WAKAMA

Sumário

Histórico

O Wakama

Este cargueiro de 3.771 toneladas foi construído e lançado ao mar em 1921 nos estaleiros Nordssewerke em Enden na Alemanha. Completado em 1922 foi comprado pela empresa Frigga (deusa-mãe da dinastia de Aesir na mitologia nórdica. Esposa de Odin, madrasta de Thor) Linie de Hamburgo e batizado de Odin.
Em 1926 foi vendido a empresa Woermann Linie Vessel (German Wester Africa Line), de Hamburgo e que operava serviços da rota oeste da África e batizado e renomeado Wakama, uma região da Nigéria, que servia de entreposto para a companhia Woermann Linie.

Woermann Linie Vessel (German Wester Africa Line)

 

Encouraçado Admiral Graf Spee

Afundado durante a 2ª guerra mundial, por cruzadores ingleses, ao tentar furar o bloqueio naval. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 27 de agosto de 1939, onde permaneceu ancorado até a madrugada de 11 de fevereiro de 1940 devido ao bloqueio naval imposto pela Inglaterra e França. As águas territoriais do Brasil foram consideradas zona de neutralidade pela Conferência de Neutralidade do Panamá. Apesar disso na madrugada de domingo o Wakama deixou o porto do Rio.
As 14:27 h. foram captados pelas estações telegráficas do Arpoador um pedido de S.O.S. do Wakama da posição 23º 43′ S e 042º 38′ W. Deslocaram-se para o local os navios Arriaga Mendel e Bage, que chegando a noite não encontraram vestígios do Wakama, apenas uma pequena embarcação de salvamento. Na tarde de 12 de fevereiro atracou no Rio de Janeiro o Cruzador inglês HMS Hawkins, a bordo do qual estava o almirante Sir Henry Hardwood, que subia do estuário do rio da Prata onde participara da campanha do afundamento do encouraçado Admiral Graf Spee.
Este oficial divulgou nota que as 14:00 h do dia 2 de fevereiro um dos dois aviões de reconhecimento do cruzador inglês localizou o Wakama, o cruzador Hawkins intimou o cargueiro. Em seguida a própria tripulação incendiou o navio pondo-o a pique.

 

HMS Hawkins (D 86)
Classe Cavendish – Cruzador pesado
Foi comissionado em Julho de 1919

Características de construção                          Armamentos

Comprimento: 181,5 metros                                  7 canhões de 7.5 polegadas
Boca: 19,5 metros                                                    8 Anti-aéreas 4 polegadas
Deslocamento 9800 Toneladas,                           4 tubos de torpedo de 21 polegadas
Tripulação: 430 homens                                        1 aeroplano lançado de uma catapulta
Velocidade máxima: 30,5 nós
Máquinas: Turbinas 55.000 HP, hélices de 4 pás


Leia mais no Especial – Encouraçado Graf Spee

Segundo os relatórios da marinha inglesa da época, os 10 oficiais e 36 marinheiros do Wakama, após afundar o cargueiro, abandonaram a embarcação em escaleres, foram aprisionados pelo cruzador e levados à Inglaterra para interrogatório. No entanto existem relatos de pescadores da região de Búzios, RJ. que dão conta de que o cruzador inglês teria aberto fogo contra o vapor alemão. Também é verdade  que os jornais da época anunciavam antes do afundamento que o alto comando alemão tinha dado ordens para que os mercantes fossem postos a pique, evitando que caíssem nas mãos do inimigo.
Uma célebre frase atribuída a  Winston Churchill já escancara “quando uma guerra começa a primeira vítima é a verdade”

Os mesmos jornais relatam que tanto o Brasil, como outros países signatários do Tratado de Neutralidade do Panamá, que assegurava que atos de guerra não deveriam ocorrer em águas litorais dos países signatários, protestaram contra o ataque em águas brasileiras (até então uma nação neutra), fato que não recebeu maior atenção por parte da Inglaterra, mesmo com o estado de beligerância declarado pela Colômbia.
Por tradição as grandes nações ignoravam o mar territorial brasileiro em operações de guerra. Veja o caso do Santa Catharina, vapor alemão confiscado e afundado pelos ingleses em Abrolhos, ou a ação de corsários como no caso do Cap Trafalgar e a canhoneira Eber em Salvador

Dados básicos

Nome do navio: Wakama
Data de afundamento: 12.02.1940

Dados de localização

Local: Búzios
UF: RJ
País: Brasil
Posição: 18 milhas de Cabo Frio
Latitude: 22° 35.84′ sul
Longitude: 41° 39. 73′ oeste
Profundidade mínima: 36 metros
Profundidade máxima: 50 metros
Condições atuais: desmantelado

Dados técnicos

Nacionalidade: alemã
Ano de fabricação: 1921
Estaleiro: Nordsseweerke, (Enden – Alemanha)
Armador: Woermann Linie Vessel (German Wester Africa Line), Hamburg
Deslocamento: 3.771 toneladas
Comprimento: 112,2 metros
Boca: 15,5 metros
Tipo de embarcação: cargueiro
Material do casco: aço
Carga: Quartzo, 20 mil caixas de banha, 50 mil sacas de café, 30 mil tortas de linhaça, 4 mil quilos de fumo, 10 toneladas de níquel, além de algodão, feijão e borracha
Propulsão: vapor
Motivo do afundamento: afundado pelos ingleses na 2ª guerra


Para saber mais

Conheça a história completa

Descrição

O Wakama, além de ser um mergulho profundo, possui frequentemente águas escuras, frias e com correntes, o que dificulta a realização de croquis.
Em 209 (último mergulho por lá) a proa parecia estar parcialmente destruída e sobre o convés da proa está caído um mastro. O primeiro porão está aberto e quase totalmente vazio, o costado de bombordo está rompido, dando passagem para águas abertas.
A meia nau e popa estão inteiras, podendo-se seguir pelo convés junto ao costado de boreste. O casco mantém a tradicional estrutura de canoa.
Muitas das peças da superestrutura, como: mastros e chapas estão caídos sobre o convés.
No exterior do casco existe uma quantidade enorme de gorgônias vermelhas de grande tamanho, possivelmente pela boa exposição as correntes marinhas que provêm alimento. Na parte superior do convés, que parece já ter cedido parcialmente (forma de canoa) existe um grande tapete de gorgônias


Muitas redes por todo o naufrágio – Cavernam do porão de proa, no ponto em que o casco está rompido


Paulo Dias sobre a área do convés  –  Gorgônias recobrem o exterior e Ciriantus o interior do casco

O Mergulho realizado no Wakama foi a primeira operação de TRIMIX
do mergulho amador brasileiro. Organizada pelo CIMA do Rio de Janeiro em 1997

    
Maurício Carvalho durante a longa descompressão devido ao naufrágio profundo. Célio Durães no interior do porão de proa
Após o mergulho, 10 minutos no oxigênio puro foram usados como segurança


Jonia Pain, preparando-se para a descida                  Paulo Dias após o mergulho experimental com o TRIMIX
Na primeira descida estavam Paulo Dias, Célio Durães e Maurício Carvalho. Também participaram da operação os mergulhadores José Dias, Jônia Pain, Olga Buckton, Miguel, Diniz Oliveira e Bruno.

Condições de mergulho

O Wakama é um mergulho complexo. Sua distância do litoral cria dificuldades técnicas para marcar o ponto e a região com frequência têm muitas ondas e forte corrente. Em uma das expedições o cabo de subida preso a boia, rompeu poucos minutos antes da última dupla, onde eu estava, retornar ao cabo seria uma longa descompressão derivando no meio do oceano.
Embora na superfície a água seja clara, geralmente abaixo dos 30 metros uma termoclina bastante fria e de baixa visibilidade aparece. Somente em um dos mergulhos realizados lá a água estava clara no fundo.
Os destroços estão cobertos de redes e os destroços já apresentam muitas partes desmoronadas.

 
O uso de scooters facilita o acesso aos destroços apesar das correntes fortes. Abaixo dos 30 metros uma termóclina fria e turva se instala sobre os destroços


Para saber mais
Navios estrangeiros afundados no Brasil

Especial – Wakama, rompendo o bloqueio
Expedição Wakama

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