Sumário
Histórico
Utrech era um galeão holandês construído em 1663 no estaleiro naval de Amsterdam. Utreque ou Utrecht em neerlandês, foi uma das primeiras cidades dos Países Baixos, no centro do país é a capital da província de Utrech.
Possuía 36 metros de comprimento e 8,4 de boca deslocando 250 toneladas foi construída para a Marinha com objetivo de expandir os domínios dos Países Baixos pelos novos territórios dando apoio a companhia das Índias Orientais.
Era comandada pelo Capitão Jacob Pauwelszn Cort e em sua viagem final era tripulada por 89 marinheiros e transportava 100 soldados.
Em meados do século XVX, Portugal e Holanda estavam em guerra e o Império Luso tentava expulsar os holandeses de Pernambuco, porém a superioridade marítima da Holanda era indiscutível. Assim, os portugueses permaneciam ancorados em segurança na Baía de Todos os Santos (BA.) protegidos pelas fortalezas da costa.
Em março de 1648, a esquadra de nove embarcações do Almirante holandês Witte Corneliszoon De With, invade a Baía de Todos os Santos; entre os navios armados estão o Huys Van Nassau, Utrecht e o Overyssel.
A frota holandesa ataca a esquadra de Luís da Silva Teles, que trazia do reino, o novo Governador Geral do Brasil, D. Antônio Teles de Meneses, Conde de Vila Pouca de Aguiar, a frota portuguesa em pânico se dispersa.
Os navios holandeses “Utrech e Huys Van Nassau flanquearam o galeão português Nossa Senhora do Rosário, preparando a abordagem. Sem saída, e temendo perder o navio, o capitão português ateia fogo ao paiol de pólvora que voa pelos ares, carregando consigo toda a tripulação e as duas embarcações Holandesas.
Quando a fumaça se dissipou restavam em chamas o Huys Van Nassau e 26 sobreviventes do Utrecht agarrados a destroços flutuantes. Mais de 180 homens perderam a vida na explosão e naufrágio.
O Huys Van Nassau encalhou em Itaparica, BA. sua tripulação foi resgatada por dois outros navios batavos, mas o navio foi posteriormente recuperado e rebatizado de Fortuna pelos portugueses. O N.S. do Rosário desapareceu por completo. O São Bartolomeu foi levado pelo holandeses para recife sob o comando do capitão Jacob Paulusz Cort do Utrech, que sobreviveu a explosão de seu navio.
Em 1981 os restos do Utrecht foram encontrados perto de Itaparica, BA. e durante os trabalhos de recuperação, encontraram-se muitos objetos de estanho que hoje constituem uma das coleções do período mais completas no mundo. Diversas peças identificadas foram restauradas e replicadas pela empresa John Somers Estanhos e hoje fazem parte de sua coleção. Infelizmente outras peças oram retiradas do país e leiloadas na empresa Christie’s Amsterdam em 1983.
Dados básicos
Dados de localização
Dados técnicos
Descrição
Os destroços encontram-se espalhados em um fundo plano de areia, em um raio de aproximadamente 100 metros, nitidamente delimitado por um aglomerado formado de pequenas pedras de lastro, com altura máxima em relação ao fundo de 1 metro. No centro da área encontra-se uma grande âncora almirantado plana, fincada ao fundo por uma das unhas. Em volta dela, três canhões e mais uma pequena âncora quebrada.
Duas grandes fileiras de lastro estão alinhadas quase paralelamente, atingindo um metro acima do fundo. Não sabemos se foram alojadas novamente ou se estão em sua posição de naufrágio. Entre elas, um novo aglomerado de quatro canhões e mais uma âncora em pé no fundo.
Em torno destes destroços, são encontradas ainda três âncoras, todas deitadas no fundo.
Apenas um canhão e uma âncora encontram-se afastados do conjunto dos destroços. No total foram localizados 19 canhões de erro. Os canhões de bronze foram retirados e alguns encontram-se no Museu Naval e Oceanográfico do 1º Distrito Naval no Rio de Janeiro e outro uma colubrina de bronze está no Espaço cultural da Marinha, em exposição junto com peças de estanho, porcelana e bronze retirado dos destroços.
Exposição das peças do Utrech no Museu Naval e oceanográfico e canhões de bronze no espaço cultural da Marinha no Rio de Janeiro
Canhão de bronze do Utrecht. Museu Naval e Oceanográfico da Marinha, Rio de Janeiro, 2009
Âncora Canhões Pilha de lastro
Catálogo da John Somers Estanhos sobre o Utrecht
Ilustração do catálogo da John Somers sobre o combate e as peças de estanho recuperadas do Utrech
O estanho achado no Utrecht constitui neste momento a maior coleção de estanho no mundo, com data tão precoce e específica.
O estado dos objetos achados variavam entre quase perfeitos (como o clyster uretral, ainda em estado para uso) e completamente carcomidos. No catálogo da John Somers também existem fotografias das peças no seu estado original, antes da limpeza e restauração pela empresa.
John Somers dedicou quase 5 anos a um trabalho de pesquisa visando à identificação, restauração e reprodução desta coleção. O catálogo da empresa mostra o produto deste trabalho.
O achado estão divididos em duas partes distintas: Utensílios de uso diário dos oficiais e utensílios do cirurgião.
A primeira contém utensílios de mesa, de comida e de bebida; por exemplo o pichel Jan Steen com bico longo, as colheres, saleiros e a bacia grande são provas da maneira de comer e do tipo de comida da época, a maior parte da qual era ensopado.
Outros utensílios de uso diário como pinicos, castiçais de latão, compasso e tinteiro.
O segundo grupo é constituído pelos objetos de uso do médico. Os clysteres uretral, espátulas, comadre, tesouras, balanças e a caixa de unguentos.
Todas as peças oferecidas pela John Somers estanho são carimbadas com o nome do navio, a data do seu afundamento e o lugar. Além disso, cada item das peças do cirurgião é carimbado com o seu número individual da edição.
Peças recuperadas, restauradas e replicadas do Galeão Utrecht
Réplica e original do Pichel Amsterdam Clyster uretral da caixa do médico
Espátula da caixa do médico Cachimbos, peças de damas e garrafas
SINAU
Para mais informações, acesse o Sistema de Informações de Naufrágios - SINAU
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