Sumário
Pesquisa e texto: Maurício Carvalho
Histórico
Durante muitos anos, devido a sua clássica configuração, foi chamado de Reboque, por não se conhecer sua identidade, mas não haver dúvida do tipo de embarcação que estava no fundo. A história contada sobre este navio era de que teria sido torpedeado durante a Segunda Guerra, porém, os destroços não mostravam marcas de ter sofrido o impacto de torpedos. Existiam registros para o naufrágio em 1908, que também se mostravam inconclusivos.

Em 1999 mergulhadores de Recife entre eles Joel Calado do Projeto Mar, localizaram uma placa da caldeira com a gravação dos fabricante. A partir deste nome, pode ser feita uma pesquisa que permitiu a identificação positiva do naufrágio.
A placa encontrada que permitiu a identificação do navio
A proa permanece imponente, apoiada sobre o fundo
Naufrágio
Segundo o Jornal Diário de Pernambuco, 30.06.1917. “O rebocador Florida foi construído em 1908 para a empresa Wilson Sons & Co. de Londres.
Ele trabalhava no porto de Buenos Aires quando foi comprado pelo governo Inglês, devido a necessidade de navios gerada pela Primeira Guerra Mundial.


Rebocador semelhante ao Florida. Não há um corredor ao lado do casario, o que pode ser comprovado pelo vaso sanitário junto ao bordo
Partiu de Recife no dia 28 com destino a Fernando de Noronha, São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde e como destino final a Liverpool, onde seria convertido em om caça minas. A cerca de cinco milhas de Olinda uma forte tempestade com mar grosso e ondas altas pegou o rebocador, que segundo testemunhas já parira de Recife adernado.
Uma forte onda atingiu a embarcação, que já muito pesada, adernou e afundou rapidamente. O comandante controlou calmamente a situação até o final, os tripulantes jogaram-se ao mar conseguindo alcançar uma das baleeiras, que no dia seguinte atingiu as praias de Olinda.
Dos 11 tripulantes apenas 5 sobreviveram, rebocadores foram enviados ao local mas não encontraram mais sobreviventes, o capitão Oswald Hilkirt também perdeu sua vida.
Dados básicos
Dados de localização
Dados técnicos
Posição do Florida em relação ao porto de Recife
Outros naufrágios: Areeiro (Marguaritte), Aussteiger, Batelão do Norte, Bellatrix, Lupus, Mercurius, Minuano, Phoenix, Pirapama,
São José, Saveiros, Servemar, Servemar X, Taurus e Virgo, Vapor de Baixo, Vapor dos 48 (Jaguaribe) e Walsa, (mapa – Google Earth)
Descrição
O Reboque encontra-se pousado corretamente no fundo. Sua linha geral mantém ainda uma integridade até o nível mais elevado do casco. Na popa do navio pode ser encontrado o hélice de quatro pás e o leme caiu ao lado de hélice em 2024. Ao nível do convés existe parte da estrutura do comando do leme.


A cerca de 5 metros das máquinas está a caldeira; seu diâmetro ocupa toda a boca da embarcação.
O banheiro do Reboque ainda pode ser observado no nível do convés, junto ao costado
A frente da caldeira, o casco está pouco conservado com passagens entre o cavername.
A dois metros à frente da caldeira, junto à borda de bombordo pode ser visto o que sobrou de um banheiro, com os restos das paredes, o vaso sanitário e até sua tubulação. No castelo de proa ainda existe o guincho em sua posição normal. Ao longo dos bordos estão os cabeços de amarração. No meio da popa, pousado sobre a quilha está um hélice reserva.



Vista da proa Visão da proa com a caldeira em destaque Visão da popa, com hélice reserva visível

Em janeiro de 2009 verificou-se que a âncora, tipo almirantado, que existia junto ao rombo da lateral de bombordo foi removida do local e desapareceu. Não é certo que a âncora pertencia originalmente ao Florida, porém, ela já se encontrava no local, pelo menos desde 1993, quando nossos primeiros registros gráficos do naufrágio foram feitos. A âncora não poderia ter sido retirada acidentalmente, o que indica o furto com consequente perda do patrimônio subaquático.

O guincho de proa se destaca sobre o convés
Máquina a vapor de dupla expansão caiu em 2024

Parte da grande caldeira no centro dos destroços
O hélice e leme permaneciam em suas posições até 2024 quando o leme caiu a bombordo
SINAU
Para mais informações, acesse o Sistema de Informações de Naufrágios - SINAU
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