DICAS DE MERGULHO
NO C T. PARAÍBA
Dicas de mergulho de Luiz Basílio, um dos mergulhadores técnicos que mais têm freqüentado o CT. Paraíba,
tendo realizado cerca de duas dezenas de mergulhos no naufrágio.
 

Algumas observações a respeito do mergulho no naufrágio CT Paraíba, visando um melhor aproveitamento do mergulho e uma maior segurança neste que, para mim, é um dos mergulhos em mar aberto mais fascinante, desafiador e complexo, principalmente para aqueles mergulhadores que tem treinamento de mergulho técnico e não tem tido oportunidade de aprimoramento por falta de local mas accessível.


Comentários sobre o naufrágio CT PARAIBA


Luiz Basílio

 

O mergulho como é sabido inicia-se com seu planejamento com pelo menos um dia de antecedência lembrando, mas não se limitando, as seguintes observações:

1. Lembrar uma análise do diagrama do navio, tentando imaginá-lo no fundo e com sua inclinação de 45º.

2. Como é um navio de 122 m de comprimento, o cabo de amarração da embarcação de mergulho poderá ficar preso em qualquer posição nestes 122 m, com isto na fase de planejamento analisar as alternativas de navegação em pelo menos três posições de amarração.


3. Definir, sempre que possível trimix (mínimo 20/20) para o mergulho, um EAN mínimo de 30% para subida com descompressão e O2 para duas últimas paradas (6m e 3m);

4. Escolher a equipe que irá mergulhar, procurando uma melhor compatibilidade das experiências e entrosamento dos membros da equipe, lembrando que mesmo sendo um mergulho técnico é principalmente um mergulho também recreativo, não estando em jogo nenhum tipo de competição, vale aí procurar saber previamente,com o operador, o perfil dos parceiros que irão mergulhar;

 

 
 
Croqui elaborado com colaboração do Dudu ( Diver's Quest ).

 

Algumas dicas durante a viagem para o ponto de mergulho:


1. No dia anterior recomendo dormir bem se alimentando bem antes de sair para o embarque (nunca alimentação pesada) afim de, caso haja um mar um pouco mais forte, encarar o tempo do percurso sem maiores stresses - lembro que o naufrágio encontra-se a cerca de 15 milhas da entrada da Baía e que numa embarcação a 7 nós de velocidade demorará cerca de 2 horas, já uma a 20 nós gastará cerca de 45 min.

2. Procurar sempre que possível, montar o equipamento com a embarcação ainda no cais, checando a montagem e assessórios a serem utilizados. Fundamental a utilização de Jonh Line e lanterna, não deixar de levar pelo menos duas carretilhas e dois lift bags visando eventual necessidade de descompressão fora do cabo bem como faca afiada (existem alguns cabos meio soltos).

3. Durante a viagem procurar, caso haja pessoas desconhecidas, integra-las na equipe;

4. Repassar o planejamento tentando memorizar os pontos do naufrágio tais como canhão de popa, canhão de proa, lançador de mísseis, mastro principal com antenas de radar, hangar do helicóptero, passadiço, conveses, etc, utlizando-se de croquis e, se disponível fotografias do navio irmão CT PERNAMBUCO, lembrando sempre que a embarcação está adernada em 45º;

5. Verificar a existência de corrente, bem como sua intensidade, passando o cabo na lateral da embarcação quando constatar qualquer corrente, até aquela leve que , num mergulho qualquer, não passaríamos o cabo;

6. Verificar a temperatura da superfície e ...

7. Ao chegar ao ponto de mergulho, confirmar a correta fixação da embarcação e estabelecer junto a equipe os padrões do mergulho, suas alternativas face ao local de amaração no navio, ordem de entrada, se mergulharão todos juntos ou cada dupla fará seu mergulho etc... - recomendo nos primeiros mergulhos estarem juntos afim de, após o mergulho, trocarem experiências do que foi visto;

8. Estabelecer com clareza contingências de eventuais emergências tais como, perda do cabo, falta de ar na descompressão, existência de corrente forte, etc.

 
 
Dicas durante o mergulho:

 

1. Na descida, não esquecer de fazer a parada de verificação de equipamento, analisar a existência de corrente, sua intensidade e se , ao longo da descida está havendo aumento ou decréscimo de corrente, as situações são de todo tipo, desde a não existência de corrente na superfície e corrente forte no fundo, até o contrário, com corrente forte de superfície e zero no fundo.

2. Ao chegar ao naufrágio, verificar a firmeza da âncora e sua localização em relação ao naufrágio;

3. Procurar estabelecer onde, fisicamente, você se localiza no naufrágio fazendo uma checagem na memória com o desenho do navio e seu planejamento de mergulho, podendo assim definir para onde deverá ir (se para popa, para proa, para baixo, etc);

4. Muito importante é referenciar a localização da ancora e o cabo com o costado de boreste do navio, esta é a parte mais característica do naufrágio, de fácil localização e melhor para orientação, principalmente perto do quarda mancebo (lembrar que o navio está adernado em cima do costado de bombordo);

5. Estar preparado para todo tipo de visibilidade. Quando mergulhamos na Corveta em Fernando de Noronha, 10 m é uma visibilidade ruim, no Paraíba é ótima;

6. Iniciar a navegação procurando seguir o planejamento prévio, analisando as distâncias percorridas com o tempo utilizado, não se furtar de utilizar carretilha principalmente se não se está mergulhando com Trimix e mais ainda nos quatro primeiros quatro mergulhos. Com visibilidade baixa (1m até 3m) obrigatório utilizar-se de carretilha com qualquer tipo de mistura de gás, lembrando sempre a analise do percurso realizado com o tempo gasto afim de ser dimensionado o retorno ao cabo;

7. Atenção quanto a temperatura, ter sempre em mente que o tempo de subida poderá ser longo face seu planejamento. O tipo de roupa e o tempo de descompressão poderão auxiliar na definição do tempo de fundo. Não se deve minimizar o problema do frio, pode trazer incômodo na descompressão. As temperaturas médias encontradas no fundo variam de 14º a 19º, sendo na superfície cerca de 15º a 25º;

8. Programar-se para chegar no ponto de retorno para superfície cerca de 2 a 3 min antes do planejado, com isto o tempo de fundo certamente será o estabelecido. Lembrar que o tempo de descompressão é maior que uma progressão geométrica em relação ao tempo de fundo;

9. Ao iniciar-se a subida ter a certeza de que seu dupla e/ou a equipe que desceu estão juntos e/ou já iniciaram a subida;

10. Sendo você o último a subir, recomendo soltar a âncora de sua fixação no naufrágio afim de, numa eventual correnteza na subida, seu reflexo seja minimizado uma vez que todo o conjunto (mergulhador, cabo da âncora e embarcação) estarão sendo conduzido pela corrente.

11. Procurar na subida estar atento as trocas de gases em conformidade com o planejado, atentando também para os companheiros.

12. Ao término da descompressão, já na superfície, relaxar uns 2 minutos na água. Antes de subir para a embarcação, auxiliando os companheiros na desequipagem parcial na água, recomendo a retirada dos stages.



Basílio durante a descompressão.
 
 
Dicas após o mergulho:

 

1. Após a retirada dos equipamentos e da roupa, procurar se aquecer adequadamente, uma alimentação leve e uma boa hidratação, evitando-se maiores esforços tipo deslocar duplas, recolher cabo da âncora, etc..

2. No retorno para terra, procurar trocar as experiências com os parceiros, analisando juntamente com o croqui do navio as passagens realizadas, e os pontos interessantes.

3. Avaliar o resultado do mergulho avaliando o planejado com o realizado.

 

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