Sumário
Histórico

A nau Santíssimo Sacramento era um navio planejado para as grandes travessias oceânicas. Construído em 1650, na cidade do Porto, apresentava 56 metros de comprimento e 12 metros de boca.
Ele saiu do porto do rio Tejo em Lisboa, Portugal, como capitânia da escolta de uma frota de 50 embarcações mercantes da Companhia Geral do Comércio do Brasil. Ele se destinava a Salvador, capital do Brasil e trazia a bordo o nobre João Corrêa da Silva, escolhido pelo rei, para substituir o governador geral do Brasil, Alexandre de Sousa Freire.
A bordo estavam mais de 400 ocupantes, marinheiros, soldados, nobre, representantes do clero e dezenas de moças solteiras, prometidas para os homens com boas condições financeiras que já moravam no Brasil, além de imigrantes que tentaria a vida nas novas terras portuguesas.
Além disso, o Sacramento transportava uma importante carga de armas, munições e víveres enviados pela coroa para o governo da província.
Dados básicos
Dados de localização
Dados técnicos
Posição do Sacramento em relação a costa oceânica de Salvador, BA.
Outros naufrágios: Cavo Artemidi, Reliance, Juracy Magalhães, Rebocador do Rio Vermelho, Manau e Irman ( mapa – Google Earth)
O naufrágio
Uma travessia de Portugal a Salvador por vezes demorava mais de 90 dias, dependendo de condições de vento e da rota, mas a frota fez uma travessia tranquila e depois de 60 dias em uma viagem ainda assim dura, com enormes restrições, a Nau Sacramento atravessou o Atlântico, se aproximava da capital e todos a bordo estavam ansiosos para chegar a Salvador.
Era o final de tarde do dia 5 de maio de 1668 e a frota iniciava os preparativos para a aproximação pelo norte do porto de Salvador no interior da abrigada Baía de Todos os Santos.
Segundo alguns autores; “o comandante planejava cortar o Banco de Santo Antônio, para ganhar tempo e chegar ao raiar do dia.
O Banco de Santo Antônio é uma elevação, localizada a direita da saída da Baía de Todos os Santos e se eleva de 30 metros a pouco menos de 4 metros de profundidade e já era conhecido no período.
O tempo estava ruim, com a presença de forte vento sul. O galeão não conseguiu manobrar para contornar o banco de areia e acabou batendo no Banco de Santo Antônio a pouco mais de 500 metros da ponta norte de Salvador, onde hoje está localizado o Farol da Barra na posição 13° 02′ 18″ sul e 038° 30′ 04″ oeste.
Segundo Sebastião Pitta, primeiro a narrar o episódio no livro História da América Portuguesa – Lisboa, 1730, foram disparados tiros de canhão de terra para alertar a Nau, mas eles foram interpretados como uma salva de boas vindas.
Com o impacto sobre o banco, o Sacramento teve seu casco e provavelmente o leme severamente avariados. O navio derivou ainda por 5 horas até afundar perto das 23 horas. Deixando na noite escura apenas destroços que flutuavam entre as ondas e os náufragos desesperados agarrados a eles.
O tempo ruim impediu que barcos partissem de terra para socorrer a Nau. Alguns poucos sobreviventes foram levados pela forte correnteza vazante em direção à Praia do Rio Vermelho agarrados a tudo do navio que flutuasse.
Somente com o início da manhã é que se descobriu o tamanho da tragédia pela quantidade de corpos na praia. De um total de mais de 400 pessoas salvaram-se apenas 70 pessoas. Alguns autores falam em 600 almas, mas os números técnicos dos galeões do período não atingem essa proporção para as viagens transoceânicas, apenas para atividade de combate.
A Descoberta
Durante muitos anos a formação dos destroços era conhecida dos pescadores locais como “Capitanha”. Em março de 1973 o famoso mergulhador de Salvador Francisco Gordilho (conhecido como Chico Diabo) mergulhou no local atrás de um grande peixe. Durante os mergulhos avistou canhões e âncoras e entendeu que havia encontrado um navio e pensou que ficaria rico.
A partir daí, sem conhecimento das autoridades, começaram a retirar canhões, pratos de porcelana e valiosas faianças (louças de barro) portuguesas. Muitas peças foram vendidas e não se sabe o paradeiro.
A lei 7.542 que regulamenta exploração de navios afundados é de 1986, assim tecnicamente é importante entender que não estavam cometendo crime.
Canhões de bronze tipo colubrina do Sacramento expostos no Museu Naval e Oceanográfico do Rio de Janeiro e no Museu do Farol da Barra em Salvador
Em 1974 a Marinha do Brasil iniciou um trabalho seletivo e organizado que se desenvolveu de 1976 a 1987 mapeando e resgatando outros itens dos destroços.
Muitas peças do Sacramento, como canhões, astrolábios, porcelanas faianças e outros objetos de uso cotidiano dentro do navio encontram-se hoje a disposição nos Museu Naval e Oceanográfico e no Espaço Cultural da Marinha no Rio de Janeiro e no Museu do Farol da Barra em Salvador.
Peças do Santíssimo sacramento como a garrafa Belarmino e o astrolábio estão em diversos museus
Descrição
Sobre um fundo de areia plana destaca-se, com aproximadamente 2 metros de altura o conjunto dos destroços, formando um grande aglomerado. O casco encontra-se soterrado, só existe uma grande formação elíptica, com rochas do lastro, sobre esta formação encontram-se 10 canhões, no areal estão outros canhões amontoados e a âncoras na parte NE., formando um grande aglomerado.
O casco encontra-se soterrado, só existe uma grande formação elíptica, com rochas do lastro, sobre esta formação encontram-se 10 canhões, no areal estão outros canhões amontoados e a âncoras na parte NE.
Croqui realizado baseado nos trabalhos da Marinha do Brasil – 1977
Canhões do tipo colubrinas Âncora Canhão de ferro do Sacramento
SINAU
Para mais informações, acesse o Sistema de Informações de Naufrágios - SINAU
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