CARVÃO

Sumário

Texto e fotos: László Mocsári e Maurício Carvalho

Histórico

Uma Alvarenga típica do início do século XIX

Sabe-se apenas pelo aspecto dos destroços no fundo que a embarcação deve ser uma Alvarenga. Essas embarcações eram responsáveis inicialmente por levar material até os vapores ancorados ao largo do cais, porém, até os meados do século XX, acabavam sendo rebocadas por vapores para aumentar a capacidade de transporte de carga, já que a capacidade dos vapores brasileiros da época era baixa. Como eram construídas para atividades em portos, com fundo achatado e pouca estabilidade, em condições de mar grosso, acabavam naufragando com muita frequência. Vejam, entre outras a Alvarenga (PB), Batelão do norte (PE) e o Piaçava (BA.).
Sabe-se apenas, que era uma Alvarenga de casco de madeira (grandes pregos ainda fixados no cavername) e foi relatado no passado grande quantidade de carvão no fundo (Pedras de carvão não tem sido vistas nos últimos mergulhos nesse naufrágio). Como as Alvarengas não apresentavam máquinas a vapor, supom-se que o carvão fosse sua carga.
Era bastante comum o transporte de carvão em Alvarengas, de portos principais, onde esse combustível chegava, para os portos menores. Na Bahia, provavelmente a rota seria de Salvador para portos do sul como Ilhéus, Belmonte etc.
A aparência dos destroços faz supor que houve um incêndio a bordo, pois as estruturas estão muito comprometidos.
Existiu durante alguns anos uma confusão sobre a identidade de dois naufrágios muito próximos e de estrutura semelhante, o Piaçava e o Carvão, que estão separados por apenas 400 metros. O que faz supor inclusive que tenham afundado no mesmo reboque.
Mas agora, com os trabalhos de mapeamento do mergulhador László Mocsári de Salvador, a  identificação dos dois destroços estão claras.

Dados básicos

Dados de localização

Local: Itaparica
UF: BA
País: Brasil
Posição: Barra leste da Baía de Todos os Santos, 2,5 milhas da praia de Barra Grande, Itaparica
Latitude: 13° 04′ sul
Longitude: 038° 39′ oeste
Profundidade mínima: 14 metros
Profundidade máxima: 18 metros
Condições atuais: desmantelada

Dados técnicos

Comprimento: 42 metros
Boca: 06 metros
Tipo de embarcação: alvarenga
Material do casco: madeira
Propulsão: sem propulsão

Descrição

A barra de medição (branca e laranja) possui 6 metros de comprimento

Pouca coisa sobrou no fundo da embarcação. O navio parece caído em sua posição de navegação, ligeiramente adernada para boreste. Os destroços já estão bastante desmontados e limitados por um conjunto da cavernas, não restando nada do casco, o que faz supor que tenha sido um casco de madeira.
O fundo é coberto por algas calcárias típicas dessa região.
Na proa existe uma âncora almirantado plana com cerca de 1,5 metros e outra âncora bem maior, com cerca de 4 metros, o cepo transverso está ausente e suas unhas estão caídas debaixo de um aglomerado de corrente solidificada. Essa segunda âncora, não parece compatível com o tamanho da embarcação, assim, é possível que ela e a correntes estivessem sendo transportadas.
Debaixo doa haste da Âncora aparecem duas golas redondas de escovéns (o que também pode indicar casco de madeira). A cerca de dois metros da anilha da âncora, que se projeta em 45º, está um cabeço de amarração com cerca de 40 centímetros.



Âncora na proa e o aglomerado de correntes. A  âncora caída debaixo das correntes parece ser grande demais para o tipo de embarcação e poderia ser parte de uma carga. 

                                                  O cavername de boreste já tombado no fundo, enquanto o de bombordo ainda mantém sua posição

A frente da proa existe uma haste de cerca de dois metros presa a alguma estrutura. Atrás desse primeiro aglomerado parece existir um turco. Em direção ao meio do navio a estrutura só é evidenciada por um conjunto de cavernas. As de bombordo ainda apresentam as través de apoio do convés e a maioria das de boreste estão caídas para fora dos limites do casco. Poucas peças existem na canoa; duas caixas com cerca de 4 metros parcialmente destruída, podem tratar-se de tanques de água.
A bombordo também podem ser vistos um cunho e dois cabeços  de amarração.
No final do casco a popa forma um segundo aglomerado e terminando este aglomerado é nítida no bico da popa  a estrutura do volante do leme. Parte do leme e sua governadura parecem estar caídos após a popa.


 Parte de duas possíveis caixas d’água

 Um dos cunhos de amarração com a vista lateral e inferior                           Um dos cabeços de amarração                                     


  Argola do volante do leme vista da popa da embarcação e em detalhe

 

Vídeo do Carvão – László Mocsári
Vídeos de outros naufrágios da Bahia

 

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