Revista Sub Nº 6 março, abril/ 1994 - Texto e Ilustrações: Maurício Carvalho
Mergulhar em recifes de coral é, com certeza, um anseio que povoa os sonhos de qualquer mergulhador. As fantásticas cores dos recifes e sua vasta fauna atraem todos os anos milhões de mergulhadores de todo o mundo para as regiões onde estas formações são mais abundantes.
0 Brasil não está fora desta tendência turística, e milhares de mergulhadores brasileiros procuram, em suas férias, as mais famosas áreas de recifes no exterior já que estas formações não são numerosas no Brasil (ver box Corais do Brasil, pág. 31).
Com toda essa procura, muitos países procuram tomar medidas visando proteger seu patrimônio natural de mergulhadores menos cuidadosos, sendo obrigatório, em algumas áreas de turismo intenso, que o mergulhador faça um curso de proteção aos recifes, antes de mergulhar.
Para evitar um constrangedor puxão-de-orelhas. algumas dicas sobre recifes de coral são úteis.
0s corais 
0 aspecto geral dos recifes depende de furores como topografia, correntes. marés. entre outros. Em todo mundo “são reconhecidos três tipos básicos de formações recifais. Apresentaremos, ainda. um quarto tipo característico do Brasil.
I) Franjas — formações quase horizontais, que se estendem a partir da costa em direção ao mar com uma alteração suave da profundidade;
II) Barreiras — estruturas que crescem paralelas à costa, da qual estão separadas por um canal. Formam um anteparo entre o mar aberto e a praia. Diversas passagens ligam o canal ao lado de fora do recife;
III) Atóis — nestas formações, o coral cresce circulando uma ilha ou mesmo uma laguna, acabando por produzir rima estrutura de barreira circular;
IV) Chapeirões — típicos do Brasil, possuem um formação de cogumelo, com uma base estreita e uma área junto à superfície bastante alargada.
Técnica

Como já vimos, a parte viva dos corais (pólipo) é apenas uma tênue camada de tecido sobre a rígida estrutura calcária. Deste modo, qualquer impacto sobre o coral causa sua morte. Além disso, as afiadas ramificações podem facilmente provocar cortes na pele do mergulhador descuidado. Por isso, é fundamental um bom equilíbrio hidrostático. Roupa completa, luvas e joelheiras protegeriam você do coral mas não o coral de você. Nade suavemente, sempre equilibrado, evitando assustar os animais que vivem neste ambiente. Não se apoie nos ramos ou mesmo nos corais redondos. Cuidado com as nadadeiras, pois sua agitação, além de provocar quebras, podem jogar areia sobre eles, ocasionando a sua morte (Figura 2).
Os recifes são ambientes divididos verticalmente segundo a profundidade, pois os corais distribuem-se de acordo com a intensidade de luz. Próximo à superfície, onde as águas são mais agitadas, habitam os corais ramificados como árvores (coral-fogo não é um coral verdadeiro e sim um hidrozoário, chifre-de-veado, alce, entre outros). A medida que a profundidade aumenta, os corais passam a ser globosos como o coral cérebro. Junto ao fundo, são típicos os corais não colônias e as gorgônias.

No mergulho vertical, usado em costões, inicia-se descendo direto à profundidade máxima Já restabelecida, começando deste ponto um lento passeio em direção à superfície (Figura 3).
Deste modo, seu padrão descompressivo estará correio e você poderá perceber toda a variedade da fauna do recife.
Na hora de planejar seu mergulho, considere a área do recife onde será desenvolvida a atividade. Cada região possui características e fauna próprias. Um mergulho no interior da laguna, ou no canal de uma barreira, é caracterizado por pouca profundidade, águas calmas e fauna de menor porte. Um mergulho do lado de fora do recife (talude), em águas abertas, condiciona profundidades maiores, correntes e animais de maior porte.


Para que vivam bem, as algas necessitam de d’águas quentes (mínimo 20°C) e luz, que é limitada pela profundidade e transparência da d’água. Devido a esses dois fatores, o Brasil não possui grandes formações recifais junto ao continente.
No Sul e Sudeste as d’águas são frias devido à ação da corrente das Maldivas (Falklands); enquanto no Norte e Nordeste, apesar das d’águas serem quentes, a desembocadura de grandes rios como o Amazonas e o São Francisco turvam suficientemente a d’água, impedindo o desenyolvimento de grandes recifes. (ver mapa ao lado).
OBS: Na matéria original constam outros fotos.
Maurício Carvalho é biólogo e instrutor de mergulho com especialidade em Rescue e Naufrágios. Autor do livro Manual de Mergulho: Técnicas Avançadas. Instrutor PDIC.
Curso de Mergulho em Naufrágios
Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil.