Sumário
Pesquisa e texto: Maurício Carvalho
Histórico


O vapor deixou Hamburgo em 1890 em sua 60ª viagem para o continente sul-americano com destino final a Buenos Aires e as habituais escalas em Lisboa, Salvador, Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu.
Dados básicos
Dados de localização
Dados técnicos
O naufrágio

Ao aproximar-se da entrada da Baía de Guanabara, o comandante Karl Löewe indicou o rumo a ser seguido ao oficial de quarto, imediato Zessin, e retirou-se para sua cabina.
A medida que o paquete adiantava-se e com a aproximação da ilha Rasa, que se levantava à sua frente, diversos passageiros, que estavam na tolda, tomaram-se de pressentimento e receio comunicaram ao comandante seu temor.
Este respondeu-lhes “o navio estava bem navegado entregue ao oficial de quarto, profissional habilitado”. Com a proa, segundo os náufragos, a cortar o farol ao meio, os passageiros foram de novo e insistentemente ao comandante, que subiu rápido ao tombadilho conhecendo a iminência da desgraça. Às 00:25 da madrugada do dia 24 de julho de 1890 o comandante retornou ao convés e percebeu que o navio estava em rota de colisão com a ilha Rasa, ordenou então a reversão das máquinas.
Era tarde de mais, já se não podia evitar o sinistro, e alguns poucos minutos depois o Buenos Aires chocava-se contra o rochedo na parte leste da Ilha Rasa. Eram 00:30 hs, a noite era de lua cheia, o farol estava aceso, o tempo bom e o mar calmo, não havia motivo aparente para o acidente.

Segundo o livro da Hamburg Sud, esse seria o Buenos Aires. Na imagem só existe um guincho de proa, mas o Buenos Aires apresenta dois guinchos, como pode ser visto no croqui. Assim pode haver um erro de identificação
Posição do Buenos Aires vista do continente – Posição do Buenos Aires vista do mar
O comandante ordenou que os escaleres e lanchas salva vidas fossem abaixados dos turcos e em pouco tempo eles estavam ocupados por quantos se achassem a bordo. Os passageiros embarcados nos escaleres remavam em direção ao porto do Rio de Janeiro. Apenas o capitão e dois marinheiros permaneceram a bordo, tentando juntar documentos de maior responsabilidade, valores e dinheiro, postos em seu camarim e a mão. As 3:05 h. o navio afundou deixando de fora apenas a ponta dos mastros, o capitão e os dois marinheiros nadaram até um escaler, sendo resgatados.
Os passageiros e tripulantes remaram por toda a noite, vestidos de forma sumária, até alcançarem na manhã o interior da Baía de Guanabara. Os passageiros e tripulação receberam o apoio da agência da Hamburg Sud, no Rio de Janeiro. A marinha enviou um rebocador para vigiar os destroços evitando o roubo de carga e meses após o naufrágio foi aberto um inquérito para apurar denúncia de que o navio tinha sido deliberadamente provocado.
É indescritível a cena que então se passou a bordo.
“Com o choque do navio vieram a tolda, despertados em sobressalto, ao reconhecimento do perigo acompanharam o tumulto, a confusão e a disputa que
cada um empregava para salvar-se e aos brados angustiados de mulheres e crianças, de moços e velhos, que pediam misericórdia e salvação”.
O texto extraído do jornal O Paiz do dia 24.07.1890 – com atualização gramatical.
Descrição

No passado existiam muitas garrafas de cerveja e suas tampas de porcelana, as famosas garrafinhas azuis de óleo de rícino, uma gráfica com seus linotipos de antimônio e carregamento de brinquedos, que incluíam bolinhas de gude (olhinhos de gato) e bonequinhas de pano, das quais só eram encontradas cabeças, bracinhos e perninhas.


Âncora principal junto ao escovém corrente a âncora auxiliar a 12 metros – Um dos dois guinchos das âncoras a 12 metros


Sobre a área do primeiro porão, além de restos da carga, podem ser vistos um hélice reserva de duas pás, a estrutura de todo o cavername, dois cabeços de amarração, entre outras peças.
No meio do navio, ficavam duas grandes caldeiras, praticamente isoladas do resto dos destroços, uma ainda permanece inteira e a outra desmontou em janeiro de 1998 após uma ressaca.
Passando dessas caldeiras o costão inclina-se 45º seguindo em rocha lisa até 42 metros de profundidade. Neste ponto o navio está partido e deslocado para bombordo, onde estão a 30 metros, a máquina do tipo Duble Expansion Engine caída de lado, próximo a ela a terceira caldeira. A boreste existe uma 4ª caldeira e uma caldeirinha (Uma fornalha) axiliar.
A partir das máquinas, pode-se seguir o eixo sobre restos de casco até a popa, que desmontou no final de 2008.
A cerca de 40 metros está o hélice parcialmente enterrado.
A boreste, na mesma profundidade das máquinas, existem duas caldeiras a quarta caldeira principal e uma auxiliar, um guincho, cabeços-de-amarração bomba d’água e uma grande parte de costado, junto ao fundo de areia. Outras partes menores estão espalhadas ao longo do conjunto.


A 1ª caldeira a 25 metros, a 2ª desmontou por volta do ano 2000 só restando o trocador de calor e parte da couraça – A 3ª caldeira está em pé junto as máquinas


Máquinas do tipo Duble Expansion Engine caídas de lado a 30 metros. O hélice parcialmente enterrado esta entre 40 e 42, geralmente em águas muito turvas.
Para saber mais
Buenos Aires, obrigatório
SINAU
Para mais informações, acesse o Sistema de Informações de Naufrágios - SINAU
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