Revista Mergulho, Destino naufrágio - Ano XII - Nº 144 - Julho/2008 - Pesquisa e informações : Carlos Bruno, Daniel Degan e Maurício Carvalho Fotos: Aleandros Freitas
Mais uma vítima de Ilhabela, o Hathor é um naufrágio para poucos – poucos dias e poucos mergulhadores

A noite do dia 21 de março de 1909 reservava uma desagradável surpresa para o cargueiro inglês. Um temporal com forte nevoeiro cobria Ilhabela e tornava a navegação difícil. Ao passar pelo farol da Ponta do Boi, o navio foi violentamente jogado pelo vento sobre as pedras da Ponta da Sepituba.
Por três dias, o vapor permaneceu preso pela proa, batido pelo forte mar, sem que nenhum auxílio fosse prestado ou que os 22 tripulantes pudessem desembarcar. Já certos do naufrágio, dois tripulantes arriscaram-se sobre as pedras passando uma tirolesa (um cabo esticado inclinado) entre a proa do navio e a costa, por onde desembarcaram os apreensivos marinheiros. 
Nos dias que se seguiram o Lloyd’s, segurador do navio, enviou uma equipe ao local a fim de examinar as reais condições do navio. Diversas tentativas de desencalhe foram feita e mostraram-se infrutíferas. Nas semanas seguintes, foi retirada a carga ainda não perdida e toda a equipagem possível. Dado como perdido o Hathor engordava o cemitério de navios da Ilhabela.
FICHA TÉCNICA
DADOS TÉCNICOS
NOME DO NAVIO: Hathor
DATA DO AFUNDAMENTO: 24.03.1909
LOCAL: Ilhabela, SP
POSIÇÃO: No Saco dos Padres, entre o saco do Cação e a ponta de Sepituba..
LATITUDE: 23.55.642 Sul.
LONGITUDE: 045.26.964 West.
PROFUNDIDADE MÍNIMA: 12 metros
PROFUNDIDADE MÁXIMA: 25 metros
CONDIÇÕES ATUAIS: desmantelado.
DADOS TÉCNICOS
NACIOLNALIDADE: Inglesa
ANO DE FABRICAÇÃO:
ARMADOR: Hathor Stemship Co.
ESTALEIRO: Palmer’s Co.
COMPRIMENTO: 104 metros – BOCA: 14 metros
CALADO: 6,5 metros – TONELAGEM: 2828 T
TIPO DE EMBARCAÇÃO: Cargueiro
MATERIAL DO CASCO: aço
PROPULSÃO: hélice
CARGA PRINCIPAL: Café
MOTIVO DO NAUFRÁGIO: mau-tempo
OS DESTROÇOS

Espalhado pelo fundo, turcos, cabeços-de-amarração e fragmentos do casco e cavername.
Aos doze metros, sobre uma grande pedra, a belíssima máquina a vapor tipo Triple Expansion Engine e outras peças do maquinário. Aos dezesseis metros, uma caldeira integra e a outra quebrada, além de uma caldeira auxiliar parcialmente soterrada.
A popa do naufrágio está completamente destruída e só é possível identificar o que restou do casco.
O MERGULHO
O ponto na costa da Ilhabela do naufrágio do Hathor não é particularmente favorável para mergulho, já que frequentemente o mar é agitado sobre os destroços, mas como a ilha é um dos melhores destinos do Brasil para um apaixonado por naufrágios, vale a tentativa. Se não for possível o mergulho, ainda restarão diversos belos e abrigados naufrágios como Aymoré, Velasquez, Dart, Therezina e São Janeco para visitar, até que o Hathor resolva se entregar a você.
Veja mais em: Naufrágio do Hathor
Curso de Mergulho em Naufrágios
Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil.
