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Brasileira
Ano de Fabricação: 1944
Estaleiro: (Carolina do Sul - USA)
Tonelagem: 600
Comprimento: 64 metros Boca: 8 metros
Tipo de embarcação: Ferry Boat
Material do casco: aço Propulsão: motor diesel
Carga: vazio

CONDIÇÕES ATUAIS: inteiro

 
Após o afundamento, a posição do Gonçalo Coelho foi mantida em segredo, com a justificativa de proteger o local da ação dos caçadores submarinos e apesar de inúmeras tentativas de contato de minha parte, para mergulhar no navio, apenas com o objetivo de documentação não obtive resposta de nenhuma espécie.
Assim, quando partimos de Maceió na expedição do Voyager / Naufrágios do Brasil de 2007, tínhamos consciência que seria necessário realizar buscas no local contando apenas com algumas poucas informações coletadas antes da viagem e a sorte.
Como sempre digo durante os cursos de naufrágio: "o naufrágio pode se esconder, mas no pode sair do lugar; assim, com um pouquinho de perseverança sempre podemos encontrá-lo."
A sorte sorriu rápida e após alguns minutos de busca na região a sonda do barco decretava o fim do mistério, lá estava o Gonçalo Coelho.
 

 
Descrição
Este navio de desembarque encontra-se pousado corretamente no fundo, em sua proa encontramos as duas portas frontais abertas e caídas sob e ao lado da rampa de desembarque, que está apoiada no fundo.
Nas duas laterais altas da proa estão as roldanas que seguravam a rampa e a bombordo o guincho que executava a manobra de abertura das portas da proa.
 

Rampa de proa, caída no fundo

As duas grandes portas que fechavam a proa
estão no fundo ao lado da rampa
 
 

Na proa existem pequenas aberturas que levam a paióis de amarras.
Seguindo-se pelo meio da embarcação em direção à meia nau existem pequenos furos no convés. Detritos estão caídos a boreste e a murada já não existe. No lado de bombordo, a murada está integra até meia nau e encontramos as duas primeiras aberturas para os porões.






A partir de meia nau o costado de bombordo está pendurado do convés ao fundo de areia. a boreste está o casario, agora (2007) inclinado em cerca de 30º; ele possui uma porta frontal que acessa a escadaria da sala de comando e ao porão. A sala de comando pequena com 3 janelas frontais está vazia. Na parte de trás dessa cabine está preso o mastro da embarcação que se projeta até acerca de 16 metros.
No centro da estrutura que sustenta a torre do comando existe uma grande passagem.
De meia nau para a popa, a murada de bombordo está preservada mas a de boreste está caída no fundo ao lado da embarcação. Junto à popa também existe uma grande âncora almirantado, porém pelo modelo não deveria pertencer originalmente a embarcação. Ela era uma âncora reserva e estava no convés caso a principal não "ferrasse" no ponto
escolhido, mas deu tudo certo no afundamento.

         



O casario de comando, hoje (2009) inclinado em 45º,
deve resistir pouco antes de cair

 


O mastro, projetado para a superfície

 

No convés, diversas aberturasdão acesso aos porões
   
Logo atrás da estrutura de comando estão junto aos bordos duas grandes aberturas retangulares, elas dão fácil acesso aos porões.
Ao lado das aberturas ainda existem as escotilhas originais de acesso ao porão.
Na popa existem também pequenas aberturas no convés, mas que não dão acesso aos porões. Os lemes e hélices foram retirados antes do afundamento. Quando o navio afundou em estava completo; as portas e a ponte da proa desabaram em 2005.
 
 
A fauna é abundante no Gonçalo Coelho tando no entorno quanto no interior dos destroços
 
 
O interior do Gonçalo Coelho depois de preparado, está formado por um conjunto de grandes
passagens e compartimentos, todos muito bem iluminados e de fácil penetração
 

Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO
Agradecimentos a toda a equipe
da Atlantis a bordo do


 

Escotilha original de acesso ao porão. Escotilha original de acesso ao porão. âncora almirantado e parte da murada caída ao lado da popa. Polias de suspensão da rampa. Polias de suspensão da rampa. Guincho Escada Pneu Porta de boreste Porta de bombordo Porta de acesso ao porão e ao casario. Área de detritos. Casario de comando com passagem entre os bordos por baixo e sua estrutura.