SELMA

Sumário

Pesquisa e texto: Maurício Carvalho

Os livros, listas de sites de naufrágios e os poucos textos referiam-se a ele como Selman. Só localizamos sua história em fevereiro de 2012.

Histórico

O vapor Selma foi lançado dos estaleiros  W. Doxford & Sons em West Hartlepool na Inglaterra em 1896 para a empresa  em G. Horsley & Son. O navio apresentava 112 metros de comprimento, 15 metros de boca e 8 metros de calado.
Seu deslocamento era de 3.480 toneladas impulsionada por máquinas compostas de 3 cilindros. Em 1900 o vapor passa a propriedade de Horsley Line Ltd.
No início de setembro de 1910 o vapor inglês deixou o porto de Rosário de Santa Fé na Argentina, sob o comando do Capitão Robert Bahl, com uma carga de trigo com destino a Veneza na Itália.
Durante a viagem o navio já havia aguantado mal tenho em diversas ocasiões. Por volta de 3:00 horas da madrugada do dia 16 o Selam enfrentava mar agitado e muito nevoeiro. Por isso, procurava manter seu navio ao largo.
Quando já avistava a Ilha de Cabo Frio(RJ) o navio aproximou-se perigosamente da praia da Massambaba, onde existem bancos de areia e é considerada pela Marinha dos Brasil um dos cemitérios de navios da costa brasileira.
Segundo o mestre Antônio Luiz Postiga da chalana de pesca Doze Apóstolos com 16 homens sendo 7 deles os irmãos e que prestou socorro aos náufragos, o Selma, tomou o rumo do banco de areia fixo existente naquele local. Vendo o desastre eminente, o mestre manobrou a chalana, fez-se de vela, para alcançar o navio, para o qual tentava sinalizar.
Foi inútil, antes que a Doze Apóstolos pudesse aproximar-se à distância de ser ouvido, o Selma trepou violentamente sobre o banco de areia e adernou.
O choque violento é inesperado causou grande dano e o navio rapidamente abriu água e começou a afundar. A tripulação composta de 25 homens, correram desordenadamente para o convés. O comandante rapidamente percebeu que o navio estava irremediavelmente preso e deu ordens para baixar às duas baleeiras que o navio possuía.

Foto da Praia da Massambaba na região dos naufrágios do Selma e Caledonian. Ao fundo o Focinho do Cabo

Com o mar encarpelado as baleeiras mal podiam suportar o peso dos náufragos e a forte bruma não deixava os tripulantes condição de saber para onde deveriam remar.
O mestre Postiga do Doze apóstolos pressentindo a situação aproximou-se das baleeiras e recolheu a bordo de sua chalana o comandante e vinte cinco tripulantes. Porém o peso em excesso prejudicava a navegação do Doze Apóstolos. Assim, inicialmente o gelo condicionado para a pesca foi lançado ao mar, ainda assim, o peso era muito grande e foi decidido rebocar as baleeiras com alguns tripulantes a bordo. Finalmente no início da manhã chegaram ao porto de Cabo Frio
Quando a notícia do encalhe chegou ao rio de Janeiro o Arsenal de Marinha enviou o reboque Brasil de armador particular, para Cabo Frio, a fim de prestar os primeiros socorros e o rebocador Audaz para o local do naufrágio, para verificar se era possível salvar o navio inglês.
Porém, o Sema já estava partido devido à força do mar sobre sua estrutura sendo considerado totalmente perdido.
Na tarde do dia 17, o Brasil voltou ou porto do Rio de Janeiro levando os vinte e seis tripulantes  do Selma. O navio estava totalmente perdido. Os náufragos foram apresentados na polícia marítima e depois ao consulado inglês, com o fim de regularizarem a sua situação.
O material do navio que deu a praia nos dias seguintes foi recolhido e protegido pela polícia.
Como a situação do navio era de perigo imediato, pois o Selma já abrira água e estava prestes a soçobrar, o mestre Postiga acercou-se dele o mais rapidamente que pode e colheu a bordo de sua chalana o comandante e vinte cinco tripulantes.
Quando a notícia do encalhe chegou a capital, o Arsenal de Marinha solicitou que reboque Brazil, de armador particular, seguisse para o local para colher informações sobre o navio e prestar os primeiros socorros. Ao mesmo tempo, enviou o rebocador Audaz, para ver se era possível salvar o navio inglês.
Ainda na tarde do dia 17, o Brasil entrou no porto do Rio de Janeiro levando os vinte e seis tripulantes do Selma a bordo. O navio estava totalmente perdido.
Durante muitos anos a história deste naufrágio era desconhecida. Os Listas de naufrágios e os poucos textos referiam-se a ele como “Selman”. Sua história só foi localizada pela equipe do Site em fevereiro de 2012.

A praia da Massambaba é considerada pela Marinha como uma das áreas de máxima incidência de naufrágios no Brasil.
Nela estão afundados cerca de 30 navios, entre eles o: Anchieta, Caçador, Dois Amigos, Dom Afonso, Ferreira Machado, Goytacaz, Itaperunense, Jequitinhonha, Mellie J. H., Minerva, Não Me deixes, Penalva, Port-Manorck, Parana, Rival, Santo Antônio e Tomezina.

Dados básicos

Nome do navio: Selma
Data de afundamento: 16.09.1910

Dados de localização

Local: Arrail do Cabo
UF: RJ
País: Brasil
Posição: Praia da Massambaba a cerca de 200 metros da praia.
Latitude: 22° 57′ sul
Longitude: 042° 02′ oeste
Profundidade mínima: 05 metros
Profundidade máxima: 05 metros
Condições atuais: desmantelado

Dados técnicos

Nacionalidade: inglesa
Ano de fabricação: 1896
Estaleiro: W. Doxford & Sons. (West Hartlepool)
Armador: M.H. Horsley
Deslocamento: 3.480 toneladas
Comprimento: 112 metros
Boca: 15 metros
Tipo de embarcação: cargueiro
Material do casco: aço
Carga: milho
Propulsão: vapor
Motivo do afundamento: Encalhe

Os destroços foram localizados e identificados por Elísio Gomes Filho, antigo proprietário do Museu Histórico e Marítimo de Búzios, RJ., agora com o acervo incorporado ao Museu Oceanográfico de Arraial do Cabo, RJ. Elísio também é autor de três livros sobre naufrágios: História dos Célebres Naufrágios do Cabo Frio, 1993, Texto & Arte, A Tragédia do Magdalena,1995, Editora Litteris e Morte no Mar de 1997, Edição independente.
Infelizmente, durante os mergulhos da equipe, não foi possível reconhecer fatores que confirmassem a identidade dos destroços, restando realizar mais pesquisas.

Descrição

O naufrágio encontra-se muito enterrado a cerca de 200 metros da praia e a cerca de 500 metros a leste dos destroços que seriam do Caledonian.
Da proa nada pôde ser visto durante nosso mergulho, pois ela encontrava-se junto a arrebentação.
A popa está separada por 20 metros dos demais destroços. Possivelmente o cavername da área dos porões esta enterrado. No segundo grupo de destroços, que corresponde à meia nau, podem ser vistas duas grandes caldeiras parcialmente quebradas e uma menor. Das máquinas, sobraram os virabrequins e o eixo excêntrico, Indicando que o navio deve ter sido alvo de um trabalho de resgate.
Pedaços pequenos do casco e casaria, espalham-se pelo fundo em torno do eixo do navio.
Na extremidade da popa, ainda estão presos as governaduras de encaixe do leme, também podem ser vistos parte do arco do hélice e do leme.

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