Sumário
Pesquisa e Texto: Maurício Carvalho
Histórico

O vapor Carolina foi construído nos estaleiros de Southampton na Inglaterra em 1901, sendo lançado ao mar com o nome de Paraná. Apresentava 54 metros de comprimento, 8 metros de boca, deslocando 837 toneladas, impulsionado por máquinas compostas de 83 HP.
Após sua chega ao Brasil foi rebatizado de União e em algum momento foi vendido a companhia Empresa de Navegação Espírito Santo & Caravellas sendo rebatizado de Carolina. Navegou regularmente pela companhia a partir de 1910 fazendo rotineiramente a carreira de Santos até portos do nordeste.

Vapor semelhante no tamanho e período de construção ao Carolina
Não confunda
Vários navios ao longo da história chamaram-se Carolina. No mesmo período outro Carolina navegou pelas águas de nosso litoral.
(Jornal do Brasil, 02.02.1903, Vapor Entre Rios, pág. 02.)
A partir de 1900 um outro vapor de nome Carolina navegava para a Companhia Chargeus Reunis, com rotas no Brasil. Em 1903 socorreu o vapor francês Entre Rios que ficou sem o hélice ao largo de Cabo Frio, a notícia deixa claro que os navios pertencem a mesma companhia. Esse navio Carolina foi sucateado em 1907.

O Carolina deixou o porto do Rio de Janeiro do dia 26 de novembro de 1913 em direção ao porto de Vitória (ES.) com diversas escalas. No comando, estava o capitão Fernando Vieira Martins e uma tripulação de 30 homens, sendo 6 oficiais, 5 marinheiros de convés, 6 maquinistas, 6 foguistas, 3 carvoeiros e 4 taifeiros.
O Carolina chegou a Cabo Frio (RJ.) e ancorou na entrada do Canal de Itajuru. O canal de entrada do porto de Cabo Frio sempre apresentou problemas de assoreamento o que, na maior tempo da sua história, impedia que os navios entrassem no canal para carregar e descarregar, mesmo no apogeu da atividade salineira.
Seis passageiros foram desembarcados em Cabo Frio e a bordo, a tripulação se dedicava ao serviço de descarga do navio, que era feito por transbordo da carga para alvarengas.
Dados básicos
Dados de localização
Dados técnicos
O naufrágio

No início da noite a tripulação do Carolina prestou socorro a uma lancha de Saúde Pública, que fora atirada sobre os rochedos. Na entrada do canal do Itajuru, no porto de Cabo Frio, RJ. Os tripulantes foram recolhidos, porém dois tripulantes, pai e seu filho, funcionários da Saúde Pública, desapareceram, supondo-se terem morrido afogado.
A ventania só aumentava e finalmente as amarraras que prendiam, ou as pequenas âncoras do vapor não suportaram as enormes vagas vindas de sudoeste o esforço o navio desgarrou e foi lançado pelas ondas e vento sobre as pedras da lateral direita da entrada do canal.
Com o choque nas pedras o Carolina começou a afundar rapidamente. A bordo não houve pânico e toda a tripulação, que mais nada podia fazer, abandonou o navio nos escaleres. Alguns jornais, no entanto noticiaram cinco mortes.
A sua carga perdeu-se completamente. Só em maquinas Singer eram transportados 40 contos de réis.
O temporal provocou diversos naufrágios pelo litoral do Rio de Janeiro.
Segundo o pesquisador Elísio Gomes Filho no seu livro Histórias de Célebres Naufrágios do Cabo Frio – Ed. Texto & Arte: “…as pessoas da região passaram a “limpar” os porões do Carolina… caixas de vidro, usados em janelas, caixas de conhaque, fardos de fazendas, barrica de fumo, garrafas de cachaça e outras bebidas, caixas de sabão, caixa de roupas, vários artigos de armarinho, 264 volumes de máquinas de costura Singer e etc…
Muitos cidadãos passaram a utilizar trajes feitos de fino material, utilizando as máquinas de costura e os produtos do navio…
Os prejuízos da perda do Carolina e das mercadorias que transportava foram estimados em 200:00 (Contos de réis). A apólice está dividida entre a Empresa de Navegação Espírito Santo & Caravellas quatro companhias seguradoras. As companhias não aceitavam pagar a apólice e a situação acabou na justiça, com três companhias sendo condenadas a parar 100:00 (Contos de réis).
No Jornal O Fluminense de 09 de novembro de 1913 é noticiado que o juiz federal ordenou … “a venda em leilão do paquete Nacional Carolina naufragado na Enseada e encalhado na Enseada da Barra Nova no município de Cabo Frio nomeando leiloeiro desta praça Osório Silveira para proceder o mesmo leilão”…
O Jornal do Commércio de 09 de outubro de 1935 relata que foram removidos dos destroços 4.000 kg de ferro e cobre.
Descrição

Existem apenas uma grande caldeira flamotubular repousando em pé e pequenos ferros ao seu redor a cerca de 20 metros do costão.
A maior parte dos destroços parece ter sido removida do local na operação de resgate após o leilão dos destroços e nos anos posteriores por ação da população local.
SINAU
Para mais informações, acesse o Sistema de Informações de Naufrágios - SINAU
Compartilhe

