Eventos – Expedição Wakama

OPERAÇÃO WAKAMA

17.06.2001

Equipe de Mergulhadores:
Carlos Arruda Accioly
João Mallet
José Augusto Dias
Marcus Werneck
Maurício Carvalho
Maurício Henriques

Embarcação: Payos
Misturas: Casamar
Equipe de Apoio: Kupeu, Charles e Carlos

logocasamar

Preparativos
FNWakama2O Wakama é um dos naufrágios do Brasil com história mais interessantes. Ele esta envolvido nos eventos da entrada do Brasil na Segunda Guerra, espionagem, violação do mar territorial brasileiro, disputas diplomáticas e a maior batalha naval do hemisfério sul. O afundamento do encouraçado alemão Graf Spee no Uruguai.
O feriado de Corpus Christ parecia uma data excelente para mais um mergulho no Wakama. O mar, embora de inverno, estava calmo a duas semanas e não eram esperadas frentes frias para o período.
Além disso, alguns dias de folga, permitiriam o preparo das misturas, equipamento e o descanso da equipe.

 

OperWakcascatOperWakmedid2No sábado pela manhã, nos dirigimos a bem montada e sempre organizada estação de recarga da operadora Casamar, onde naturalmente fizemos uma bagunça; ou existe modo de 6 mergulhadores técnicos, com toda aquela tralha, não bagunçar algum lugar?

Misturas utilizadas
Toda a equipe optou por utilizar a mesma mistura gasosa, que foi considerada a melhor opção para o mergulho que se pretendia examinar. Para saber mais sobre as misturas, suas características, tempos de fundo e de descompressão.

Mistura de fundo: TRIMIX 20/45
Mistura de Descompressão 1: NITROX 50
Mistura de descompressão 2: OXIGÊNIO 100%

Apesar do fornecimento do gás (Hélio e Oxigênio) ter apresentado problemas, tudo estava providenciado adequadamente, então foi só fazer os cálculos e começar o trabalho.
A equipe trabalhou muito bem e coordenada pelo Maurício Henriques logo terminou-se as misturas.
OperWakembarq2No final da tarde, emoldurado por um belo pôr do sol começou a faina para carregar todo o equipamento para a embarcação (Payos), já que nossa partida estava marcada para as 4:30 da manhã.
Difícil mesmo foi dormir cedo, pois Búzios as dez da noite começa a acordar. Às 4:30 da madrugada, quando acordamos, a festa ainda corria solta pela rua das pedras e para os bêbados de plantão devíamos formar um grupo estranho. Imagine-se carregando um scooter gigantesco nas costas, no meio de turmas de bêbados e você entendera a situação.
Ao embarcarmos no bote com destino ao barco; ainda fomos saldados por uma moça, um pouco mais “alegre”, com gritos de “Estão roubando o barco”, coisas de Búzios.
A noite fria não desanimou o grupo, pois o forte vento que assustou no dia anterior havia cessado. Embarcamos os últimos equipamentos e partimos para três horas de viagem. Após montar a maior parte do equipamento a tampa quente do motor embalou mais algumas horas de sono.
O dia raiando encontrou o mar picado com muitas ondulações, mas a água clara animava o grupo.


O mergulho

Já próximo do Wakama o GPS marcava o rumo, estávamos preparados para uma pequena busca porém dessa vez o equipamento marcou em cima e a sonda anunciou que estávamos sobre o navio, busca zero.
As duplas estavam organizadas: Henriques com o scooter desceu primeiro pois deveriam fazer um tempo de fundo maior. Depois deles, com intervalos de 10 minutos o José Augusto e o Malett com a primeira filmadora e por fim, Carlos Arruda e eu com a segunda filmadora.
Mal caímos na água e já visualizamos, na água azul, o Henriques passeando de scooter no meio de cardumes de Enxadas e Olhetes. “Que forma agradável de fazer uma descompressão”, pensei.

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Descemos pelo cabo da âncora em meio a diversos cardumes, que circulavam os destroços. Tudo perfeito, até os 38 metros, quando uma nuvem de sedimentos cobria os destroços e reduzia a visibilidade de mais de 20 metros para poucos 3 metros. Mal entrávamos na termóclina podíamos ver a sombra escura do Wakama logo abaixo.
O cabo da carretilha foi fixada pelo Carlos Arruda e iniciamos a exploração dos destroços da popa. Apesar da água escura, pudemos ver que sobre o convés muito destruído, estão caídos diversos pedaços dos destroços. A entrada principal e lateral do porão ainda são claramente visualizadas. Seguindo por um dos bordos, chegava-se a um grande rombo que expunha o interior dos destroços a força da correnteza; parece ter sido resultado da explosão do casco. Ainda sobre o convés estão posicionados um grande guincho e partes do mastro.
Os destroços estão recobertos por pequenas Anêmonas amarelas e grande quantidade de redes ainda estão presas no navio. Do lado de fora do casco aparecem grandes. Gorgônias e o convés abriga dezenas de Cirianthus, numa disposição clássica da fauna de naufrágios .
Após 35 minutos de fundo, percebemos que o cabo da âncora, que ligava o navio ao barco, roçava perigosamente na borda afiada do casco e ameaçava romper-se. Por isso, resolvemos interromper o mergulho mais cedo e retornar pelo cabo, passando o quanto antes (após as deep stops) ao cabo de deco. A medida mostrou-se muito sensata, pois logo depois de termos passado para a estrutura de deco, o cabo da âncora rompeu-se.
A descompressão no cabo ocorreu tranquilamente e encerramos o mergulho sem sustos, após 35 minutos de fundo levamos cerca de 40 minutos para retornar a superfície. O planejamento descompressivo variou um pouco entre cada uma das duplas.
O retorno para Búzios foi muito rápido, perdido no meio de tantos comentários sobre o mergulho, como sempre ficou a sensação de quero mais.
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Agradecimento 

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