Couraçado fluvial (Monitor) Javari
22 de novembro de 1893
Dados técnicos
Estaleiro: Forges-et-Chantiers de la Mediterranée), 1874, França
Dimensões: 73,2 m. comprimento X 7, m. boca X 3,7 m. calado – 3700 tonelagem.
Armamento: 4 canhões de 250 mm – 2 canhões de 37mm. – 4 metralhadoras de 25 mm.
Os monitores
Essa classe de navio foi nomeada a partir do navio USS Monitor projetado em 1861 e que participou da Guerra Civil Americana, travando como o USS Merrimac a primeira batalha entre navios couraçados.
Eram navios de perfil baixo e por isso com pouca área para serem atingidos, dotados de uma couraça de proteção e de uma torre de canhão giratória.
Apesar de apresentarem compartimento estanques não apresentavam boa capacidade de navegação, principalmente em mares agitados. Seu principal objetivo era realizar bloqueios e proteção de baías e rios.
O USS Monitor acabou afundando devido ao mar agitado em dezembro de 1862 no Cabo Hatteras, nos Estados Unidos.
O Javari
Dois monitores oceânicos, o Javari e o Solimões, pertencentes à classe Javari foram mandados construir pela Marinha Imperial a um custo de 3.000:000 $ entre 1874 e 1875 nos estaleiros da Cie de Froges-et-Chantiers, de La Seyene e do Havre, na França.
O objetivo era atuar tanto no oceano como nos rios, graças a seu baixo calado, com alto poder de fogo. No seu lançamento eram as unidades mais blindadas e armadas de toda a esquadra.
Apresentavam 73,2 metros de comprimento, 17,4 metros de boca e 3,5 metros de calado, deslocando 3.700 toneladas. O casco de ferro apresentava sete compartimentos estanques e a ventilação interna era fornecida por dois ventiladores, um aspirava o ar viciado e o segundo injetava ar novo no interior do navio.
Eram navios encouraçados, com uma forte blindagem de 304 milímetros à meia nau e nas torres dos canhões; 177 milímetros na proa e popa, 76 milímetros no convés e 101 milímetros na torre de comando.
Seu armamento era formado de duas torres giratórias de 8,3 metros de diâmetro exterior e 6,1 meros de diâmetro interior e eram movidas por máquinas a vapor ou simplesmente por um cabrestante. Cada torre possuía 2 canhões de 234 mm Whitworth, que lançavam projéteis hexagonais de 200 a 350 kg de peso a uma distância de até 11.000 metros.
Além disso, havia mais 2 canhões de 37 mm. Nordenfelt e 4 metralhadoras de 25 mm.
Os navios com baixo perfil, eram impulsionados por duas máquinas alternativas de dois cilindros (1,2 e 1,72 m de diâmetro) no sistema Wolf, com 125 rotações por minuto, produzindo 2.500 HP que movimentava dois hélices de 3 metros de diâmetro, permitindo atingir uma velocidade máxima de 11 nós.
As caldeiras cilíndricas continham 16 fornalhas e os paióis de carvão comportam 200 toneladas. O Javari era iluminado com luz elétrica, produzida por uma máquina de 400 hp. Apresentava uma chaminé e ainda três mastros de vela auxiliares.
Participação na Revolta da Armada
Prelúdio
O Javarí aderiu a Revolta da Armada em setembro de 1893; não mais possuía propulsão própria, porém, devido a seu forte armamento e blindagem (11,5 polegadas), era utilizado como bateria de proteção da Ponta da Armação, onde estavam os maiores depósitos de pólvora dos Rebeldes.
Era um alvo constante das fortalezas e baterias costeiras, pois estava imóvel e era dotado de 4 poderosos canhões de 10 polegadas, um risco aos navios da esquadra legalista.
No dia 22 de novembro de 1893 estava fundeado entre a Ponta do Calabouço e a Ilha de Villegaignon, na Baía de Guanabara; um local conhecido como Poço da Guanabara, quando iniciou uma troca de tiros com as fortalezas da Barra do Rio de Janeiro.
O naufrágio
Durante o combate, um projetil, provavelmente da fortaleza de São João, localizado na entrada da barra do Rio de Janeiro, alcançou-o na popa, rompendo o casco.
O rebocador Vulcano, que movimentava o Javarí, tentou reboca-lo para um local de menor profundidade, onde ele pudesse continuar operando, até que os reparos necessários a sua flutuação pudessem ser executados; no entanto, com o peso da água que entrava, isso não foi possível. Atracado de contra bordo, o Vulcano, conseguiu salvar equipamentos importantes e o pessoal.
As bombas não foram capazes de manter a água fora do casco e o Javarí naufragou lentamente; as torres, continuaram a atirar até também serem invadidas pela água. O Javarí, foi a primeira perda da esquadra rebelde e por causa dela também caíram os depósitos de pólvora da Ponta da Armação. O couraçado acabou por repousar a 16 metros de profundidade e seu casco está registrado nas cartas náuticas locais.
Alguns autores, alegam que o Monitor, teria afundado, por ter sido deixada aberta uma válvula de fundo. Porém, comparando-se relatos e relatórios, pode ser concluído que o tiros de canhão recebidos, embora de calibre insuficiente para romper a forte couraça, teriam contribuído, junto com a trepidação dos tiros dos próprios canhões de 10 polegadas, para abalar a estrutura do casco, que já encontrava-se em mau estado, pois não havia sido feito os reparos necessários em sua última docagem.
Pesquisas para localizar o Javari
Pode ser que hoje o casco do monitor Javari esteja embaixo do aterro realizado para a construção do aeroporto Santos Dumont entre 1934 a 1936. Pois o poço da Guanabara estava localizado entre a Ponta do Calabouço e a Ilha de Villegagmon, onde está localizada a Escola Naval. Essa região foi aterrada para a construção do Aeroporto.
Assim se ele foi rebocado em direção a terra teria afundado onde hoje está o aeroporto. Mas, considerando o trabalho realizado pelo rebocador Vulcano, se ele foi rebocado para o fundo da Baía, evitando as baterias do costa, ele poderia estar mais para a região da Ilha das Cobras e ser o casco assinalado nas Cartas Náuticas na ponta da Ilha das Cobras.
Veja também:
O naufrágio do monitor Solimões