Amsterdam
Nederlands Historisch Scheepvaartsmuseum - Amsterdã, Holanda
(National Maritime Museum)
 
Museu Marítimo de Amsterdam

Localizado na região do porto o edifício do Museu Marítimo de Amsterdã onde fica o Amsterdam é uma construção de 1656.
Para construí-lo na ilha artificial criada no porto de Amsterdam, 1800 estacas de madeira tiveram que ser afundadas profundamente no chão lamacento. É aqui que os navios de guerra da República Holandesa foram equipados.
 

Durante a recente reforma, um vasto espaço do pátio interno do edifício foi coberto por uma cobertura de vidro, criando um espaço agradável para os visitantes. O museu não permite mochilas mas um porta volumes no subsolo permite a guarda desses objetos. Ainda existem banheiros um bom coffe shop e naturalmente uma lojinha de souvenir.
Nas mesmas instalações do museu, mas no lado de fora no píer está a réplica do “Amsterdam”, um grande navio da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Não é possível visitar o navio a não ser com a entrada do museu.
No espaço interno do museu existe um acervo a respeito da navegação holandesa com algumas centenas de peças em exposição.
Depois do museu vale a pena conhecer o Nemo (Science Museum) com formato de navio que fica ao lado. De sua cobertura é possível ter uma bela e diferente vista da parte antiga de Amsterdã, depois é possível retornar a Estação central por uma série de pontes para pedestres, vale o passeio.

 
 
Museu Marítimo de Amsterdã
Agradável espaço interno do museu
Canhão - Culverijn do navio Rotterdam -1618
 

 

O navio

O Amsterdam era um navio estilo galeão construído na sua maior parte em carvalho, com 48,0 metros de comprimento e 1100 toneladas, impulsionados por três mastros construído para a Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC or the Dutch East India Company), sua função seria transportar entre a República Holandesa e os assentamentos e fortalezas da Companhia Holandesa das Índias Orientais, todos os bens para o funcionamento dos negócios retornando com as preciosas mercadorias do oriente.
As viagens da Companhia duravam cerca de 8 meses, a carga típica levada ao oriente era compostas por muitas armas, e munições, tanto de canhões como de armas portáteis, tijolos e outros componentes para a construção, ampliação e manutenção das fortalezas, muito dinheiro na forma de moedas de prata e ouro que serviriam para a aquisição das mercadorias orientais.
Nas viagens de volta, os navios estavam abarrotados com as preciosas especiarias (cravo, canela, nós moscada, pimenta entre outras especiarias, além de tecidos de diversos tipos e porcelana. Em ambas as direções, os navios carregavam mantimentos, roupas e ferramentas para os marinheiros e soldados no navio.
Transportando até 360 pessoas levavam ao oriente geralmente cerca de 240 homens, retornando, por volta de 70.

 
 

 

 



DADOS TÉCNICOS
Tipo de embarcação: Galeão Nacionalidade: Holandesa
Armador: Companhia Holandesa das Índias Orientais
Lançamento: 1749 Estaleiro:
Comprimento: 48,0 metros Boca: 11,5 metros Calado: 5,5 metros
Deslocamento: 1.100 toneladas Material do casco: madeira
Propulsão: três mastros, mais o gurupés.
Velocidade: 9 nós

Armamento: distribuição dos até 50 canhões
* primeira coberta - 16 canhões;
* convés superior - 20 canhões;
* tombadilhos de popa e proa - 4
falconetes;

Tripulação: mais de 360 homens entre marinheiros e um grupamento de soldados

A belíssima réplica do Amsterdam
     
As Companhias de Comércio da Holanda

A Companhia Holandesa das Índias Orientais (em holandês, Vereenigde Oost-Indische Compagnie, de sigla VOC) foi uma companhia comercial fundada em 1602 para se opor a tentativa de monopólio de comércio dos portugueses, espanhóis e ingleses nos ricos portos do Oriente.
Para implementar o plano de negócios, os holandeses fundaram, em 1609, o Banco de Amsterdã, coletando dinheiro por divisão em cotas, que modernamente é chamado de mercado de ações.
O sucesso leva a um processo de estatização, com autoridade militar e poder bélico, para impor suas pretensões e administração sobre portos e rotas marítimas. O grande lucro leva a companhia a expandir seus domínios.
Em 1605 a VOC, captura o forte português nas Ilhas Molucas (Ambon), em 1619, invadem Jacarta, que é rebatizada de Batavia (nome dos Países Baixos em latim), que é transformada em capital da colônia das índias Orientais Holandeses (atualmente boa parte da Indonésia).
O rico comércio de especiarias como; sândalo, cravo, canela e noz moscada, além de produtos como: marfim, porcelana, seda e metais preciosos são administrado pelo VOC.
 
A VOC mantinha um rico comércio com grande número de colônias no Oriente, porcelana, especiarias, seda e marfim eram alguns dos produtos comercializados

Ao longo de sua existência a companhia expandiu seus domínios a colônias na América do Norte (Forte Nassau - 1615), África do Sul (Cidade do Cabo - 1652).
Em 1621, para contrapor o monopólio comercial da Espanha e Portugal nos produtos da, África e Américas, a Holanda funda também a Companhia das Índias Ocidentais, DutchWest-IndischeCompagnie.
Esse bem sucedido empreendimento, chegou a manter durante o século XVII, o monopólio de comercio com a África Ocidental e o domínio entre 1630 a 1654 de parte do nordeste do Brasil, disputando com os portugueses a posse de Salvador, BA.
No meio do século XVX a VOC era a companhia privada mais rica do mundo, com mais de 150 cargueiros na sua maioria galeões, 40 naus militares, mais de 50.000 funcionários e 10.000 soldados.
Quatro guerras entre os ingleses e holandeses de 1652 a 1784, desgastaram a companhia que começou a ter problemas financeiros, manteve o comércio até 1799, quando foi decretado seu fim. Seu patrimônio foi transferido para a coroa holandesa.

A história
A viagem inaugural de Amsterdam foi planejada da ilha holandesa Texel até o assentamento Batavia nas Índias Orientais. O navio, comandado pelo capitão de 33 anos, Willem Klump, tinha 203 tripulantes, 127 soldados e 5 passageiros. O Amsterdã transportava tecidos, vinho, papel, canetas, canos, artigos domésticos e 27 baús de moedas de prata.
O navio partiu dia 15 de novembro de 1748, mas retornou quatro dias depois devido a um vento adverso. Uma segunda tentativa foi feita no dia 21 de novembro, que também falhou e da qual o Amsterdam retornou em 6 de dezembro.
A terceira tentativa foi feita em 8 de janeiro de 1749. Já no Canal da Mancha o Amsterdam teve problemas devido a uma forte tempestade do oeste. Por muitos dias, ele não passou de Eastbourne na Inglaterra (pouco depois do Estreito de Calais). Uma epidemia se instalou na tripulação e um motim eclodiu. Finalmente, o leme rompeu e o navio, foi arrastado por uma tempestade. Em 26 de janeiro de 1749 ancorou na lama da baía de Bulverhythe, a 5 km a oeste de Hastings.
O navio ficou preso a lama e nunca mais se deslocou. Mais um dos célebres navios perdidos na viagem inaugural. Parte da carga, incluindo moedas de prata, foi removida pelas autoridades locais. Houve saques e as tropas inglesas tiveram que ser chamadas para ordenar a situação. A tripulação foi cuidada e retornou à Holanda.
 
 
Vista do convés do castelo de popa
Vista do castelo de popa para a proa do navio
Na proa, o mastro gurupés e um canhão do tipo colubrina
Figura de proa do leão
Perfil do Amsterdam
 
Castelo de popa
Da popa a meia nau
Mastro Mezena com vela latina e Grande com verga
De meia nau à proa
Mastro traquete com verga
Proa, figura de proa
e o mastro gurupés
 
As acomodações do navio são muito espartanas, nos navios comerciais, a maior parte do espaço era destinada a acomodação do material transportado da Europa para as colônias no Oriente. No retorno a Europa, as ricas mercadorias importadas garantiam o lucro para a Companha Holandesa das Índias Orientais.
 
No castelo de popa os salões de refeição, que também
alojavam os oficiais, tem teto muito baixo

Os marinheiros se acomodavam em redes
em
posições entre os canhões

A água e rações eram transportadas
em grandes tonéis
 
As oficinas mantinham o navio em funcionamento
Bombas manuais removiam a água do fundo do navio
O guincho de cabrestante recolhia os ferros do navio

 
O Armamento

A Companhia Holandesa das Índias Orientais competia fortemente com portugueses, espanhóis e ingleses pelo monopólio da rota do Oriente e os navios bem armados eram uma garantia da proteção da carga, mas também da supremacia e domínio de fortes, portos e todas as colônias estabelecidas ao longo da rota, que serviam para concentrar o comércio de todas as riquezas importadas.
 
Acesso ao porão de carga
Estantes com estojos de munição garantiam o carregamento rápido dos canhões
As clássicas balas de canhão
 
A holanda produzia canhões de excelente qualidade
Posições dos canhões na primeira coberta
Um falconete posicionado no castelo de proa
 
Muitas armas de mão eram posicionadas para
garantir defesa da embarcação no caso
de uma tentativa de abordagem
Mosquetes e pistolas estavam cuidadosamente
arrumados no interior do navio
Abertura para o canhão no convés principal
e limpadores e raspadoras do canhão
 

Caixa de bússola, à frente do castelo de popa
Sino do Amsterdam sobre o castelo de proa
Timão à frente do castelo de popa
 
Convés com vista para a proa
Malagueta junto ao mastro
As bigotas que serviam como polias
 

 

A redescoberta
Em 1969, parte do Amsterdam foi descoberto após ser exposto por uma maré baixa da primavera. É o navio da Companhia Holandesa das Índias Orientais mais bem preservado já encontrado. Vários conveses parte do mastro gurupés e grande parte da quilha estão submersos na lama e apresentam alta qualidade de preservação.
O local de naufrágio foi protegido, sendo classificado sob a Lei de Proteção de Naufrágios em 5 de fevereiro de 1974. Uma visita pode ser feita nas marés mais baixas, mas é proibido mergulhar ou remover qualquer tipo de material.
A VOC Ship Amsterdam Foundation pesquisou os destroços, com grandes escavações em 1984, 1985 e 1986, durante as quais foram encontrados um grande número de artefatos. O naufrágio foi cercado por uma estrutura de viga de ferro. Algumas das descobertas estão em exibição no Museu do Naufrágio em Hastings, East Sussex, Reino Unido.

Réplica de navio
A réplica do navio foi construída entre 1985 e 1990 por 300 voluntários no Piet Heinkade de Amsterdã, usando ferramentas modernas e ferramentas do período e madeira Iroko.


Vista na maré baixa do que sobrou do Amsterdam
na lama da baía de Bulverhythe (Canal da Mancha), Inglaterra

 

No Brasil

Nas águas do Brasil ocorreram combates navais durante o período de colonização, principalmente entre portugueses e holandeses. Assim, alguns galeões e naus acabaram afundando por aqui, como o Sacramento, São Paulo, Hollandia e Utrech. O Amsterdam se assemelha na estrutura de construção de vários desses navios.
No SINAU (Sistema de Informação de Naufrágios), estão registradas em águas brasileira 21 embarcações holandesas naufragadas entre os anos 1600 e 1800.

 


VISITAÇÃO
Nederlands Historisch Scheepvaartsmuseum
Endereço: Kattenburgerplein 1, 1018 KK Amsterdam, Holanda
Horário: abre seg às 09:00
Telefone: +31 20 523 2222
Em junho 2019 - € 16,00 Adultos, 8,00 crianças (até 17 anos)


 


 
Consulte nosso guia de estruturas de vapores e conheça mais sobre sua construção e características, caso deseje identificar as peças pelo visual utilize o esquema na página de Navios à vapor.
 


Navios a Vapor