CAMBOINHAS

Sumário

Pesquisa e texto: Maurício Carvalho

Histórico

Construído em 1913 nos estaleiros Sunderland Shipbuilding Co. Ltd. na Inglaterra foi lançado ao mar em 10.03.1913 com o nome de  Tiara para a armadora Hall Bros Steamship Co. Ltda. de Newcastle.
Era um cargueiro de aço com 110,9 metros de comprimento, 15,5 metros de boca e um deslocando 4.129 toneladas.
Impulsionado por máquinas a vapor compostas de tripla expansão (25, 42 & 68 x 45 in), com 341 nhp, impulsionando um hélice que permitia a velocidade de nove nós.
Em 1933 foi vendido a Cia. de Cabotagem de Pernambuco e renomeado como Camboinhas, provavelmente homenageando a praia do município de Cabedelo (PB.).
Em 1946 foi vendido a Companhia de Navegação e Comercio Pan-Americana do Rio de Janeiro.

O Camboinhas já encalhado na Praia de Itaipú (Niterói, RJ.), que seria chamada futuramente de praia de Camboinhas

Dados básicos

Nome do navio: Camboinhas
Data de afundamento: 28.05.1958

Dados de localização

Local: Niterói
UF: RJ
País: Brasil
Posição: Praia de Camboinhas. Entorno de 350 metros da praia de Itaipú.
Latitude: 22° 57.657′ sul
Longitude: 043° 03.676′ oeste
Profundidade mínima: 0 metros
Profundidade máxima: 05 metros
Condições atuais: desmantelado e enterrado

Dados técnicos

Nacionalidade: brasileira
Ano de fabricação: 1913
Estaleiro: Sunderland Shipbuilding Co. Ltd., Inglaterra
Armador: Companhia de Navegação Pan Americana
Deslocamento: 4.129 toneladas
Comprimento: 110,9 metros
Boca: 15,5 metros
Tipo de embarcação: cargueiro
Material do casco: aço
Carga: em lastro
Propulsão: motor diesel
Motivo do afundamento: encalhe

O naufrágio

O Camboinhas vinha da Argentina, sob o comando do capitão Gilberto Gonçalves e já apresentou muitos problemas durante a viagem. Segundo o capitão “o navio deixou o porto de Santos (SP.) às 10:50 horas do dia 27 de maio com destino ao Rio de Janeiro, onde o navio seria colocado em uma doca seca para limpeza e conservação. Na altura da Ilha Grande fui forçado a pedir socorro, em virtude de uma comunicação do chefe de máquina de que os maçaricos tinham se apagado e o navio não podia prosseguir com suas próprias máquinas. As 23:40 horas, na altura das Ilhas Tijucas, ele encontrou o rebocador Falcão que lhe passou um cabo de reboque.
Já em frente da entrada da Baía de Guanabara, com mar muito agitado, o cabo de reboque partiu e devido a forte ventania o Camboinhas acabou por encalhar na praia de Itaipu. O navio não lançou ferros pois já havia perdido um a na altura das ilhas Tijucas e não possuía amarra suficiente para a ancoragem.
O local do encalhe na praia de Itaipu, na cidade de Niterói, RJ. atualmente é chamado de Praia de Camboinhas.
Diante dos pedidos de socorro, a Marinha do Brasil enviou a Corveta V 20 (Angostura), porém durante as manobras de desencalhe ela também acabou por encalhar na mesma praia.
Em auxílio aos navios encalhados foram enviados os rebocadores Trident, Triunfo e Comandante Dorat, além dos navios Imperial Marinheiro e Solimões.
Um terceiro navio, o rebocador Tridente, também acabou por encalhar na mesma praia. As fotos da época mostram, em dado momento, três navios encalhados.

Em primeiro plano encalhado na praia o Camboinhas, no segundo plano, também encalhado na praia, pode ser vista a Corveta V 20 (Angostura).
Ao largo, dois rebocadores da Marinha do Brasil que prestaram socorro

Com o encalhe da corveta Angostura da marinha é possível perceber pela ampla cobertura dos jornais que o Camboinhas foi esquecido e a prioridade passou a ser salvar a corveta Angosturas. Enquanto isso, o mau tempo castigava o casco e casaria do Camboinhas, inclusive derrubando sua chaminé.
Durante os dias que se seguiram o local virou point de turismo e divertimento da população que se deslocava até a praia para fotografar os navios encalhados.
Com a melhora do tempo e a ajuda de cinco navios e uma draga, no dia 03 de julho, a corveta Angostura (V 20) e o rebocador Tridente da Marinha do Brasil foram desencalhados, porém o Camboinhas já estava perdido, com o casco totalmente a mostra e partindo.  No dia 4 a Angostura foi levada para o dique da marinha onde sofreu uma cuidadosa avaliação e reparo dos danos.
Com o passar das semanas o cargueiro Camboinhas foi dado como perdido, estando assegurado em 25 milhões de cruzeiros. Posteriormente decidiu-se pelo seu sucateamento, foi vendido por 5 milhões para a empresa Chaves Fumo e Companhia Ltda. Para os trabalhos de desmonte foi necessário a construção de uma estrada de acesso de 2 quilômetros, que acabou por ajudar a colonizar essa região da praia, esse caminho existe até os dias de hoje.

 

     
A esquerda o vapor Camboinhas. A direita, detalhe da Corveta V 20 (Angostura) que também acabou por encalhar.
A foto de 05.06.1958, gentilmente cedida, mostra em primeiro plano o Sr. Enos Doria (de chapéu), na época com 9 anos

Descrição

Hoje, muito pouca coisa resta do Camboinhas no local do naufrágio, pois a maior parte do navio foi sucateada e removida em uma operação de resgate logo após o acidente.
Segundo informações, a abertura de uma estrada para essa operação auxiliou ao desenvolvimento e ocupação futura da praia, hoje muito bem urbanizada.
Na década de 70, mais uma operação retirou restos dos destroços, para evitar ferir os banhistas que passaram a frequentar a praia.
Após períodos de ressaca e na maré baixa, alguns ferros ainda emergem da areia na área de arrebentação. Por isso, a sociedade do bairro (SOPRECAM) instalou no acesso à areia, placas alertando os banhistas para o perigo de alguns destroços.


As placas de alerta da SOPRECAM indicam o local dos destroços evitando acidentes nos poucos destroços que restaram junto à arrebentação
Da posição do Camboinhas vemos ao fundo as Ilhas do Pai e da Mãe, na entrada da Baía de Guanabara
O que resta dos destroços (2023) do Camboinhas

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