CAP FRIO

Sumário

Texto: Maurício Carvalho

Histórico

O Cap Frio foi o primeiro de uma série de três vapores, junto com o Cap Verde e Cap Roca que a companhia de navegação Hamburg Sudamerikanische Dampfschiff (Hamburg-Sud) mandou construir para atender a sua crescente linha para a América do Sul (Hamburgo – Rio de Prata).
O Cap Frio foi construído nos estaleiros de Reiherstiegwerft em Hamburgo. Esse vapor possuía 180 metros de comprimento, com mais de 5.600 toneladas de deslocamento distribuídas em três decks de superestruturas e 4 porões. Ele foi lançado ao mar em 25 de novembro de 1899.

Dados básicos

Nome do navio: Cap Frio
Data de afundamento: 03.09.1908

Dados de localização

Local: Salvador
UF: BA
País: Brasil
Posição: Farol da Barra a 400 metros da praia
Latitude: 13° 00′ 46″ sul
Profundidade mínima: 13 metros
Profundidade máxima: 18 metros
Condições atuais: desmantelado

Dados técnicos

Nacionalidade: alemã
Ano de fabricação: 1900
Estaleiro: Reiherstiegwerft, Hamburg
Armador: Hamburg Sudamerikanische Dampfschiff.
Deslocamento: 5.648 toneladas
Comprimento: 180 metros
Boca: 13,7 metros
Tipo de embarcação: paquete
Material do casco: aço
Carga: 90.000 sacas de café. cacau e tabaco
Propulsão: vapor
Motivo do afundamento: encalhe

O naufrágio

Saiu de Hamburgo com 100 passageiros em uma viagem até Montevidéu. Em sua viagem de volta, deixou o porto carioca no dia 15 de agosto de 1908, com escala prevista para Salvador para recompor seu estoque de carvão e água.
O Cap Frio entrou na Baía de Todos os Santos às 9 horas da manhã; 60 horas depois de deixar o Rio de Janeiro.
Às 11:20 horas da manhã do dia primeiro de setembro de 1903, o Cap Frio iniciou os preparativos para deixar o seu ancoradouro, levantou ferro e partiu com a maré vazante.
O paquete seguiu pelo canal de dentro da Baía de Todos os Santos, quando o navio decaiu para bombordo, chocou-se violentamente de proa com as rochas do costão de Santo Antônio, próximo ao farol da barra e a menos de 100 metros de onde afundaram o Maraldi (1875), Germania (1876), La France (1894) e Bretagne (1903). Com o choque, o Cap Frio quebrou a mastreação, rompeu o casco e a água penetrou nos porões 1 e 2. Foi tentado o salvamento, porém a tarefa foi abandonada. Afundando possivelmente em 3 de setembro pois o navio partiu-se ao meio afundando. Houve tempo para a recuperação dos passageiros e carga valiosa.

Posição do Cap Frio no Farol da Barra, Salvador, BA.
Outros naufrágios: Germania, Bretagne, Maraldi Reliance ( mapa – Google Earth)

 
Cap Frio encalhado sobre o recife da barra de Salvador
Posição do naufrágio do Cap Frio visto da saída da Baía de Todos os Santos
Posição do naufrágio do Cap Frio visto do interior da Baía de Todos os Santos

Descrição

O navio encontra-se bastante desmontado, porém mantendo sua continuidade no fundo, ele está disposto paralelamente ao costão do farol da Barra, apoiado sobre as pedras até a areia do fundo a 18 metros de profundidade.
A proa bastante desmontada encontra-se caída para boreste, mostrando parte do casco de bombordo, escovém desmontado e murada. O reforço do bico de proa se projeta em direção ao costão.

A proa adernada para boreste, mostrando o reforço do bico de proa (fotos László Mocsári)

Seguindo-se em direção à popa (interior da Baía de Todos os Santos), podem ser vistos, pouco mais atrás da proa dois grande guincho. Seguindo-se para meia nau, um grande mastro ainda com a escada, parte do cavername, dois grandes cabeços de amarração caídos um de cada lado dos destroços e um guincho de carga.

Todo o cavername de bombordo está aberto e caído sobre as rochas do costão, enquanto o de boreste de espalha sobre a areia. No centro da embarcação estão seis grandes caldeiras duplas de tripla alimentação, dispostas em três e atrás delas mais três unidas (caldeiras acopladas) por suas partes traseiras. Olhando pelas fornalhas pode se ver de um lado ao outro. Este tipo de caldeira é encontrada em poucos naufrágios brasileiros, no Cap Frio e no Reliance (1884 – Salvador, BA).
Para trás das caldeiras só podemos encontrar pedaços espalhados e uma grande âncora que não podemos afirmar pertencer ao navio, indicando que o navio partiu e foi parcialmente resgatado. Fato também afirmado na documentação de época. Na extremidade dos destroços está o volante e a cana do leme, do qual restam poucos pedaços.

Fotos: Roberto Amarante Costa Pinto e Lászlo Mocsári

 
As três caldeira duplas, uma delas com a couraça rompida, mostrando os tubos da fornalha e do trocador de calor
Caldeiras acopladas pela traseira e com fornalhas para os dois lados. Muito rara no Brasil

Muito do fundo do navio está preservado. Volante mecânico e cana do leme

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