Navio a vapor – Ponte de comando

Equipamentos de navegação

Timão, bitácula de bussola, telégrafo de máquinas e outros

NHCisne8  NHCisne4 A sala de comando de uma embarcação tem um significado quase místico. Dali foi percebida a difícil situação que levou ao naufrágio ou foi dada à dramática ordem de abandonar o navio. Em algumas situações podemos identificar inclusive as condições em que ocorreu o naufrágio, como posição do telégrafo de máquinas e o timão travado ou amarrado em condições de tempestade.
A posição da sala de comando depende basicamente da configuração da embarcação. Rebocadores possuem sua sala de comando bem na proa.
Os Galeões e Caravelas eram comandados da popa. Nos navios à vapor do início e meio do século, esse comando passou a ser feito do centro para a frente da embarcação.
Atualmente navios cargueiros de grande porte são novamente comandados da popa, em uma superestrutura muito alta, enquanto navios de passageiros e militares possuem comandos do meio para a proa.


Timão

 pecascomtimaoO Timão, também conhecido como roda do leme, serve para dar governo à embarcação.
Veleiros: Nos antigos navios o timão estava localizado na popa, logo à frente do leme. A transmissão do giro do timão para o leme era praticamente direta; e feito através de fortes cabos de cânhamo. Possuía um grande diâmetro e nos maiores navios era duplo, para garantir menor esforço e que mais de um timoneiro poderia girá-lo em manobras forçadas e bruscas.
Vapores: Em navios movidos a máquinas, já encontramos o timão dentro da sala de comando e o mecanismo de giro, nas embarcações de grande porte, é auxiliado por força mecânica.

Mais de um timão podem ser encontrados em grandes navios. Eles podiam ser feitos de bronze, embora o mais comum seja a madeira, com reforços em bronze.
Infelizmente devido ao seu material de construção pouca coisa sobra do timão, partes dos anéis de reforço e a engrenagem junto ao pedestal. Nos Grandes Lagos dos U.S.A., devido as condições de água doce e fria encontram-se em navios de madeira o timão ainda perfeitamente intacto; mas na água salgada, devido aos Teredos, destruidores de madeira isso é raro.

Dicas de mergulho

  • Mergulhadores iniciantes com frequência confundem a válvula principal de admissão de vapor junto as máquinas, com um timão de comando. pois elas são semelhantes, embora, como tenhamos visto, os timões sejam de madeira.

Bitácula de bússola

pecascombitaculaA bitácula de bússola é o compartimento que da abrigo a agulha de navegação. Ela é composta por um pedestal, normalmente de madeira, com um suporte de bronze na parte superior onde fica alojada, suspensa em um compartimento líquido, a bússola.
Em cada uma das laterais da bitácula existem esperas de metal que através de um ajuste de proximidade da bússola permitem aferir regularmente a agulha, alterando seu desvio magnético.
Nos navios de grande porte é frequente a existência de duas bitáculas dentro da sala de comando e mais uma em cada um dos bordos do convés de comando, já fora da sala.

Dicas de mergulho

  • A presença dessas estruturas só é encontrada nos naufrágios protegidos da ação dos caçadores de souvenir. Sendo extremamente raras em outros naufrágios.

Telégrafo de máquinas

 FSIpiranga3O telegrafo de máquinas é utilizado para passar o comando de andamento do navio da sala de comando para a sala de máquinas, onde outro equipamento deste existe. Seu funcionamento é totalmente mecânico, funcionando através de polias, correntes e cabos de aço.
Ele consiste de um mostrador circular, onde estão indicadas diversas condições das máquinas, tanto a frente como a ré.



Funcionamento do Telégrafo de Máquinas

pecastelegrafoQuando na sala de comando é dada uma ordem como: parada total das máquinas; o marinheiro responsável pelo telégrafo movimenta seguidamente a alavanca de comando do telégrafo, parando sua alavanca com o indicador na posição STOP.
Essa movimentação é transferida, através de cabos, a um pequeno ponteiro chamado piloto, no telégrafo da sala de máquinas que apontará o STOP ordenado. Ao se movimentar esse ponteiro toca uma campainha, alertando o chefe de máquinas que um comando foi ordenado.
Compreendendo a ordem, ele providenciará a parada total. Uma vez que o comando tenha sido executado, o chefe de máquinas repetirá o procedimento com a alavanca de seu telégrafo, posicionando-a junto ao ponteiro piloto. O movimento comandará o ponteiro piloto do telégrafo de máquinas da sala de comando, que deverá parar junto a alavanca inicialmente acionada.
O procedimento confirmará a quem está no comando, que a ordem de parada foi executada.

O mesmo procedimento é adotado para as outras posições do telégrafo como:
AHEAD (A vante) – Slow (lento), Half (meia-potência) e Full (toda a força)
ASTERN (A Ré) – Slow (lento), Half (meia-potência) e Full (toda a força)


Dicas de mergulho

  • Esta peça também é de difícil localização em naufrágios, estando restrito aqueles navios muito bem protegidos da ação dos caçadores de souvenir, pela legislação ou pela profundidade como a Corveta Ipiranga, 1983, Fernando de Noronha. Mas se for encontrado o número de telégrafos também indica o número de máquinas que dotavam o navio.
  • Se o telégrafo de máquina estiver intacto, principalmente naqueles navios que após o afundamento ficaram desaparecidos durante muitos anos, dando tempo para a fixação das peças móveis, o telégrafo pode indicar o estado de movimento do navio antes do naufrágio. Assim, navios que se chocam contra costões, permanecem com o telégrafo em condições de marcha à frente.
    Da mesma forma, se os telégrafos são encontrados com marcações diferentes e opostas. Por exemplo, bombordo a ré e boreste, tudo a vante, isso pode indicar que houve uma tentativa de guinar violentamente a embarcação.
  • Os telégrafos de máquinas trabalham em dupla, assim para cada um na sala de comando, existe seu correspondente na sala de máquinas.
    Assim, encontrar o telégrafo de máquinas não significa necessariamente ter encontrado a sala de comando. A diferença entre eles é que os telégrafos da sala de máquinas frequentemente não possuem o pedestal, ficando presos diretamente no teto.

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