Especial – Top 10 do Oceano Índico

Alguns dos melhores naufrágios do mundo

Texto Maurício Carvalho

Naufrágios Top 10 do Índico:
British Loyalty, Conch, Diabeba, Erlangen, Hermes, King Cruiser, KT Mawar, Lady Christine, Machchafushi wreck, Rio Saiñas. 


Hermes – 09.04.1942 – De 44 a 55 metros
Índia – Sir Lanka – Batticaloa

Hermes PA 01 top 10 O Sir Lanka (antigo Ceilão) é uma Ilha localizada no sul da Índia, dentro do Oceano Índico e embora não tenha a fama de outros pontos com alta concentração de naufrágios, lá existem mais de 30 naufrágios frequentados por mergulhadores. Entre eles, o HMS Hermes que é o único dos porta aviões, acessíveis à mergulhadores (Saratoga em Bikini, Oriskany na Florida e Graf Zeppelin na Polônia), que foi afundado em combate.
O HMS Hermes foi o primeiro navio do mundo projetado com a função de operar aviões de combate. Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, as grandes unidades britânicas, americanas, alemães, japonesas e russas já utilizavam aviões de reconhecimento embarcados, mas eles eram hidroaviões lançados por catapultas, que pousavam no mar e eram recolhidos a bordo por paus de carga.
A construção nos estaleiros Armstrong Whitworth & Co. no rio Tyne em Newcastle, Inglaterra começou em 1918 ainda durante a guerra. Por ter sido  baseado no casco de um tipo de cruzador, o projeto original teve de sofrer sucessivamente uma série de mudanças e ajustes, o que atrasou a conclusão do projeto. Assim, o navio só foi comissionado em 1924.
Em sua configuração original ele tinha 182,9 metros de comprimento, 21,4 metros de boca e um deslocamento de 13.700 toneladas. Suas propulsão dependia de 6 caldeiras, 2 conjuntos de turbinas a vapor, que produziam quase 40.000 SHP e 2 hélices, permitindo atingir velocidade 25 nós.
Seus armamentos originais contavam com 6 canhões de 140 mm, 3 canhões antiaéreos simples de 102 mm, mas posteriormente ele recebeu duas montagens quádruplas de metralhadoras Mark III de calibre .50 mm.
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O projeto demorou muito para se completar, pois sendo o primeiro porta aviões, diversas adaptações tinham de ser desenvolvidas. Vista da construção; da proa e da popa do Hermes

Hermes PA aviao 2 Hermes PA aviao 04 Segundo o projeto, ele tinha a capacidade de transportar até 20 aeronaves, entre as quais, o bombardeiros torpedeiros Fairey Swordfish, caças Fairey Flycatcher e Fairey IIIDs. As aeronaves utilizavam dois elevadores para deixar o hangar e acessar a pista.
A tripulação totalizava 33 oficiais e 533 homens, além do grupo aéreo, formado por pilotos, mecânicos entre outros.

Torpedeiros Fairey Swordfish e caças Fairey Flycatcher

DADOS TÉCNICOS

Nome: HMS Hermes
Data do Naufrágio: 09.04.1942
Armadora: Marinha britânica
Estaleiro: Armstrong Whitworth
Construção: 1918 a 1924

Tipo navio: porta aviões
Dimensões: comprimento: 182,9 metros – boca: 21,4 metros
Deslocamento: 13.700 toneladas
Máquinas: 6 caldeiras aquatubulares; 2 conjuntos de turbinas a vapor e 2 hélices – 
Velocidade 25 nós
Armamento: 6 canhões de 140 mm, 3 canhões antiaéreos simples de 102 mm, 20 Aeronaves transportadas
Tripulação: 566 tripulantes

A ação na  guerra e seu afundamento

O Hermes serviu na Frota do Atlântico mas foi transferido à Frota do Mediterrâneo, onde em treinamento participou no desenvolvimento de táticas. Foi Esteve engajado em seguidas viagens a China e ilhas do litoral do sudeste asiático. Em 1937 retornou à Inglaterra onde foi colocado na reserva até 1938 quando de tornou um navio-escola.
Hermes PA Vampire Hermes PA 03 Quando a Segunda Guerra Mundial começou em setembro de 1939, após mais uma reforma, foi designado para realizar patrulhas antissubmarino e foi transferido para Dakar para cooperar com a Marinha Francesa no bloqueio aos navios alemães. Sofreu um choque com outro navio, o que obrigou a sofrer reparos na África do Sul, retomando em seguida ao patrulhamento de navios do Eixo no Atlântico Sul e no Oceano Índico.
O HMS Hermes e o HMS Vampire seriam utilizados na invasão de Madagascar

Hermes PA mapaEm fevereiro de 1941 até 1942, o navio atuou na Somália durante a Campanha da África Oriental e no Golfo Pérsico durante a Guerra Anglo-Iraquiana e permaneceu o resto do ano patrulhando o Oceano Índico. Em fevereiro de 1942 juntou-se à Frota Oriental no Ceilão.
Em abril, o porta-aviões e o contratorpedeiro HMAS Vampire estavam atracados em Trincomalee no Ceilão (hoje Sri Lanka), para se preparar para a Operação Ironclad, que seria a invasão britânica de Madagascar. Os ingleses receberam um alerta de poderia haver um outro ataque da frota japonesa no Oceano Índico, pois o porto de Colombo no Sir Lanka já sofrera um ataque.
Em 9 de abril de 1942 o Hermes e o contratorpedeiro Vampire zarparam para as Maldivas sem aeronaves a bordo, mas diante do risco de um ataque, decidiu-se retornar ao porto em Trincomalee .
Em 9 de abril, uma frota japonesa composta pelos porta aviões Soryu, Hiryu e Akagi, os mesmos que atacaram Pearl Harbor e foram afundados na Batalha de Midway e suas embarcações de apoio se aproximavam. Um avião japonês de reconhecimento do encouraçado Haruna avistou o Hermes a 45 milhas a nordeste de Batticaloa, ainda na costa do Sri Lanka. Sem a cobertura aérea, o porta aviões desprotegido e outros navios foram atacados por 85 bombardeiros de mergulho Aichi D3A, escoltados por nove caças Mitsubishi A6M Zero.
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85 Aichi D3A e caças Mitsubishi A6M Zero atacaram impiedosamente o Hermes que, sem defesa afundou rapidamente

O Hermes foi o primeiro a ser atacado, recebendo pelo menos 40 impactos diretos das bombas japonesas, o porta aviões começou a adernar para bombordo, emborcou e afundou rapidamente pela proa nas coordenadas de latitude 82°05’55 leste e longitude 007°35’28 norte. No mesmo ataque também foram afundados o HMAS Vampire, HMS Hollyhock e o RFA Athelstane.
O ataque e sucessivo naufrágio provocou a morte de 307 tripulantes do Hermes, incluindo o Capitão Richard Onslow. A maioria dos sobreviventes foi resgatada por um navio-hospital. Do lado japonês foram perdidos apenas 4 aviões.

Os Destroços

O naufrágio foi descoberto na Baía de Bengala, cerca de sessenta anos depois de ter afundado. O Hermes é suficientemente raso para ser visitado por mergulhadores recreativos. Ele está a 20 minutos de navegação da cidade de Batticaloa. 
O casco se encontra adernado sobre bombordo em um fundo de areia a 55 metros e sua parte mais rasa está na faixa dos 44 metros de profundidade. O convés principal está quase totalmente colapsado e a maior parte da superestrutura esta esmagada, mas algumas armas antiaéreas, canhões, restos de mastros e o telêmetro ainda podem ser vistos.
Na proa, as duas enormes âncoras de boreste, ainda estão encaixadas no escovém e na popa estão os dois enormes hélices de três pás.



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