Alguns dos melhores naufrágios do mundo
Naufrágios Top 10 do Pacífico
B24 Liberator, Fujikawa Maru, Hirokawa Maru, Nagato, Nippo Maru, Presidente Coolidge, San Francisco Maru, Saratoga, USTA Liberty, Yongala.
SS Yongala – 23.03.1911 – De 16 a 30 metros
Pacífico, Austrália – Quensland 
O SS Yongala, nome de uma cidade na Austrália Meridional (significa “água larga” no idioma Ngadjuri), foi um paquete misto construído nos estaleiros Low Walker em Newcastle no rio Tyne, Inglaterra em 1903 para a Adelaide Steamship Company .
Ele possuía 106,7 metros de comprimento, 13,8 metros de boca, com um deslocamento 3.664 toneladas. Suas máquinas de tripla expansão produziam 690 NHP impulsionadas pelo vapor de cinco caldeiras. O hélice único e um conjunto de velas auxiliares em dois mastros produziam uma velocidade de 16 nós. Apresentava 2 mastros de paus de carga, guinchos de carga e mecanismo a vapor para o leme.
O Yongala era um navio bem construído, tinha acomodações para 110 passageiros de 1ª classe e 130 de 2ª classe e iluminação elétrica. Os porões acomodavam cerca de 3.000 toneladas de carga e refrigeradores para carga.
A partir de 1905, o Yongala operava rotas regulares que ligavam Fremantle, Adelaide, Melbourne e Sydney. Em 1906, sua rota de verão foi estendida até Brisbane, rota mais longa da austrália com 2.700 milhas náuticas. Também operava a rota entre Melbourne e Cairns.
Em 14 de março de 1911, sob o comando do Capitão William Knighto, o Yongala partiu de Melbourne em sua 99ª viagem em águas australianas. Em 20 de março, chegou a Brisbane desembarcando e embarcando passageiros e partiu para Queensland. Chegou a Mackay na manhã de 23 de março e partiu no início da tarde do mesmo dia, com destino a Townsville. A bordo estavam 29 passageiros de 1ª classe, 19 passageiros de 2ª classe, 72 tripulantes e 677 toneladas de carga.
Pouco depois da partida a estação de sinalização da Ilha Flat Top recebeu um telegrama alertando sobre um ciclone tropical entre Townsville e Mackay. A estação enviou sinais de bandeira e telegrafia sem fio, o que levou vários navios a buscarem refúgio em Mackay. Mas o Yongala, ainda não possuía telégrafo e não viu as bandeiras e cruzou o Estreito de Whitsunday.
DADOS TÉCNICOS
Nome: Yongala
Data do Naufrágio: 23.03.1911
Local: Quensland Austrália
Armadora: Adelaide Steamship Company
Estaleiro: Armstrong, Whitworth & Co , Low Walker
Construção: 1903
Tipo navio: paquete misto com casco de brigue e 2 mastros
Dimensões: comprimento 106,7 metros – boca 13,8 metros
Deslocamento: 3.664 toneladas
Máquinas: tipo tripla expansão 690 NHP um helice velocidade 16 nós
Capacidade: passageiros: 110 primeira classe 130 segundos de classe
Tripulação: 72 homens
O paquete SS Yongala nunca mais foi visto, na madrugada de 23 para 24 de março de 1911 o cilcone apanhou o Yongala perto do Cabo Bowling Green, levando todos os 122 passageiros e tripulantes para o fundo. Como padrão da época, crianças pequenas, criados e membros de minorias étnicas não eram registrados, assim o número de vítimas deve ter sido ainda maior.
Quando o Yongala não chegou a Townsville presumiu-se que ele havia se abrigado do ciclone. No dia 26 de março, ele foi dado como “desaparecido” e foi ordenada uma busca. Finalmente destroços começaram a ser encontrados na costa de Queensland e mesmo com oferecimento de recompensa financeira por informação não se localizou os destroços do navio. Após a investigação e sem encontrar razões para o naufrágio o conselho concluiu que “o destino do Yongala ultrapassa a compreensão humana e entra no reino da conjectura, acrescentando mais um à longa lista de mistérios do mar”.
O Yongala só foi localizado acidentalmente em 1947 nas coordenadas latitude 19°18’15,9″ sul e Longitude 147°37’31,6″ leste. Em 1943, um caça-minas encalhou no que então se pensava ser um banco de areia , a 11 milhas a leste do Cabo Bowling Green. Em junho de 1947, o navio de pesquisa HMAS Lachlan investigou o local usando ecobatímetro e encontrou um banco com cerca de 91 metros de comprimento, a uma profundidade de cerca de 11 metros, cercado por água de 22 a 26 metros de profundidade, e concluiu que poderia ser o naufrágio de um navio a vapor. Em 1958, um pescador local, Bill Kirkpatrick, encontrou os destroços e recuperou artefatos, incluindo um cofre de uma das cabines. O cofre numerado foi identificado como da cabine do comandante do Yongala.
Posteriormente muitos artefatos inclusive o sino com o nome do navio foram removidos e encontram-se em exibição no Museu Marítimo de Townsville.
O naufrágio do Yongala está localizado na seção central do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais a cerca de 48 milhas náuticas a sudeste de Townsville e 12 milhas náuticas a leste do Cabo Bowling Green.
Os destroços estão protegidos pela Lei do Patrimônio Cultural Subaquático da Commonwealth de 2018 e existem regras rígidas para frequentar os destroços, um dos mais populares da Austrália, que impedem inclusive qualquer penetração nos destroços.
O navio, mascado por boia, está deitado sobre o costado de boreste a cerca de 30 metros em m fundo arenoso. A parte superior de bombordo esta a 16 metros. O navio encontra-se integro com os três castelos preservados e os mastros deitados a boreste junto a entrada dos porões de proa e popa.
SS Presidente Coolidge – 26.10.1942 – De 21 a 73 metros
Pacífico, Canal de Segond – Vanuatu
O SS President Coolidg (30º presidente dos Estados Unidos) e e seu sister ship SS President Hoover foram encomendados aos estaleiros Newport News Shipbuilding and Drydock Company de Newport News, Virgínia, USA, em outubro de 1929 e sua construção se iniciou em 1930. Eles eram os maiores navios mercantes construídos nos Estados Unidos em sua época tendo custado Custo US$ 8.017.690 . Ele apresentava 187,5 metros de comprimento e 24,7 metros de boca, deslocando 13.029 toneladas
Suas máquinas de transmissão turbo elétrica produzidas pela Westinghouse eram abastecidas por doze caldeiras aquatubulares Babcock & Wilcox produzindo 13.200 Hp, que movimentavam dois hélices, atingindo velocidade de 20 nós. O President Coolidge quebrou vários recordes de velocidade em suas travessias entre o Japão e São Francisco.
O navio possuía 180 motores elétricos auxiliares, que movimentavam bombas, guinchos de âncoras e de cargas além de 365 ventiladores.
O President Coolidge foi projetado para 350 passageiros de 1ª classe, 150 de classe intermediária e 700 de 3ª classe, com uma tripulação de 300 pessoas. Os navios President Hoover e President Coolidge foram luxuosamente projetados para turistas e inicialmente operados pela companhia Dollar Steamship Lines. Haviam salões espaçosos, telefones privativos, duas piscinas de água salgada, barbearia, salão de beleza, academia e lanchonete.
Suas viagens começaram em 1931 partindo de São Francisco até Manila , passando por Kobe e Xangai , também fizeram algumas viagens ao redor do mundo com passagens por Manila, Singapura, Canal de Suez, Mar Mediterrâneo, Nova Iorque, Canal do Panamá.
Em dezembro de 1937, o navio President Hoover encalhou na costa de Taiwan e foi declarado perda total. A Dollar Steamship Lines estava endividada. Em agosto de 1938, a Comissão Marítima dos Estados Unidos reorganizou a empresa como American President Lines, que então operou a frota de forma comercial até a Segunda Guerra Mundial. Em 1940, com a deterioração das relações entre o Japão e a Grã-Bretanha o transatlântico ajudou a evacuar cidadãos americanos de Hong Kong e de outras partes do leste asiático.
A partir de 1941, o Departamento de Guerra dos EUA começou a usar o President Coolidge como um navio de transporte de tropas, reforçando as guarnições no Pacífico. Após o ataque japonês a Pearl Harbor em 07.12.1941, o navio evacuou 125 pacientes gravemente para São Francisco.
DADOS TÉCNICOS
Nome: Presidente Coolidge
Data do Naufrágio: 26.10.1942
Armadora: American President Lines (Marinha Americana)
Estaleiro: Construtor Newport News Shipbuilding
Construção: 1930- 1931
Tipo navio: Transatlântico / navio de transporte de tropas
Dimensões: comprimento: 187,5 metros – boca: 24,7 metros
Deslocamento: 13.029 toneladas
Máquinas: 12 caldeiras aquatubulares Babcock & Wilcox
Propulsão: transmissão turbo elétrica com dois hélices
Capacidade: 1ª classe: 305 – Classe turística: 133 – 3ª classe: 402 – Tropas 3.586
Tripulação: 300 homens
Em janeiro de 1942, o President Coolidge foi pintado de cinza, removido muitos equipamentos de turismo e foram instalados um canhão de 5 polegadas na popa, quatro canhões de 3 polegadas e 12 canhões antiaéreos de 20 mm. Estava convertido em um navio de transporte de tropas com capacidade para mais de 5.000 soldados. Assim participou do primeiro grande comboio para a Austrália, transportando tropas, suprimentos, munições e armas e caças P-40 destinados às Filipinas e Java. Navegou por Melbourne , Wellington , Auckland , Bora Bora, Suva, Nova Caledónia e Novas Hébridas transportando tropas e suprimentos.
Neste ponto da guerra, uma grande base militar foi montada em Espiritu Santo nas Novas Hébridas, atual república de Vanuatu.
O porto estava protegido por minas mas essa informação não chegou ao Presidente Coolidge. Por volta das 9:00 h do dia 26.10.1942, sob o comando do Capitão Henry Nelson, o navio tentou entrar no porto pelo canal principal. Diversos navios tentaram alertar o Coolidge com sinais luminosos, mas com a luz da manhã não obtiveram sucesso. Quando um sinal por telégrafo chegou ao navio já era tarde.
As 9:30 h o navio atingiu duas minas uma na altura da casa de máquinas e a outra perto da popa. Com o risco de naufrágio o capitão Nelson ordenou encalhar o navio nos recifes e deu ordem para abandonar o navio.
Os 5.340 tripulantes e passageiros com muita calma desembarcaram em segurança. O President Coolidge, preso ao recife adernou fortemente para bombordo e começou afundar pela popa, as desapareceu sob a superfície às 10:53 h ele deslizou para a base do recife que margeia o canal.
Apenas dois tripulantes morreram, um tripulante da casa de máquinas e o capitão Elwood Joseph Euart, que havia deixado o navio, mas retornou para auxiliar feridos da enfermaria. O corpo do capitão foi localizado em 2013 e uma equipe americana resgatou os restos mortais, ainda com a placa de identificação. O exame de DNA confirmou a identidade e seu corpo retornou aos Estados Unidos.
O Presidente Coolidge preso ao recife depois e ter atingido as minas. Foi possível abandonar o navio com calma antes do navio emborcar e afundar, o que reduziu o número de vítimas
O Presidente Coolidge é um naufrágio de grandes dimensões, ele esta adernado no Canal de Segond, na república de Vanuatu. Ao longo dos anos peças e partes foram retiradas dos destroços e segundo informações alguns terremotos na região destruíram algumas estruturas. O navio está apoiado sobre o costado de bombordo de 21 a 73 metros. O navio ainda apresenta-se muito bem estruturado e podem ser vistas muitas armas, canhões, jipes, capacetes, caminhões e suprimentos de guerra.
Uma das piscinas do navio está a 55 metros de profundidade e continua cheia. Um dos pontos icônicos do Coolidge é “A Dama”, um painel de porcelana em relevo representando uma mulher montada em um unicórnio, que adornava a sala de fumantes da 1ª classe do navio.
A famosa dama no unicórnio que enfeitava a sala e fumantes do luxuoso navio
Hirokawa Maru – 15.11.1942 – De 27 a 30 metros
Pacífico, Honiara – Ilhas Salomão
Com o avanço dos planos de expansão do Império Japonês antes do início da Segunda Guerra, o governo estimulou a construção de navios cargueiros os famosos Maru. Construído entre 1939 e 1940 pelos estaleiros Kawasaki Kisen Kaisha em Kobe no Japão o Hirokawa Maru , Foi lançado para operar pela armadora Kawasaki Kisen K. K. Line.
Possuía 155 metros de comprimento e 19 de boca, com um deslocamento de 6.872 toneladas. Seu motore diesel de oito cilindros impulsionando um hélice, permitia atingir a velocidade de 21 nós.
Lançado ao mar em maio de 1940. Em fevereiro de 1941, já foi requisitado pelo Exército Imperial Japonês como navio de transporte e convertido em um Boku Kikansen (transporte armado antiaéreo), foi equipado com 6 canhões antiaéreos de 75 mm e 4 canhões de 20 mm.
Já em novembro de 1941 começou o transporte de tropas e suprimento para diversos pontos do Pacífico que seriam alvo da invasão japonesa.
No dia 08.12.1941, com o início da Guerra do Pacífico, passou a navegar em comboio escoltado por cruzadores leves, contratorpedeiros, destroyers, varredores de minas e caça-submarinos. Vários desses comboios ao longo da guerra foram atacados pela aviação norte americana, mas o Hirokawa Maru conseguiu escapar.
DADOS TÉCNICOS
Nome: Hirokawa Maru (Bonegi 1)
Data do Naufrágio: 15.11.1942
Armadora: Kawasaki Kisen K. K. Line
Construção: 1939 e 1940
Tipo navio: cargueiro
Dimensões: comprimento: 155 metros – boca: 19 metros
Deslocamento: 6.872 toneladas
Máquinas: motor diesel de oito cilindros, com uma hélice podendo atingir 21 nós.
Em 13 de novembro de 1942, o Hirokawa Maru partiu como parte de um comboio de 11 cargueiros escoltados por doze contratorpedeiros com destino a Guadalcanal, importante base japonesa na região. Transportava 10.000 soldados e 10.000 toneladas de suprimentos, mas o comboio foi chamado de volta pois havia começado a primeira fase da Batalha Naval de Guadalcanal. Em 14 de novembro de 1942, o comboio partiu novamente de Shortland em direção a Guadalcanal, pois existia grande necessidade pelos suprimentos devido a investida americana na ilha com o objetivo de tomar o campo de aviação. O comboio foi detectado por aviões norte-americanos, que afundaram seis transportes e danificaram outro, que foi forçado a retornar e posteriormente afundou.
O Hirokawa Maru e o Kinugawa Maru encalhados na praia em chamas depois do ataque dos aviões, da artilharia e do cos contratorpedeiros
Os quatro transportes restantes Kinugawa Maru, Hirokawa Maru, Yamaura Maru e Yamatsuki Maru e quatro contratorpedeiros seguiram em direção a Guadalcanal nas Ilhas Salomão. Após o anoitecer, pararam a oeste da ilha, aguardando o fim da segunda fase Batalha Naval de Guadalcanal.
Como não era possível alcançar o ancoradouro natural da ilha foi determinado o encalhe dos quatro navios para desembarque da carga.
No dia 15, às 4:00 h, o, Hirokawa Maru e Kinugawa Maru encalharam próximos a Bonegi (atual Honiara), aproximadamente na latitude 9° 20′ S e longitude 159° 50′ E. e imediatamente começaram o desembarque de cerca de 2.000 soldados, 260 caixas de munição e 1.500 sacos de arroz.
Mas com o amanhecer do dia os 4 transporte foram novamente localizados pelos aviões da base de Henderson (Guadalcanal) e do USS Enterprise (porta aviões), que junto com a artilharia e o contratorpedeiro USS Meadebom bombardearam os navios. 
Os navios pegaram fogo e diversas explosões internas ocorreram destruindo a maior parte das munições, equipamentos e suprimentos que não havia sido descarregado durante a noite.
Finalmente perto de 12 h o Hirokawa Maru afundou próximo a Bonegi, a leste do Kinugawa Maru.
Inicialmente, o Hirokawa Maru ficou encalhado sobre o recife, mas, com o passar dos anos, tempestades, corrosão e operações de salvamento (na década de 1960) o fragmentaram.
Localizados a cerca de 13 quilômetros a oeste de Honiara, próximos ao riacho Bonegi e a cerca de 30 metros da praia, os destroços do Hirokawa Maru e do Kinugawa Maru são conhecidos localmente como Bonegi I e Bonegi II, respectivamente. O casco do Hirokawa repousa com a proa retorcida em águas rasas, enquanto a seção central permanece relativamente intacta, os restos da ponte e da chaminé estão espalhados no fundo, entre 27 e 30 metros. A popa, a 55 metros de profundidade, Um canhão de convés ainda é reconhecível e existe grande quantidade de cartuchos de armas.
A penetração no interior do naufrágio não é recomendada, pois a deterioração tornou a estrutura instável.
A frota nuclear de Bikini
Pacífico – Ilhas Marshall
USS Saratoga e HIJMS Nagato – 25.07.1946
O atol de Bikine nas Ilhas Marshall foi o local escolhido pelos americanos após a Segunda Guerra para testar o efeito de bombas nucleares aéreas e submarinas de forma mais controlada. Após todos os 167 moradores locais serem deslocados da ilha do pequeno atol e “reassentados” em outra Ilha, os americanos conduzidos no local dois testes: “Able” (uma bomba aérea) e “Baker” (uma bomba subaquática).
Esses testes foram denominados como Operação Crossroads. Em julho de 1946 durante os testes, duas bombas foram utilizadas para saber o efeito de uma explosão nuclear sobre um conjunto de navios e seres vivos. Para isso, foram posicionados, a distâncias diferentes do ponto zero da explosão nuclear, 75 embarcações, 21 de grande porte, todas equipadas com armas, combustível e animais vivos, utilizados como cobaias.
Entre os navios estavam alguns dos mais icônicos navios da guerra. O Porta aviões Saratoga (CV-3), Encouraçado Nagato, Transporte USS Carlisle (APA-69), Destróier USS Arkansas (BB-33), Couraçado Wyoming, USS Anderson (DD-411), USS Lamson (DD-367), USS Gilliam (APA-57), Cruzador Sakawa (CL-42) e os submarinos USS Apogon (SS-308) e USS Pilotfish (SS-386).
A explosão da 2ª bomba (Baker – subaquática), com os navios posicionados ao redor do ponto zero
No primeiro teste, com uma bomba lançada por um bombardeiro, a explosão criou incêndios em navios a quase 3 quilômetros de distância. A bomba subaquática Baker foi ainda mais poderosa, liberando energia compatível com 23 mil toneladas de TNT. A explosão sacudiu a área como um terremoto de de 5,5 na escala Richter e formou um “tsunami” de 30 metros de altura. A combinação de forças afundou 9 navios instantaneamente e outros 11 nos dias e semanas seguintes.
Nos 12 anos seguintes a Operação Crossroads, os EUA testaram ainda outras 65 bombas no atol de Bikini. O efeito radioativo, pouco conhecido na época, também foi devastador com 20 a 30 vezes acima do nível letal. Milhares de militares foram expostos a poeira radioativa e existem filmes mostrando marinheiros, apenas usando shorts apagando incêndio e limpando com vasouras o convés de navios na área dois dias depois.
Oitenta anos depois dos testes nucleares os índices de radiação ainda impedem a moradia e o consumo de produto das ilhas, mas no início da década de 1990 começaram a se organizar viagens de mergulhadores até o atol, existindo hoje viagens regulares.
Tentativa de descontaminação do convés de um dos navios expostos a Aple, dois dias depois da primeira detonação nuclear
USS Saratoga – 25.07.1946
Pacífico – Ilhas Marshall – Bikini
USS Saratoga (CV-3) foi originalmente projetado como um cruzador de batalha, mas no início de sua construção acabou convertido em um dos primeiros porta-aviões americanos nomeado como classe Lexington (sister ship anterior).
O Saratoga (uma das vitórias durante a Guerra da Independência) foi construído entre 1926 a 1928 nos estaleiros New York Shipbuilding Corporation em Nova Jersey. Possuía 270,7 metros de comprimento e 32,3 metros de boca, com deslocamento 39.000 toneladas.
O Porta aviões era impulsionado por motores turbo elétricos; cada um dos quatro eixos de hélice era acionado por dois motores elétricos de 22.500 HP. O vapor era fornecido por 16 caldeiras Yarrow o que permitia atingir 33 nós de velocidade.
Seu armamento, modificado diversas vezes ao longo do conflito da segunda guerra era composto por 4 canhões duplos de 8 polegadas, 12 canhões antiaéreos simples de 5 polegadas.
O porta-aviões Saratoga foi projetado para transportar 78 aeronaves de vários tipos, incluindo caças Grumman F6F Hellcat e 17 bombardeiros torpedeiros Grumman TBF Avenger .
Entrou em serviço em 1928 incorporado a frota do Pacífico e ao longo dos anos passou por diversas reformas e atualizações. Quando os japoneses atacaram Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, o Saratoga estava entrando no porto de San Diego, de lá seguiu para o Hawaii.
Durante a Segunda Guerra Mundial, participou de diversas campanhas e batalhas importantes como Guadalcanal, Nova Geórgia, invasão de Bougainville, norte das Ilhas Salomão. Seus aviões atacaram a base japonesa em Rabaul (Nova Guiné), Campanha das Ilhas Gilbert e Marshall, sendo torpedeado duas vezes, porém sempre foi reparado e voltou ao serviço ativo. Após uma breve reforma em meados de 1944, o navio tornou-se um navio-escola pelo resto do ano.
No início de 1945, o Saratoga participou da Batalha de Iwo Jima. Alguns dias após o início da batalha, foi gravemente danificado por ataques kamikaze e forçado a retornar aos Estados Unidos para reparos. Voltou a ser utilizado como navio escola e sua última missão, após a rendição japonesa em agosto de 1945, foi usado para transportar tropas de volta aos Estados Unidos.
DADOS TÉCNICOS
Nome: USS Saratoga (CV-3)
Data do Naufrágio: 25.07.1946
Armadora: Marinha Americana
Estaleiro: New York Shipbuilding Corporation , Camden, Nova Jersey
Construção: 1926 -1928
Tipo navio: porta aviões, classe Lexington
Dimensões: comprimento: 270 metros – boca: 32,3 metros
Deslocamento: 37.000 toneladas
Máquinas: turbo elétrica; com quatro eixos de hélice acionados por dois motores elétricos de 22.500 HP, podendo atingir 33 nós.
Tripulação: 100 oficiais e 1.840 praças e grupo de aviação totalizando 141 oficiais e 710 praças. Em 1945, sua tripulação totalizava 3.373 pessoas
Com o término do conflito havia um grande excedente de material militar, assim o USS Saratoga, já considerado obsoleto, foi escolhido como alvo para os testes nucleares. Durante a Operação Crossroads, em 25 de julho de 1946, o Saratoga equipado com combustível, munições e diversos aviões no convés de voo e no hangar resistiu a primeira explosão (Able). Uma tripulação reduzida embarcou no Saratoga no dia seguinte a explosão nuclear para prepará-lo para o próximo teste em 25 de julho. A segunda explosão (Baker) arrancou tudo que estava no convés e danificou estruturas do casario. Finalmente oito horas depois da segunda detonação o incrível USS Saratoga que sobreviveu a toda Segunda Guerra, batendo todos os recordes de performance afundou definitivamente.
O Saratoga posicionado durante a segunda detonação (Baker) e nos momentos finais antes do naufrágio
O porta aviões assentou no fundo a 50 metros de profundidade, onde estão os hélices. A ponte de comando na superestrutura está a 12 metros e existem duas torres de canhões duplos de 8 polegadas antiaéreos, apontados para cima. O convés de voo está a 25 metros. As bombas e os bombardeiros Helldiver, alguns caídos na areia, permanecem visíveis, com seus controles e mostradores ainda intactos.
HIJMS Nagato – 25.07.1946
Pacífico – Ilhas Marshall – Bikini
O HIJMS Nagato era o navio-almirante da Marinha Imperial Japonesa até 1942 quando foi substituído pelo Yamato. Durante a Segunda Guerra Mundial participou do ataque japonês a Pearl Harbor e foi de onde o almirante Isoroku Yamamoto ordenou o ataque que mudaria toda a história da guerra. Foi o único encouraçado da poderosa Marinha Imperial (a 3ª mais poderosa quando a guerra começou) que sobreviveu a guerra.
Ele foi construído pelo Estaleiro Naval de Kure entre 1916 e 1917 e foi o primeiro couraçado do mundo armado com canhões de 16 polegadas (406 mm). Um desses projéteis modificado para ser lançado como bomba por aviões e é creditado como responsável pelo afundamento do encouraçado Arizona (Pear Harbor).
alguns desses projetos podem ser vistos nos porões do Yamagire Maru em Chuuk Lagoon.
Ele possuía 224 metros de comprimento e 34,6 metros de boca, com um deslocamento de mais de 39.000 toneladas. Era impulsionado por quatro turbinas a vapor gerado por 21 caldeiras, movimentando 4 hélices que permitiam atingir mais de 26 nós.
Sua couraça em alguns pontos ultrapassava 30 cm e seu armamento era composto por 4 canhões de 406 mm, 18 de 140 mm, 4 duplos de 127 mm e 98 anti aéreas de 25 mm. Possuía ainda 3 aviões lançados por catapultas.
O Nagato participou das tentativas de capturar as ilhas de Midway e Aleutas no final de maio de 1942. Em 1944 participou da Batalha do Golfo de Leyte junto com os supercouraçados Musashi (afundado nessa batalha) e Yamato. Durante a retirada o Nagato sofreu pesados ataques de bombardeiros que o fizeram retornar ao Japão, onde aguardou reparos até o final da guerra, ainda assim, foi bombardeado no ancoradouro da baía de Tokio.
DADOS TÉCNICOS
Nome: IJN Nagato
Data do Naufrágio: 25.07.1946
Armadora: Marinha Imperial Japonesa
Estaleiro: Kure Naval Arsenal no Japão
Construção: 1917–1921
Tipo navio: encouraçado classe Nagato
Dimensões: comprimento: 215.8 metros – boca: 29.02 metros
Deslocamento: 39,116 toneladas
Máquinas: 4 motores de turbina a vapor de 80,000 NHP com quatro hélices, 21 caldeiras, podendo atingir 26.5 nós.
O Nagato por ser um símbolo do traiçoeiro ataque a Pear Harbor e pela sua proximidade com Bikini foi escolhido como navio-alvo para a Operação Crossroads. Navegou pela última vez até Bikine, sendo um dos primeiros navios a ser posicionado. Na primeira detonação (Able) o Nagato estava a 1.500 metros do ponto zero e a bomba causou poucos estragos. Assim, o navio foi reposicionado e quando a segunda detonação ocorreu (Baker) ele estava a 850 metros do ponto zero. O navio adernou gradualmente e em cinco dias afundou.
A frota e em detalhe o Nagato posicionado para a segunda explosão da Operação Crossroads em Bikini em 1946
Devido a sua alta superestrutura, típica dos cruzadores o HIJMS Nagato pousou a 52 metros de profundidade emborcado e ligeiramente apoiado sobre o bordo de boreste. A ponte de comando pode ser acessada por baixo do convés, onde também estão as quatro torres com seus oito canhões de 16 polegadas. Os quatro enormes hélices e lemes se mostram a 35 metros sob a luz direta da superfície.
USAT Liberty – 26.10.1942 – De 12 a 30 metros
Pacífico, Bali – Indonésia
O USAT Liberty (GTR-5) foi construído como um cargueiro em 1918 nos estaleiros Federal Shipbuilding Company em Kearny, Nova Jersey pelo Conselho de Navegação dos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial. Mas é importante ressaltar que o seu nome é “Liberty” e que ele não é um cargueiro da classe Liberty (2ª guerra).
A Marinha dos Estados Unidos comissionou o navio para o Naval Overseas Transportation Service, utilizando-o para o transporte de animais, já que muito dos deslocamentos de tropas e material no campo de batalha ainda dependiam de cavalos e mulas.
Ele possuía 125,43 metros de comprimento, 17 metros de boca e deslocamento de mais de 13.100 toneladas.
Na sua primeira viagem partiu do estaleiro naval de Nova York em 24 de outubro de 1918, como uma carga de cavalos que deveria chegar a Brest na França. Nos meses seguintes o Liberty repetiu essa rota transportando animais e carga para diversos portos franceses. Com o final da guerra o Liberty foi devolvido ao Conselho de Navegação dos Estados Unidos em 1919.
O Liberty durante a Primeira Guerra Mundial (1918)
Durante o período entre a 1ª e 2ªt guerra o Liberty foi empregado pela Southgate-Nelson Corporation de Norfolk de Virgínia, que o operava em diversas linhas de navios de passageiros. Em novembro de 1940, na iminência dos Estados Unidos entrarem efetivamente na guerra, mas já mantendo o fornecimento de suprimentos para os países aliados o Liberty foi um dos dez navios incorporados ao Exército dos Estados Unidos para serviço de defesa.
Quando a Segunda Guerra eclodiu em dezembro de 1941, com o ataque a Pear Harbor, o USAT Liberty estava no Pacífico, navegando da Austrália para as Filipinas com uma carga de peças ferroviárias (trilhos) e borracha.
Em 11 de janeiro, quando navegava a 19 km a sudoeste do Estreito de Lombok, na posição Latitude 08°54′ sul e Longitude 115° 28′ oeste foi torpedeado pelo submarino japonês I-66.
O destróier americano Paul Jones e o holandês Van Ghent tentaram rebocar o navio para o porto de Celukan Bawang na Ilhas de Sonda. Porém, como o Liberty afundava muito rápido, foi decidido encalhar o cargueiro na costa de Tulambenleste em Bali (Indonésia). Assim, a carga e os equipamentos poderiam ser recuperados.
O Liberty durante a Segunda Guerra Mundial (1918)
DADOS TÉCNICOS
Nome: USAT Liberty
Data do Naufrágio: 11.01.1942
Armadora: Marinha americana
Estaleiro: Federal Shipbuilding Company em Kearny, Nova Jersey
Construção: 1918
Tipo navio: cargueiro
Dimensões: comprimento: 125,43 metros – boca:17 metros
Deslocamento: 13.130 toneladas
Máquinas: podia atingir 11 nós
O navio foi esvaziado e abandonado na praia até 1963. Em novembro uma das mais fortes erupções do vulcão do Monte Agung, localizado no leste da ilha de Bali começou. O vulcão permaneceu ativo por um ano, os fluxos piroclásticos deslocaram-se 7,5 quilómetros e mataram milhares de pessoas, cinzas foram expelidas a uma altura de 20 quilômetros e chegaram a Jacarta, a cerca de mil quilómetros de distância. Os tremores gerados no período de atividade fizeram com que a USAT Liberty deslizasse da praia para o fundo do recife, partindo-se na proa e na popa.
O Liberty agora está a cerca de 40 metros da praia de Tulamben em Bali. Ele se estende dos 7,6 metros, onde está a popa, até os 30 metros com a proa apoiada sobre um fundo de areia. Ele está ligeiramente adernado para boreste. Sendo um dos naufrágios mais famosos do mundo existe muito material sobre o navio e mapas dos destroços.